N.º 044, Heshvan-Kislev 5692 (Out-Dez 1931) > P04
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Ha-Lapid הלפיד


N.º 044, Heshvan-Kislev 5692 (Out-Dez 1931)







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 4                 HA-LAPID
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teem defendido com tanta pertinacia, que abraçarão
a religião cristã, que entrarão no seio da Igreia e la-
mentarâo amargamente o crime que praticaram fa-
zendo morrer o seu redentor e seu salvador e que esta
confissão solene está expressa no tregessimo terceiro
capitulo de Isaias.

Este raciocinio não e' propriamente falando mais
que um expediente e um vão subterfurgio para iludir
a verdade de que estão convencidos interiormente,
porque não ha um sô ponto em todos os Profetas que
separa o momento da vinda do Messias do da reden-
ção. Um e outro devem chegar no mesmo instante
com esta diferença que Deus afirma que êle reunirá
primeiramente os filhos de Israel de entre todas as
nações, que os conduzirá a herança de seus pais, que
os santificará e fará muitos milagres em seu favor e
em seguida lhes dará para Rei, para Pastore para Juiz
o filho de David. Assim a distancia do tempo marca-
do é para nos ensinar que a redenção Será cumprida
quando o Messias chegar. O que destroi por comple-
to o raciocinio dos Doutores modernos, a não ser
que queiram seguir a seita dos milenários que susten-
tam que o Messias já veio e posto à morte pelos fi-
lhos de Israel voltará ao fim de muitos séculos para
subir ao Trono de David e os governar corporalmente.
Era inteiramente inutil retirar os filhos de Israel de
entre as nações para os tornar cristãos, e reuni-los
todos na herança de seus pais, nessa terra santa que
lhes era reservada; é apenas entre os povos que abra-
çaram o Cristianismo que podem converter-se; que
aparência ha que depois de ter sofrido tantos tormen-
tos, depois de ter gemido por tanto tempo sob o jugo
dum tão duro cativeiro para não se afastar dos man-
damentos do seu Deus, depois de ter vivido, digo eu,
durante tantos séculos no opróbio das nações, e de-
pois de ter exposto a sua vida com uma firmeza in-
quebrantavel para servir apenas o Deus que seus pais
tinham conhecido, êles o abandonam quando tiverem
a liberdade de o adorar, que paguem com a mais ne-
gra ingratidâo tantas honras e tantos beneficios com
que êle os locupleta, que êles lancem com desprezo a
graça que lhes concede com tanta bondade? Enfim se
naquele tempo os filhos de israel devem seguira mes-
ma religião que professam as outras nações, se êles
devem obedecer ao mesmo Rei, como é que as profe-
cias que lhes asseguram dominar sobre todas as na-
ções podem cumprir-se? Ha uma grande distancia en-
tre dominar e obedecer e a sua sorte não mudaria
quando muito no que êles estariam afastados do ca-
minho direito para tomar um outro completamente
oposto á vontade de Deus que lhes assegura que no
tempo feliz em que a sua redenção se cumprir, as na-
ções sentirão o efeito da sua colera porque injusta-
mente perseguiram israel, e é isto que lhes promete
Isaías. Despertai-vos, levantai-vos Jerusalem que ten-
des bebido da mão do Senhor a taça da sua colera,
que tendes bebido o sedimento do vaso de veneno;
uma dupla aflição vai cair sobre vós; quem se com-
padecera da vossa dôr, a ruína e a desolação, a fome
e a espada vão-vos exterminar; quem vos consolará
de tantos males? Escutai pois agora, pobre, embria-
gado de males e não de vinho, eis o que diz vosso
Senhor e vosso Deus que combaterá pelo seu povo.
Eu vou tirar-vos da mao esta taça de veneno de que
tendes bebido a minha indignaçao até as feses. Não a
behereis mais no futuro, mas pô-la-ei na mão daque-
les que vos teem anigiuo e que tem dito a vossa alma;
presta-te afim de que nos passemos, e tendes tor-
nado o vosso corpo como um torrao que se pisa aos



pés e como o caminho dos passeantes. O Profeta Je-
remias prediz quási as mesmas coisas, Eu não o des-
truirei mas castiga-lo-ei. Os Doutores cristãos não
podem pois alegar qualquer razão que prove que o
Messias resgatou já os filhos de Israel, e que os pos-
sa persuadir que no fim do mundo êles abraçarão a
religião cristã. Eles bebem esperando o dia bem feliz,
a taça da amargura, êles são oprimidos pelas nações,
e o primeiro efeito que experimentam da promessa do
Deus faz-lhes esperar o segundo com uma esperança
certa que não lhes faltará.
                               Dr. Orobio de Castro

                     judeu bragsnçano do seculo XVII

                 o o o

Dois rabinos condecora-
dos pelo Papa

Após o congresso eucaristico de Cartago, o Papa
concedeu a condecoração de cavaleiros da primeira
classe a Rabbi Joseph Guez, Rabbi-mór da Tunisia e a
Rabbi Jacob Bocarah, Rabbi da comunidade Livornêsa.
A entrega solene das insignias realizou-se no dia 14 de
Setembro no arcebispado.

Extraimos do Depeche Túnisienne um relato da
cerimónia:

" -S. G. Monsenhor Lemaitre, cercado de N. N.
S. S. Gourlote e Bedu, vigarios gerais, dos vabades
Descroix, deão de Sfax, Bazin, director da La Tunisie
Catholique, e Labbe, secretário do Arcebispado, aco-
lheu afectuosamente os dois veneraveis prelados israe-
litas, que eram acompanhados por Snr. Victor Slamá,
presidente interino da Comunidade Israelita de Tunis;
Snrs. Raymond Valensi, presidente da Comunidade do
rito português; Simon Trinsít, Samuel da Paz, Rau
Darmon e Henry Hanzy.

Dirigindo-se aos dois eminentes aucíãos (Rabbi
Guez tem 78 anos e Rahbi Bocarah festejou ultima-
mente o seu 91 aniversário), cujos nomes são sinóni-
mos de sciência, sabedoria e de bondade não só na
Tunisia, mas em tôda a Africa do Norte e em muitas
comunidades longinquas, S. G, o Arcebispo de Carta-
go disse-lhes a grande alegria que tinha em lhes entre-
gar, em nome de S. S. Pio XI, a alta distinção pontífi-
cia que acabava de lhes ser concedida em recompensa
pela sua colaboração spontânia ao Comité de patrona-
gem do Congresso Eucarístico de Cartago.

O Soberano Pontificie, que foi informado destas
marcas de alta solidariedade espiritual, ficou muito
sensibilisado e resolveu exprimir-lhes a sua viva satis-
fação admitindo-os na ordem de Pio IX.

S. G. Monsenhor Lemaitre entregou então aos
dois prelados israelitas a medalha em forma de estrêla
de 8 pontas de vermeil e ouro, assim como as cartas
manuscritas instalando-os na sua nova dignidade.

O Snr. Slamá agradeceu ao Arcebispo em nome
da Comunidade de Tunis e pediu ao Snr. R. Valensi
para falar como interprete de tôda a população israe-
lita. O presidente da Comunidade portuguesa, em al-
gumas palavras eloquentes nas quais pôz o melhor do
seu espírito e do seu coração, considerou-se feliz por
sublinhar a magestade dum momento que uniu sob o
signo religioso num semelhante sentimento de concor-
dia e amôr os dignitários da Igreja católica de Africa
e dos dois ritos israelitas da Tinisia. Um idêntico
pensamento os guia, eztraído da Lei do Sinai e dos
Evangelhos.


 
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