4 HA-LAPID ============================================= lhante conferencia, dizendo que a filoso- fia de Spinosa estabelece metafisicamente que não é pela bitola das paixões que alcançamos a beatitude, mas, pelo con- trário, porque conquistamos a beatitude, porque consideramos todas ao coisas "sub specie acternitatis", que triunfamos das paixões". Este distinto professor da Universida- de Coimbra publicava a pouco um nota- vel trabalho, onde explana e documenta o assunto da sua conferência, traba- lho este que intitulou "Sobre o lugar de origem dos antepassados dos Baruch de Espinosa". ----------------------- A Rrevolução contra a Roma Imperial nos anos 65 a 70 da Era vulgar Continuação do n.° 34 Na primavera do ano 65, a Revolução, dirigida contra os Romanos, rebentou em Jerusalem com toda a sua gravidade. Os chefes do movimento eram jovens sacerdotes e levitas; pertenciam pois á classe superior. Um dos prínclpals era Eleazar, fllho do grande sacerdote Ananlah. Os revolucionarios dominaram a guarnição ro- mana e Florus, procurador da Judiía, foi obrigado a deixar a cidade. Agripa, o rei judeu, tentou entender- se com os revolucionários para submeter os romanos, mas não conseguiu. Decidiu-se entao a apoderar-se do Templo pelas armas, esperando desta forma es- magar a revolução. Depois de varias batalhas entre o exercito do rei e os revolucionarios, estes ultimos ajudados pelos si- carios, foram vencedores e Agrípa teve que evacuar a cidade. O chefe dos sicarios era Menahen, filho de Judah da Galileia, fundador da seita. Ele tinha ajudado mui- to os revolucionarios a lutarem contra Agripa, mas não lhe bastava ter simplesmente sacudido o jugo dos romanos. Os sicarios queriam agora fazer uma revo- lução economica e social conforme as suas ideias. Os sicarios mataram o grande-sacerdote Ananiah (pai de Eleazar, chefe do partido revolucionario), que eles julgavam tão perigoso como o governo romano. Queimaram os palaclos reais e os edlficíos onde se guardavam os registos dos prestamistas de dinheiro, a fim da impedirem a cobrança das dividas. Joseph diz que os sicarios destruíram os palacíos com o fim de crearem uma legiao de devedores reconhecidos e de levantaram os pobres contra os ricos. Parece mais vorosímil que eles não só queriam agradar as massas mas tambem liberta-las do jugo dos ricos, isto é, crear a egualdade entre os homens, fim da seita da Quarta Filosofia. Eleasar e os seus companheiros, que tinham preparado a revolução, não estavam dispostos a da xar os seus rivais colherem os produtos dela. Eleazar allou-se com os elementos conservadores a fim de combater os radicais, isto é, os sicarios. Numa bata- lha em que vieram ás mãos os partidarios de Eleazar e os sicarios, Menahem foi morto assim como muitos dos seus. O resto teve que fugir da cidade e refugiar- se na fortaleza de Massadah sob o comando de Eleazar, filho de Yair, parente de Menahem. Assim a revolução radical não teve sucesso e afundou-se logo no seu início. Aparentemente o povo não estava ainda gasto pela guerra cívll e não estava disposto a gran- des mudanças. Desta forma foi facil ao governo pro- visorio da Judeia, dirigido por Eleazar, filho da Ana- niah, esmagar a revolução no berço. Mas, mais tarde, quando a guerra civil tomou o seu pleno desenvolvi- mento, o poder dos sicarios aumentou. E' interessante notar que, na revolta dos elementos moderados con- tra o exercito de Agripa, eles foram ajudados pelos radicais, enquanto que mais tarde, durante a repres- são do levantamento radical, os conservadores junta- ram as suas forças ás dos revolucionarios moderados. Joseph acusa Menahem de ter sido um assassino ávido de ditadura. Mas como Joseph denuncia indis- tintamente todos os chefes comprometidos na guerra contra os romanos, nós podemos supor que Menahem não era movido pela ambíçao egoísta de dominar os seus concidadãos e tambem que não era um assa- sino. Era antes um demagogo, um condutor de mul- tidões, que procurava impor as suas vistas a todas as classes. Para ele o fim era tudo, não lhe importando os meios. Fosse o que fosse, no espirito popular, Me- nahem ficou como um patriota ideal. Isto explica tal- vez a crença que se encontra no Talmud, que o Mes- sias se chamaria Menahem e seu pai Hezekiah. Os herodianos e os conservadores qua tinham combatido ao lado de Eleazar a fim de esmagar o le- vantamento radical, receavam que a revolução se es- tendesse a todo o país. Porisso mandaram uma men- sagem a Cestius, governador da Síria, pedindo-lhe para vir á testa dum exercito, pôr fim á rebelião. Eles preferiam sacrificar a sua liberdade e submete- rem-se aos romanos do que permitirem que os radi- cais alcançassem o poder e destruissem o país. A expedição de Cestius, no outono de 65 termi- nou por um desastre. Esta vitoria judaica sobre os ro- manos derrubava a dominação romana assim como a dos herodianos. Um novo governo foi estabelecido. A' sua testa estava o grande-sacerdote Anan, na qua- lidade de presidente; Simon, filho de Gamaliel, fari- seu, tornou-se vice-presidente. Alguns nobres a mem- bros da familla real, que nao se julgavam em segu- rança em Jerusalem, fugiram e juntaram-se ao exer- cito romano. Foram os primeiros emigrantes. Este governo, preparando a guerra contra os romanos, concedeu todos os postos importantes aos elementos conservadores. A poovincia da Galileia, a mais importante para a protecção de Jerusalem do lado do norte, foi con- fiada a Joseph. Os chefes da revolução, que tinham mostrado a sua actividade na luta contra Cestius, fo- ram deixados de lado. Eleazar, filho de Simon, e até Eleazar, filho de Ananiah, que tinham verdadeiramente sido a alma da revolução no seu começo, receberam postos sem importancia. Este elemento democratico, pouco satis- feito com a politica do governo, a quem acusava de conduzir sem convicção a guerra contra os romanos, organisou um novo partido, o dos zeladores, sob a
N.º 035, Kieslev 5691 (Nov-Dez 1930)
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