HA-LAPID 3 ================================================= fortemente persuadidos que se não dão ao cuidado de refutar as nessas razões por outras mais convincentes. Contentam-se em sofisma-las e repousam sobre o que fazem os mais fortes e a sua religião a dominante muito felizes ainda que nos permitem seguir a nossa e além disso por uma graça especial, nos permitem algumas vezes mostrar-lhes que é com justiça que nós esperavamos o fim da nossa escravidão, das nossas penas e da nossa miseria. Vários Padres da igreja não podendo convencer-nos, porque não ousam negar a verdade de tantas Profecias, dizem que é verdadeiro que os filhos de Israel deverão gosar de todos os bens que ai vão anunciados, mas que pela sua obsti- nação de não acreditar na vinda do Messias, e pela morte que lhe fizeram sofrer, perderam para sempre a graça do Senhor e são condenados a expiar por castigos um crime tão grande. Não é isto sofismar e não responder às provas convincentes que se lhe faz para por assim dizer tocar com os dedos? A promessa de Deus é absoluta, sem nenhuma clausula ou condi- ção qualquer. Os pecados de Israel são punidos por toda a parte de castigos e por um tão longo cativeiro, que sem a sua confiança na misericordia de Deus e sem a certeza que hade tem absolutamente de entrar de novo no agrado dêle, todo este povo sería já con- fundido entre as nações onde esteve disperso, e teria abraçado a religiao como as meninas. A circumcisão dos corações deve produzir o amor de Deus para comnosco e o temor que nós temos de o ofender afas- tando-nos dos seus divinos mandamentos, inspira esta firmeza e esta constância em os seguir perpetuamen- te. Não é por nós mesmos que o Senhor executará as suas promessas, é para a gloria do seu santo nome; é pois inutil de dizer que se nós tivessemos querido acreditar no Messias que êles adoram nós gosariamos bens anunciados pela sua vinda. Esta condição tão necessária para criar fé teria sido estipulado expres- samente pelos Profetas: era para os filhos de Israel que êles davam estes divinos oraculos; é para êles o Messias deve vir, e êles só não o teem podido nem querido reconhecer porque êle não tinha nenhum dos sinais que devia ter. Estranha obstinação para melhor dizer maravilhoso efeito da Providencia divi- na que conservou israel na pureza dos seus sentimen- tos sem que os oprobios a que tem sido exposto, e todas as calamidades que sofre, tenham podido afas- tá-lo do culto do seu Deus! Não ha um só ponto em todo o Pentateuco onde se fale do Messias, e eu desa- fio o mais sábio de todos os Doutores cristãos de me fazer ver que Deus, para resgatar os filhos de Israel, disse que êles deviam adorar o Messias: era mesmo impossivel, para assim dizer, que o Senhor lhes im- puzesse esta condição, pois que lhes tinha prometido que os encheria eternamente do seu amor e da sua graça, antes de fazer-lhes anunciar pelos Profetas a vinda do Messias, como podiam eles gosar destas grandes vantagens depois de ter cometido um crime tão grande como aquele de the ter feito sofrer a mor- te. Em lugar de "reconhecer e de se humilhar deante dêle a trata-lo com tanta indignidade s desprezo; era querer perder para sempre tantos beneficios e felici- dades que êle veio anunciar-lhes. Mas que aparencia ha que Deus tenha permitido que o sen povo seja manchado por uma tão execran- da malvadez? E se apesar da sua vontade veio a exe- cuta-la, era infalivelmente assegurado da sua ruina total. O Profeta Esequiel afirma bem positivamente o contrário". Eu vos darei, diz êle; "um Coraçao novo; eu vos farei observar os meus preceitos e os meu- mandamentos, e eu vos livrarei de todasas vossas im purezas. Eu lançar-ei sobre vós águas lustrais que vos lavarão de todos os vossos pecados." Como pode ve rificar-se esta purificação que o Profeta nos prediz? Este sincero arrependimento, esta penitencia de Israel e compativel com o suplicio infame ao qual êle con- denou o seu redentor e o seu Messias? Mas muitas Vdzes, como podia êle faze-lo morrer se o Senhor diz expressamente o contrário pela boca do Profeta Jere- mias." "Porque naquele tempo, diz o Senhor, eu vos tirar-ei do pescoço o jugo dos vossos inimigos e eu o quebrarei, partirei as vossas cadeias e os estrangeiros não vos dominarão mais, mas aqueles que existirem então senão o Senhor e David seu Rei que eu lhes suscitarei." Se pois os filhos de Israel devem servir o seu Deus, se devem obedecer ao sen Rei, ao seu Messias filho de David, que razões teriam eles tido de ser in- fieis ao seu Deus? Que obediencia teriam êles mostra- do ao seu Messias fazendo-o morrer? As suas acções são absolutamente contraditórias a esta Profecia pelo menos que se não quere dizer que Deus exigia dêles esta morte abominavel como uma prova indubitavel do seu zelo. Os Doutores cristãos ficarão ainda bem mais em- baraçados em acomodar à sua doutrina a Profecia de Osêas quando êle descreve o cativeiro, a redenção e a obediencia ao Senhor e ao seu Messias, Os filhos de Israel, diz êle, estarão alguns dias sem Rei, sem Se- nhor e sem sacrifício, sem morada estável sem Ephod e sem therafim. Mas depois disto os filhos de Israel voltarão e procurarão o Eterno seu Deus e David seu Rei, e nos ultimos dias êles receberào com um temor respeitosa o Senhor e as suas graças que êle lhes deve fazer. A resposta que se faz a uma objeccão tão clara é curiosa e merece ser referida. Israel, diz-se, em lugar de procurar o seu Deus e o seu Rei, evitou-o, fugiu- lhe, ofendeu um pela rebelião, e o outro por uma acção sacrilega. Se isto é verdade, o Profeta é infeliz- mente enganado. Para verificar uma opinião tão ab- surda e tao fortemente distanciado do bom senso e da verdade, deve dizer: "e em seguida os filhos de Israel fugirão do seu Deus como criminosos de lesa magestade divina e farão morrer David seu Rei." Nao é pelo terror de que fala o Profeta, que êles de- vem receber a graça de Deus nos ultimos dias, mas uma desobediencia, por uma falta de respeito que é completamente oposta ao que o Profeta anuncia. Numa palavra é sómente depois de uma longa e aus- tera penitencia que os filhos de Israel entrarão nova- mente na graça do Senhor, que verá o seu coração inteiramente submetido á sua vontade e que esta re- denção deve cumprir-se. Donde pode racionalmente inferir-se que praticaram o mais tremendo de todos os crimes no momento em que devem gosar da mais perfeita felicidade? A aliança que o Senhor com seus pais contraiu de proteger a posteridade dêles é ain- da um obstaculo á condição que o cristianismo quer pôr á promessa que Deus faz de os restabelecer e de os resgatar. Os Doutores modernos nada podem opôr de segu- ro a verdades tão claras. Eles confessam que tudo o que Deus prometeu aos filhos de Israel na lei e nos Profetas deve cumprir-se no fim do mundo no mo- mento do ultimo julgamento, que êles então converte- rão e renunciarão a esta incredulidade obstinada que
N.º 044, Heshvan-Kislev 5692 (Out-Dez 1931)
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