2 HA-LAPID ===================================================== pela sua iniciativa a vinda da era messianica. Assim a liberdade de escolha abre para o humilde barro ani- mado pelo sopro do Altíssimo o acesso aos cimos do conhecimento e da moralidade. Mas este privilegio da liberdade comporta riscos terríveis: o de pecar; de se afastar do caminho divi- no, de decair. Comtudo, exceptuando um endureci- mento na falta que acaba por obscurecer a conscien- cia e encadear a liberdade, e fechar o caminho do ar- rependimento (Teshubah), este regresso é quasi sem- pre possivel, e o Talmud lhe dirá: Para aquele que se quer purificar, a ajuda lhe vem do Altissimo. A doutrina judaica afirma claramente esta possi- bilidade de anular, pelo arrependimento, pela dôr, pela expiação, as consequencias do pecado, a degra- dação que produz na alma do culpado. Ha aqui, sob diversos aspectos, uma doutrina de perdão divino, da purificação divina concedida direc- tamente e completamente ao esforço corajoso de ar- rependimento sincero da parte do pecador. Ouçamos agora o que nos diz Moisés, nosso Mestre: -Adonai viu que os malvados dos homens se multiplicavam sobre a terra, e que o produto dos pensamentos do seu coração era unicamente, constan- mente mau; (Genesis VI,7). E Adonai disse:-Apagarei o homem-que creei- de cima da face da terra (Genesis VI,7). Mas Noah encontrou graça aos olhos de Adonai. Noah foi um homem justo, irrepreensivel, entre os seus contemporaneo; ele conduzia-se em conformi- dade com Deus. (Genesis VI). Ora a terra estava corrupta perante Deus, e ela tinha-se enchido de iniquidade. Deus considerou que a terra estava corrupta, toda a creatura tinha perver- tido o seu caminho sobre a terra (Genesis VI). E eu, vou trazer sobre a terra o Diluvio-as aguas-para destruir toda a carne animada dum so- pro de vida debaixo dos ceus, tudo o que habita a terra pcrecerá. Eu estabelecerei o meu pacto comtigo; (Genesis VI). Deus abençoou Noah e seus filhos. Deus dirigiu a Noah e a seus filhos estas palavras: "E eu. quero estabelecer a minha aliança comvos- co e com a posturidade que vos seguirá. Eu confirmarei a minha aliança comvosco: nenhu- ma carne. doravante, perecerá pelas aguas do diluvio; nenhum diluvio doravante, desolará a terra. (Gene- sis IX). Deus acrescentou: isto é o sinal da aliança que estabeleço; por uma duração perpetua, entre mim e vós. Coloquei o meu arco na nuvem e ele tomar-se-ha um sinal de aliança entre mim e a terra. Para futuro quando acumular nuvens sobre a terra e que o arco apareça na nuvem, lembrar-me-hei da minha aliança: e as aguas não se tornarão mais um diluvio, aniquilando todas as creaturas. Rabbi Julien Weil, acerca desta aliança, nos diz: -"Uma primeira aliança elementar é a que agru- pa os filhos de Noah. Noah é o justo que escapa á destruição do genero humano. O mundo inorganico pode substituir, mas a vida animada pelo sopro divino, não é possivel senão se ha do lado da creatura um esforço de escolha moral, uma resistencia ao mal, uma vitória sobre a iniquida- de, a barbaria, a violencia, o odio. a sensualidade ce- ga. Israel deve reconhecer por irmão e trata-lo como a si proprio aquele que, nos 70 povos, respeitar o co- digo humano primordial, os preceitos da lei Noahita e não fóra da fraternidade senão aquele que se põe fora desta lei." O Noahismo não tem uma lei escrita, mas tem uma lei oral, cujos preceitos resaltam facilmente do Genesis nas determinações da aliança com Noah e to- da a descendencia (a Humanidade), esses mandamen- tos são os seguintes: 1.°-Não adorar idolos e reconhecer a existencia de Deus Todo-Poderoso. 2.°-Não blasfemar ou afrontar o Nome de Deus. 3.°-Não matar ninguem. 4.°-Não furtar au defraudar. 5.°-Não adulterar. 6.°-Não ser cruel para com os animais. 7.°-Nomear juizes, distribuir justiça e promover a paz. A aliança solene de Deus com Noah e a sua des- cendencia é lembrada por Isaias (LIV,9); é uma alian- ça sancionada pelo juramento divino com o arco- -iris como penhor de perpetuidade. Até nas ultimas páginas dos profetas, Noah é com Daniel e Job um dos três justos citados como exemplo. Todos os gentios (goim) que aceitarem e pratica- rem os mandamentos de Noah serão justos e, segundo o ensinamento dos nossos doutores, os justos de to- das as nações participarão do mundo futuro. o o o Israel Vingado CAPITULO III (Continuação do n. 43) Onde se refutam as explicações dos Comentadores cristãos sobre as Profecias alegadas. Quando a vontade se obstina a refutar a verdade, importa pouco que o intendimento seja disso conven- cido. Todas as razões boas ou más são confundidas; a imaginação cheia dum erro que a educaçao, o habi- to e o interesse estabeleceram, não se ocupa senão deste pensamento, e os raciocinios melhor fundados, e as provas mais demonstrativas não podem causar impressão sobre ela, nem dissipar as nuvens que lhe escondem a verdade. Parece a principio impossivel que a promessa de Deus expressa na lei. anunciada pelos Profetas em termos tão claros e tão evidentes não baste para convencer os cristãos que estao em erro, e que os filhos de Israel que perseveraram com uma constância surpreendente na observação da lei e dos Profetas, seguiram o verdadeiro caminho e mere- cem só o efeito das promessas do Senhor. Mas como a vontade se opõe a esta verdade, o entendimento não saberá agir, êle abandona-se ás impressões que rece- be desta vontade corrompida, e deixa-se arrastar por sofismas mais subtis que solidos para as ideias de que está de principio eivado. Como se pode acreditar que o Messias que os cristãos adoram, tenha cumprido as Profecias e os fa- ça gosar desta miraculosa redenção? Estão todavia tão
N.º 044, Heshvan-Kislev 5692 (Out-Dez 1931)
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