N.º 035, Kieslev 5691 (Nov-Dez 1930) > P05
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Ha-Lapid הלפיד


N.º 035, Kieslev 5691 (Nov-Dez 1930)







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direcção de Eleazar, filho de Simon. Pediu a demls-
ção do governo, que não gosava da confiança do po-
vo para a continuação da guerra contra os romanos.
Os zeladores insistiam para que o grande-sacer-
dote não fosseo chefe do governo e que se limitasse
a exercer as suas funções no Templo; por outras pa-
lavras, eles pediam a separação da Igreja e do estado.
O governo, diziam eles, devia ser confiado a um se-
nado, a um Sanhedrin de 70 homens, eleitos pelo
povo.
Os zeladores, não tendo força para derrubar o
governo, formaram um partldo da oposição. Este es-
tado de coisas continuou até ao verão do ano 68,
quando refugiados chegaram da Galilela com a noti-
cia da derrota do exercito judaico, devida a traição
dum representante do governo, de Joseph, que go-
sava liberdade no acampamento de Vespasiano.
Os zeladores, que tinham afirmado que se não
podia confiar no governo a direcção da guerra, acha-
ram nisto uma ocasião para apelar para o povo.
Alem disto, um refugiado, Joäo de Giscalab, que
era um guerreiro famoso e que tinha combatido Jo-
seph na Galileia, tinha sido admitido no conselho do
Governo a sua chegada a Jerusalem. Depois da pri-
meira sessao, ele avisou os zeladores que o governo
tinha reaolvido entregar Jerusalem aos romanos. Uma
grande excitação se manifestou nas massas; descon-
fiado das proprias forças, estes elementos resolveram
pedir auxilio aos Idumeus, e, com a sua ajuda, der-
rubaram o governo. Ananiah, o presidente, assim co-
mo os seus colegas, foram mortos pelos revolucioná-
rios.
Um novo governo, composto de 70 homens elei-
tos pelo povo, fol instaurado, como o diz Joseph-
"Eles reuniram por proclamação publica 70 dos prin-
cipais do povos (Guerra dos judeus, IV, V, 3). A fim
de separar a Igreja do Estado e de iliminar a influen-
cia dos padres, resolveram que qualquer padre de-
signado pela sorte podia desempenhar o oficio de
grande sacerdote.
Peusavam assim destruir a grande influencia
exercida sobre os judeus pelo grande sacerdote, e, ao
mesmo tempo, a religiao em geral. Profanaram o
Templo; Joseph acusa-os disso. Acusa-os tambem de
terem abolido o antigo sistema judiciario e de ter ins-
tituido, em seu logar um novo Tribunal-o Tribunal
Revolucionario-sustentando que todo o cidadão po-
dia ser juiz, sem preparaçäo, nem autoridade especial
"... os zeladores instituiram julgamentos e tribunais
irrisorios... desempenhando, como num jogo, o pa-
pel de juizes, sem terem autoridade para isso" (Guer-
ra dos judeus, IV, V, 4).
O novo governo, formado pelos zeladores, esta-
beleceu um regimen de terror contra todos os que
simpatlsavam com o antigo governo ou que comuni-
cavam com os emigrados. Foi verdadeiramente o rei-
nado do terror. Esforçavam-se particularmente de
destruir a nobresa, como diz Joseph: "eles tinham
sede sobretudo de sangue dos bravos e dos nobres,
massacrando estes ultimos por inveja..." (Guerra
dos judeus IV, VI, 1).
Joseph declara que o relato de João é mentiroso.
Parece-me que se pode por em duvida a palavra de
conhecendo o grande patriotismo de João e a sua de-
fesa heroica da Galileia contra os romanos. Joseph o
seu patriotiamo deve tê-lo incitado a dizer a verdade.
O proprio Joseph-admite que se Ananiah, chefe
do governo, ttvesse vencldo, chegaria a um acordo
com os romanos. "Ele compreendia perfeitamente que
os romanos não podiam ser vencidos." (Guerra dos
judeus IV, V, 13).
A psicologia do governo compreende-se facil-
mente. Depois do desastre de Galileia, tinha-se per-
dido toda a esperança de bater os romanos e, te-
mendo a difusão das ideias extremistas na Judeia, o
governo estava pronto a sacrificar algumas liberdades
e a entender-se com os romanos. Julgava poder as-
sim desembaraçar-se dos revolucionarios. Os zelado-
res qualificavam de traição o acto do grande-sacer-
dote.
Joao de Glscalah, que tinha derrubado o antigo
governo, partilhava a vista dos zeladores relativamen-
te á luta contra Roma, mas não a sua maneira d'en-
carar o organisação interior, nem particularmente os
seus meios de conduzir a guerra.
Nascido para comandar, compreendia que a unica
maneira de ganhar a guerra contra a potencia militar
de Roma era confiar o poder a um só homem, a um
ditador. Os zeladores temiam toda a ditadura, por um
lado e por outro receavam muito que João quizesse
estabelecer uma monarquia. (Guerra dos judeus, IV
VII,1).
Foi o começo duma guerra civil entre os dois
partidos: os zeladores sob o comando de Eleazar, fi-
lho de Simon e os partidarios de João.
Eleazar, impotente para destruir as forças de
João, pediu auxilio aos sicarios, conhecidos pela sua
oposição a toda a soberanis. Com a chegada dos sica-
rios, sob o comando de Simon. filho de Giscalah, a
guerra civil tornou-se ainda mais furiosa. Os sicarios,
inimigos de João, tambem não estavam satisfeitos
com os zeladores, que não eram bastante radicais. As-
sim se travou a grande guerra civil de Jerusalem,
que conduziu a destruição da cidade e ao incendio do
Templo

Com a conquista de Jerusalem pelos romanos, a
seita da Quarta Filosofia foi destruida e ela nunca
mais reapareceu entre os judeus. Os fariseus que for-
mavam o grosso da nação, retiraram-se para Jamniah
e colocaram o Judaismo em bases solidas, e fizeram
dele o organismo vivo que persistiu até aos nossos
dias.
Os revolucionarios politicos não renunciaram de
nenhum modo as suas esperanças. As brazas ainda
quentes inflamaram-se numa nova conflagração sob
o reinado do Imperador Adriano; ela levou os judeus
a uma maior ruina ainda.
Os apocalipticos que não tinham tido aderentes
antes da Revolução, dividiram-se, durante o seculo
que prendeu a destruição do Templo, em varias fac-
ções. A principal foi a dos cristãos, que julgavam ter
vindo o Messias na pessoa de Jesus de Nazareth, cru-
cificado sob Poncio Pilatos para reaparecer um dia
em toda a sua gloria e julgar o mundo.
Os cristãos dividiam-se em cristãos judeus e cris-
tãos gentios. Estes ultimos eram internacionalistas,
que admitiam que aquele que acreditasse em Jesus
seria salvo. Os cristãos, que partilhavam, respeitante
a egualdade dos homens, os principios dos sectarios
da Quarta Fllosofia, distinguiam-se de estes pelos me-
todos que empregevam para chegarem aos seus fins.
Durante a Revolução, enquanto o espirito nacional
judaico atingia a sua maior intensidade, estes cris-
tãos pacifistas pregavam a não-resistencia e refugia-
ram-se em Pelah para salvarem as vidas.
Depois da conquista de Jerusalem pelos Romanos
e o incendio do Templo os judeus ficaram impotentes
sab a tirania dos seus opressores pagãos.


 
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