4 HA-LAPID ==================================================== teem defendido com tanta pertinacia, que abraçarão a religião cristã, que entrarão no seio da Igreia e la- mentarâo amargamente o crime que praticaram fa- zendo morrer o seu redentor e seu salvador e que esta confissão solene está expressa no tregessimo terceiro capitulo de Isaias. Este raciocinio não e' propriamente falando mais que um expediente e um vão subterfurgio para iludir a verdade de que estão convencidos interiormente, porque não ha um sô ponto em todos os Profetas que separa o momento da vinda do Messias do da reden- ção. Um e outro devem chegar no mesmo instante com esta diferença que Deus afirma que êle reunirá primeiramente os filhos de Israel de entre todas as nações, que os conduzirá a herança de seus pais, que os santificará e fará muitos milagres em seu favor e em seguida lhes dará para Rei, para Pastore para Juiz o filho de David. Assim a distancia do tempo marca- do é para nos ensinar que a redenção Será cumprida quando o Messias chegar. O que destroi por comple- to o raciocinio dos Doutores modernos, a não ser que queiram seguir a seita dos milenários que susten- tam que o Messias já veio e posto à morte pelos fi- lhos de Israel voltará ao fim de muitos séculos para subir ao Trono de David e os governar corporalmente. Era inteiramente inutil retirar os filhos de Israel de entre as nações para os tornar cristãos, e reuni-los todos na herança de seus pais, nessa terra santa que lhes era reservada; é apenas entre os povos que abra- çaram o Cristianismo que podem converter-se; que aparência ha que depois de ter sofrido tantos tormen- tos, depois de ter gemido por tanto tempo sob o jugo dum tão duro cativeiro para não se afastar dos man- damentos do seu Deus, depois de ter vivido, digo eu, durante tantos séculos no opróbio das nações, e de- pois de ter exposto a sua vida com uma firmeza in- quebrantavel para servir apenas o Deus que seus pais tinham conhecido, êles o abandonam quando tiverem a liberdade de o adorar, que paguem com a mais ne- gra ingratidâo tantas honras e tantos beneficios com que êle os locupleta, que êles lancem com desprezo a graça que lhes concede com tanta bondade? Enfim se naquele tempo os filhos de israel devem seguira mes- ma religião que professam as outras nações, se êles devem obedecer ao mesmo Rei, como é que as profe- cias que lhes asseguram dominar sobre todas as na- ções podem cumprir-se? Ha uma grande distancia en- tre dominar e obedecer e a sua sorte não mudaria quando muito no que êles estariam afastados do ca- minho direito para tomar um outro completamente oposto á vontade de Deus que lhes assegura que no tempo feliz em que a sua redenção se cumprir, as na- ções sentirão o efeito da sua colera porque injusta- mente perseguiram israel, e é isto que lhes promete Isaías. Despertai-vos, levantai-vos Jerusalem que ten- des bebido da mão do Senhor a taça da sua colera, que tendes bebido o sedimento do vaso de veneno; uma dupla aflição vai cair sobre vós; quem se com- padecera da vossa dôr, a ruína e a desolação, a fome e a espada vão-vos exterminar; quem vos consolará de tantos males? Escutai pois agora, pobre, embria- gado de males e não de vinho, eis o que diz vosso Senhor e vosso Deus que combaterá pelo seu povo. Eu vou tirar-vos da mao esta taça de veneno de que tendes bebido a minha indignaçao até as feses. Não a behereis mais no futuro, mas pô-la-ei na mão daque- les que vos teem anigiuo e que tem dito a vossa alma; presta-te afim de que nos passemos, e tendes tor- nado o vosso corpo como um torrao que se pisa aos pés e como o caminho dos passeantes. O Profeta Je- remias prediz quási as mesmas coisas, Eu não o des- truirei mas castiga-lo-ei. Os Doutores cristãos não podem pois alegar qualquer razão que prove que o Messias resgatou já os filhos de Israel, e que os pos- sa persuadir que no fim do mundo êles abraçarão a religião cristã. Eles bebem esperando o dia bem feliz, a taça da amargura, êles são oprimidos pelas nações, e o primeiro efeito que experimentam da promessa do Deus faz-lhes esperar o segundo com uma esperança certa que não lhes faltará. Dr. Orobio de Castro judeu bragsnçano do seculo XVII o o o Dois rabinos condecora- dos pelo Papa Após o congresso eucaristico de Cartago, o Papa concedeu a condecoração de cavaleiros da primeira classe a Rabbi Joseph Guez, Rabbi-mór da Tunisia e a Rabbi Jacob Bocarah, Rabbi da comunidade Livornêsa. A entrega solene das insignias realizou-se no dia 14 de Setembro no arcebispado. Extraimos do Depeche Túnisienne um relato da cerimónia: " -S. G. Monsenhor Lemaitre, cercado de N. N. S. S. Gourlote e Bedu, vigarios gerais, dos vabades Descroix, deão de Sfax, Bazin, director da La Tunisie Catholique, e Labbe, secretário do Arcebispado, aco- lheu afectuosamente os dois veneraveis prelados israe- litas, que eram acompanhados por Snr. Victor Slamá, presidente interino da Comunidade Israelita de Tunis; Snrs. Raymond Valensi, presidente da Comunidade do rito português; Simon Trinsít, Samuel da Paz, Rau Darmon e Henry Hanzy. Dirigindo-se aos dois eminentes aucíãos (Rabbi Guez tem 78 anos e Rahbi Bocarah festejou ultima- mente o seu 91 aniversário), cujos nomes são sinóni- mos de sciência, sabedoria e de bondade não só na Tunisia, mas em tôda a Africa do Norte e em muitas comunidades longinquas, S. G, o Arcebispo de Carta- go disse-lhes a grande alegria que tinha em lhes entre- gar, em nome de S. S. Pio XI, a alta distinção pontífi- cia que acabava de lhes ser concedida em recompensa pela sua colaboração spontânia ao Comité de patrona- gem do Congresso Eucarístico de Cartago. O Soberano Pontificie, que foi informado destas marcas de alta solidariedade espiritual, ficou muito sensibilisado e resolveu exprimir-lhes a sua viva satis- fação admitindo-os na ordem de Pio IX. S. G. Monsenhor Lemaitre entregou então aos dois prelados israelitas a medalha em forma de estrêla de 8 pontas de vermeil e ouro, assim como as cartas manuscritas instalando-os na sua nova dignidade. O Snr. Slamá agradeceu ao Arcebispo em nome da Comunidade de Tunis e pediu ao Snr. R. Valensi para falar como interprete de tôda a população israe- lita. O presidente da Comunidade portuguesa, em al- gumas palavras eloquentes nas quais pôz o melhor do seu espírito e do seu coração, considerou-se feliz por sublinhar a magestade dum momento que uniu sob o signo religioso num semelhante sentimento de concor- dia e amôr os dignitários da Igreja católica de Africa e dos dois ritos israelitas da Tinisia. Um idêntico pensamento os guia, eztraído da Lei do Sinai e dos Evangelhos.
N.º 044, Heshvan-Kislev 5692 (Out-Dez 1931)
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