2 HA-LAPID ===================================================== ISRAEL VINGADO CAPITULO 1 Onde se mostra a diferença que ha entre os livros da Lei e os Escritos profeticos. Varios israelitas julgam que para estar mais fir- mas na Religião devem compreender as passagens das Profecias de que os cristãos se servem para provar a verdade da sua doutrina e para destruir a dos ju- deus. Façamos-lhe ver antes de explicar o 53. Capitu- lo de Isaias que é a base fundamental do cristianismo; façamos-lhes ver, digo eu, que o conhecimento do verdadeiro Deus, a verdade da lei divina e a eterni- dade da sua duração não dependem em nenhuma maneira das revelações Profeticas, e que quando não tivesse havido nunca disso, o Pentateuco teria sufi- cientemente instruído o povo de israel da Divindade do seu Creador, tanto quanto o espirito humano o po- de compreender; este livro o teria suficientemente instruído pela bondade que Deus tinha tido de o re- velar ao seu servidor Moisés, para que o ensinasse ao seu povo escolhido. Este ministro da palavra de Deus desempenhou-se com uma perfeita exatidão desta glo- riosa comissão e todo o povo nada ignorou do que precisava saber para conhecer a unidade de Deus, para adorar este ser infinito, independente, eterno, infalível, omnipotente e creador de tudo o que ha de visivel e de invisivel. Esta Lei tão santa e' tambem perfeita como a origem de onde saiu; esta vontade de Deus tão claramente anunciada no Pentateuco, os mandamentos tão absolutos como irrevogaveis pro- nunciados com tanta energia e bondade sobre a mon- tanha do Sinai e reiteradas sem a menor alteração sobre a de Horeb, são as regras que Israel deve seguir perpetuamente entre todas as nações do universo para merecer os efeitos das promessas deste divino legis- lador. Tudo o que os profetas nos revelaram depois, não e' senão para nos confirmar na observação des- tas santas leis, para advertir os que poderiam afas- tar-se dela, da punição dum tão grande crime, e por outros fins egualmente convenientes para a gloria de Deus. Ninguem ousaría presumir que os profetas nada tinham dito para dar ao povo de Israel um conheci- mento do verdadeiro Deus: nada se encontre nos seus escritos que nos faça ver que eles duvidavam da eternidade da sua lei, nem que eles acreditassem que ela fosse sugeita a alguma mudança, a algum au- mento ou diminuição. A' omnipotencia do senhor produziu, no momen- to que actou e sem experimentar, obras absolutamen- te perfeitas. Ai daquele que não tem sobre isto esta opinião; com efeito não se poderia acreditar, sem cri- me que Deus tenha deixado no mundo durante tantos seculos uma lei que Ele queria mudar ou corrigir em seguida. 0 que é que Ele ordenou dando-a a nossos pais? Segui-la pura sempre com a mesma puresa que o seu servidor Moisés lhes prescrevia: Ele proibiu aos seus filhos que acredítassem em deuses que os seus pais não tinham conhecido. Só esta qualidade e' sufi- ciente para afastar todo o verdadeiro fiel do seu culto o povo escolhido não saberia se desdenhar no conhe- cimento do verdadeiro Deus. Basta que ele adore aquele que os seus pais co- nheceram, é a unica ordem que ele devia seguir. Porque querer persudadir os filhos de Israel que é por um misterio incompreensível que três deuses não são mais por um, que a divindade, que os cristãos adoram é una num sentido e multiplo noutro; que, ainda que seja uma só e mesma essencia, três pes- soas etc. Alem de que a razão repugna a esta Unidade e a esta pluralidade de substancia numa só pessoa, os filhos de israel estão invencivelmente ligados a este irrevogavel mandamento de Deus que lhe proibe co- nhecerem outros alem daquele que seus pais conhe- ceram. E' bom dizer-lhes que a sua potencia infinita revelou esta doutrina e esta pluralidade sob nuvens obscuras, eles não devem conhecer a divindade do seu creador senão pela claridade luminosa da monta- nha do Sinai ou Ele os quiz instruir na sua lei e na maneira como a devem seguir. E' em vão que os cristãos pretendem encontrar nas profecias obscuridades que eles esclarecem a seu modo para destruir a unidade de Deus e a observan- cia da sua lei; uma e outra não dependem de forma alguma do que os profetas predisseram: os filhos de Israel tinham a felicidade de conhecer o verdadeiro Deus varios seculos antes de ter profetas. Ele tinha ordenado por um efeito da sua bondade infinita ao seu povo o culto que ele devia prestar á sua omnipo- tencia, e este culto era muito independente do tudo o que os profetas podiam anunciar-lhe. Eles sabiam que se alguns lhes pregassem uma doutrina que não fosse inteiramente conforme a que os seus pais tinham aprendido, eram falsos profetas. Eles os teriam casti- gado segundo os rigores da lei; mas não ha nada nos seus escritos que não confirme esta obdiencia, esta veneração e esta inalteravel observação do que Moi- sés lhes tinha prescrito por ordem do Senhor, intenções perversas sustentadas por artificios horrendos podem só determinar a fazer suposições contrárias a uma verdade tão evidente, e é declarar-se abertamente o factor dos erros mais grosseiros, agar- rando-se assim a uma palavra vaga, a uma sílaba para provar uma opinião que repugna ao bom senso e á razão, como são estes disputadores de profissão que pretendem anular um acto autentico, tomando dum periodo. Uma palavra que convem ao seu desi- gnio, mas que não tem relação, nem ligação com o que precede ou segue este periodo, E' verdade que depois de terem dado muitos movimentos inuteis, nem por isso perdem menos a sua causa e estao in- teiramente convencidos da pouca solidez da sua pre- terição, excepto talvez aos olhos de alguns ignorantes que se deixam demasiado facilmente deslumbrar por falsos raciocinios para que o seu juizo favoravel no contrario possa ser contado para alguma coisa. Deus inspirou, em diversos tempos, a homens piedosos um espirito profetico, não para alterar algu- ma coisa na lei que deu sobre a montanha do Sinai, mas para exhortar os filhos de Israel a segui-la exa- ctamente, para os impedir de se deixar seduzir por discursos enganadores, por promessas aparentes e pa- ra tornar firmes os que poderiam titubiar. Todos os profecias conteem só exhortações para bem fazer e são plenas só de conselhos para abandonar o vicio e a libertinagem; elas anunciam dum lado todos os
N.º 039, Sivan 5691 (Mai-Jun 1931)
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