N.º 039, Sivan 5691 (Mai-Jun 1931) > P02
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página

Ha-Lapid הלפיד


N.º 039, Sivan 5691 (Mai-Jun 1931)







fechar




 2               HA-LAPID
=====================================================

              ISRAEL VINGADO

               CAPITULO 1

Onde se mostra a diferença que ha
entre os livros da Lei e os Escritos
profeticos.

Varios israelitas julgam que para estar mais fir-
mas na Religião devem compreender as passagens das
Profecias de que os cristãos se servem para provar a
verdade da sua doutrina e para destruir a dos ju-
deus.

Façamos-lhe ver antes de explicar o 53. Capitu-
lo de Isaias que é a base fundamental do cristianismo;
façamos-lhes ver, digo eu, que o conhecimento do
verdadeiro Deus, a verdade da lei divina e a eterni-
dade da sua duração não dependem em nenhuma
maneira das revelações Profeticas, e que quando não
tivesse havido nunca disso, o Pentateuco teria sufi-
cientemente instruído o povo de israel da Divindade
do seu Creador, tanto quanto o espirito humano o po-
de compreender; este livro o teria suficientemente
instruído pela bondade que Deus tinha tido de o re-
velar ao seu servidor Moisés, para que o ensinasse ao
seu povo escolhido. Este ministro da palavra de Deus
desempenhou-se com uma perfeita exatidão desta glo-
riosa comissão e todo o povo nada ignorou do que
precisava saber para conhecer a unidade de Deus,
para adorar este ser infinito, independente, eterno,
infalível, omnipotente e creador de tudo o que ha de
visivel e de invisivel. Esta Lei tão santa e' tambem
perfeita como a origem de onde saiu; esta vontade de
Deus tão claramente anunciada no Pentateuco, os
mandamentos tão absolutos como irrevogaveis pro-
nunciados com tanta energia e bondade sobre a mon-
tanha do Sinai e reiteradas sem a menor alteração
sobre a de Horeb, são as regras que Israel deve seguir
perpetuamente entre todas as nações do universo para
merecer os efeitos das promessas deste divino legis-
lador.

Tudo o que os profetas nos revelaram depois,
não e' senão para nos confirmar na observação des-
tas santas leis, para advertir os que poderiam afas-
tar-se dela, da punição dum tão grande crime, e por
outros fins egualmente convenientes para a gloria de
Deus.

Ninguem ousaría presumir que os profetas nada
tinham dito para dar ao povo de Israel um conheci-
mento do verdadeiro Deus: nada se encontre nos
seus escritos que nos faça ver que eles duvidavam da
eternidade da sua lei, nem que eles acreditassem que
ela fosse sugeita a alguma mudança, a algum au-
mento ou diminuição.

A' omnipotencia do senhor produziu, no momen-
to que actou e sem experimentar, obras absolutamen-
te perfeitas. Ai daquele que não tem sobre isto esta
opinião; com efeito não se poderia acreditar, sem cri-
me que Deus tenha deixado no mundo durante tantos
seculos uma lei que Ele queria mudar ou corrigir em
seguida. 0 que é que Ele ordenou dando-a a nossos
pais? Segui-la pura sempre com a mesma puresa que
o seu servidor Moisés lhes prescrevia: Ele proibiu aos
seus filhos que acredítassem em deuses que os seus

pais não tinham conhecido. Só esta qualidade e' sufi-
ciente para afastar todo o verdadeiro fiel do seu culto
o povo escolhido não saberia se desdenhar no conhe-
cimento do verdadeiro Deus.

Basta que ele adore aquele que os seus pais co-
nheceram, é a unica ordem que ele devia seguir.
Porque querer persudadir os filhos de Israel que é
por um misterio incompreensível que três deuses não
são mais por um, que a divindade, que os cristãos
adoram é una num sentido e multiplo noutro; que,
ainda que seja uma só e mesma essencia, três pes-
soas etc. Alem de que a razão repugna a esta Unidade
e a esta pluralidade de substancia numa só pessoa, os
filhos de israel estão invencivelmente ligados a este
irrevogavel mandamento de Deus que lhe proibe co-
nhecerem outros alem daquele que seus pais conhe-
ceram. E' bom dizer-lhes que a sua potencia infinita
revelou esta doutrina e esta pluralidade sob nuvens
obscuras, eles não devem conhecer a divindade do
seu creador senão pela claridade luminosa da monta-
nha do Sinai ou Ele os quiz instruir na sua lei e na
maneira como a devem seguir.

E' em vão que os cristãos pretendem encontrar
nas profecias obscuridades que eles esclarecem a seu
modo para destruir a unidade de Deus e a observan-
cia da sua lei; uma e outra não dependem de forma
alguma do que os profetas predisseram: os filhos de
Israel tinham a felicidade de conhecer o verdadeiro
Deus varios seculos antes de ter profetas. Ele tinha
ordenado por um efeito da sua bondade infinita ao
seu povo o culto que ele devia prestar á sua omnipo-
tencia, e este culto era muito independente do tudo o
que os profetas podiam anunciar-lhe. Eles sabiam que
se alguns lhes pregassem uma doutrina que não fosse
inteiramente conforme a que os seus pais tinham
aprendido, eram falsos profetas. Eles os teriam casti-
gado segundo os rigores da lei; mas não ha nada nos
seus escritos que não confirme esta obdiencia, esta
veneração e esta inalteravel observação do que Moi-
sés lhes tinha prescrito por ordem do Senhor,

intenções perversas sustentadas por artificios
horrendos podem só determinar a fazer suposições
contrárias a uma verdade tão evidente, e é declarar-se
abertamente o factor dos erros mais grosseiros, agar-
rando-se assim a uma palavra vaga, a uma sílaba
para provar uma opinião que repugna ao bom senso
e á razão, como são estes disputadores de profissão
que pretendem anular um acto autentico, tomando
dum periodo. Uma palavra que convem ao seu desi-
gnio, mas que não tem relação, nem ligação com o
que precede ou segue este periodo, E' verdade que
depois de terem dado muitos movimentos inuteis,
nem por isso perdem menos a sua causa e estao in-
teiramente convencidos da pouca solidez da sua pre-
terição, excepto talvez aos olhos de alguns ignorantes
que se deixam demasiado facilmente deslumbrar por
falsos raciocinios para que o seu juizo favoravel no
contrario possa ser contado para alguma coisa.

Deus inspirou, em diversos tempos, a homens
piedosos um espirito profetico, não para alterar algu-
ma coisa na lei que deu sobre a montanha do Sinai,
mas para exhortar os filhos de Israel a segui-la exa-
ctamente, para os impedir de se deixar seduzir por
discursos enganadores, por promessas aparentes e pa-
ra tornar firmes os que poderiam titubiar. Todos os
profecias conteem só exhortações para bem fazer e
são plenas só de conselhos para abandonar o vicio e
a libertinagem; elas anunciam dum lado todos os


 
Ha-Lapid_ano05-n039_02-Sivan_5691_Mai-Jun_1931.png [187 KB]
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página