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Ha-Lapid הלפיד


N.º 035, Kieslev 5691 (Nov-Dez 1930)







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 8           HA-LAPID
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         Graciosa Homenagem

No dia 18 de Dezembro para comemo-
rar o aniversario natalicio do Sr. Capitão
Barros Basto, os Talmidim (seminaristas)
da Yeshibah Rosh Pínah (Instituto Teolo-
gico Israelita do Porto) resolveram organi-
sar uma festa de homenagem ao seu Di-
rector.
Ea noite desse dia os Talmidim foram
a casa do nosso Director sauda-lo entoando
cantos hebraicos e convidaram-no a ir à
Yeshibah. Na sala principal do instituto,
que se achava engalanada com colchas de
damasco e bandeiras sionista, portuguesa,
francesa, inglêsa e norte-americana reali-
sou-se o sarau com o seguinte programa:
Ha-Tikvah (Hino Nacional Judaico),
cantado em hebraico pelos Talmidim e
acompanhado a orgão por M lle Broustein.
Terminado o hino que foi ouvido de
pé pela assistência, o Talmid Levi Rafael
Henriques, de Belmonte subiu á tribuna e
dirigindo-se ao Sr. Capitão Barros Basto,
proferiu as palavras seguintes, plenas de
emoção:
              "Ex.mo Snr. Capitão:

Não podem os judeus portugueses es-
quecer que V. Ex.a quem atravez de todas
as dificuldades e de todos os sacrifícios su-
portando tantos dissabores e tantas malque-
renças nos ligou de novo, e nos mostrou
que publicamente podemos patenter a nos-
sa fé. Foi V. Ex.a que nos procurou aqui,
e ali despersos, cheios de medo, ainda de
que voltassem êsses tristes tempos em que
os nossos avós foram perseguidos e tortu-
rados, para nos dar a boa nova de que em
o nosso Portugal outra aurora raiava, e ao
calôr dela nós podíamos aquecer, sem re-
ceio. Foi V. Ex.a pelo seu esfôrço, e pelo
seu acrisolado amôr ao povo sacrificado,
pela sua crença em Adonai, ao nosso bom
Deus, ergueu estes muros, onde temos a
Arca Santa, onde veneramos a Santa Lei
de Deus. Em nome pois dos meus compa-
nheiros, destes a quem V. Ex.a tributa des-
velado afecto e ministra a instrução que
nos fará amanhã continuadores da obra dos
nossos antepassados, pregadores intemera-
tos da Lei de Moisés, em nome destes seus
filhos adoptivos, venho pedir a V. Ex.a que
nos aceite esta pequenina festa como pe-
nhor da nossa profunda gratidão. E' pe-
quenina, é modesta mas foi o nosso cora-
ção que a fez, e por isso é cheia de since-
ridade, e de amor.

                   Ex.mo Snr. Capitão:

Que V. Ex.a assista por muitos anos a
festas como a que hoje lhe dedicamos, e
que todos os judeus portugueses lhe agra-
deçam como nós o bem que lhes tem feito,
é o que pedimos ao bom Deus de Israel."
Terminada esta saudação com uma sal-
va de palmas, o Talmid Yomtob Rodrigues
recitou em hebraico Azor-I akhaberekha
(do Talmud) e o Talmid Judah Benjamim
Branco recitou a sua tradução em lingua
portuguesa.
Egoismo infantil, poesia dita por Elieser
de Sousa Chicha, de Penamacor; Amel e
Penor, por Tobiah Diogo, de Belmonte;
Sofrimenios, por Joseph Lopes; Boas-noi-
tes, por Johanan Santos; A casa do cora-
ção, por João Lopes, de Bragança. Todos
foram muito aplaudidos.
Então foi cantada Ha-Tikivah em portu-
guês pelos Talmidim.
Findo este canto o veneravel Rabbi
Barud Ben-Jacob subiu á Tribuna e produ-
ziu um belo darush em lingua sephardy
(Judeo-iberica) associando-se á festa sali-
entando o esforço do homenageado que
comparou a Judah Macabeu.
Então o capitao Barros Basto proferiu
palavras de agradecimento e incitou os
presentes a que sempre celebrassem com
brilho a festa de Hanukah, que tratando-se
duma restauração deve ser para os maranos
a festa predileta pois tambem pelas suas
vontades se restaura em Portugal o culto
da Suprema Unidade. Em seguida o home-
negeado abraçou os Talmidim enquanto a
assistencia o cobria de aplausos.
Terminou a festa com um chá elegante
servido na sala da aula pelas gentis damas
da Comunidade bem como um Porto
d'honra onde se trocaram amaveis brindes.
Foram recebidos numeros telegramas
de felicitações enviados por judeus mara-
nos de Bragança, Porto, Covilha, Belmonte,
e Penamacor e Coimbra.


 
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