4 HA-LAPÍD =========================================== -Oh! Sim! E que soberba viagem, tão cheia de ensinamentos e de surpreendentes descobertas sobre um idealismo judaico. que se julgava uma vã quimera. -A sua primeira impressão? -Por uma noite sem lua, a visão do de- serto que os nossos antepassados levaram 40 anos a sair de lá e que eu atravessei em cinco horas. Neste infinito de areia que as estrelas douravam, um velho rabino cantava salmos. -Tinha estado directamente em Jerusa- lem e tive uma angustia de me sentir numa cidade de atmosfera tão pouco judaica. Gos- taria encontrar um pouco da alma judaica atravez todas as civilisações que ali se cru- zam. Até o Muro das Lamentações com as suas 3 separações não é mais que cenario para cromo, que irradia uma horrivel me- lancolia. -... -D'ali, parti para Tel Aviv, que visitei em companhia do maire Dizengoff, um so- berbo velho que administra uma cidade es- pecificamente judia, tendo uma população de 50.000 almas. Ele mesmo a percorre diariamente a cavalo. Tel Aviv contem so- bretudo obras sociais admiraveis. -E as Colonias? -Perto de Tel Aviv, Mikvé que possue uma escola de agricultura e um jardim bo- tanico extendendo-se até aos confins do deserto, qualquer coisa d'unico no mundo. Vi ali tambem um Museu extraordinario. contendo um córte de todas as terras da Palestina. -Outras de que guarda recordações particulares? -Ain Harod, submetida ao regimen da colectividade absoluta. Ali se encontram creanças duma extrema beleza, porque na Palestina tudo é consagrado ao bem estar da creança, da geração de amanhã. Kfar Yeladim, centro de experiencias, permitindo o desenvolvimento da iniciativa na creança. Estes fizeram construir uma pequena sina- goga, onde eles mesmos oficiam, porque não teem rabino. Vi egualmente Pardess Hanna que possue explendidos laranjais, Benjamina, Richon le Zion, Kiriat Anawim, muitas outras manifestações duma vitalida- de bem reconfortante a constatar. -E nêste quadro bíblico, encontrou um povo novo. -Sim, uma raça sã e viril, extraordina- riamente marcante nas creanças. Ver a feli- cidade destas mulheres que trabalham e pe- nam exactamente como homens é coisa no- tavel. Vi em Talpioth orfãos, magníficos de saude, e a Directora da instituição, é uma mulher duma dedicação sem limites. -A Universidade hebraica? -Conhecendo-a senti uma forte impres~ são, porque ela contém a quintessencia do saber humano e do progresso universal e ela é a origem do que será feito amanhã. De resto, na Palestina, todo o trabalho está organísado scientificamente, veem-se ali es- colas, creches, herdades de aplicação mo- delares. E' um imenso campo de experien- cias, onde as mais recentes descobertas mundiais são utiiisadas e postas em valor no seu nascimento. -O Teatro? ~Frequentei os membros da Habimah e da Ohel-Cin um grupo tambem possuindo uma flama de ideal extraordinariamente forte e a quem anima e inspira o amor e a atmosfera da Bíblia. Mas em Eretz Israel (Terra de Israel) não é tudo, infelizmente, teatro e progresso. Ha angustiantes problemas politicos, cuja solução parece impossivel de encontrar, assim como a questão das relações entre judeus e arabes. -Eu notei pessoalmente a rial fraterni- dade que existe nas herdades entre judeus e Arabes e no fundo estes ultimos estão mais perto dos judeus que de quaisquer ou- tros. Encontrei dirigentes do executivo arabe que não admitem a possibilidade dum Lar Nacional Judaico. Eles nunca o aceita- rão. Em apoio das suas convicções politi- cas, eles expozeram-me uma serie de argu- mentos sobre o pretendida desapossar das suas terras pelos judeus, quando de facto ha na Palestina imensos lotes de terreno ainda não empregados. -Conheceu os nossos leaders? -Sim uma explendida elite. Weismann um grande trabalhador que parece não se contentar com os resultados obtidos. Ussl- chkin, uma vontade de ferro. Tudo o que entrava o elan sionista se quebrará de en- contro á sua indomavel tenacidade. A sua formula resume-o completamente; "com di- nlieiro, terra, homens e ideal, venceremos". -E quanto a si, esta bela viagem con- verteu-vos ao Sionismo?
N.º 039, Sivan 5691 (Mai-Jun 1931)
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