N.° 44 PORTO - Heshvan-Kislev 5692 (12 Out.-10 Dez de 1931) ANO VI ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos e para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | aponta-vos o ca- busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | minho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) Órgão da Comunidade Israelita do Porto ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECTOR E EDITOR: -A. C. os BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA Empresa DIARIO DO PORTO, Lda REDACÇÃO-Rua Guerra Junqueiro, 340-Porto || Rua de S. Bento da Victoria, 10 (Toda a correspondencia deve ser dirigida ao director) || ---------------- P O R T O ---------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Teologia Popular Israelita Por A. BEN-ROSH V A Velha Aliança Nas alcantiladas serranias das Beiras e de Traz- -os-Montes, onde numerosos descendentes dos márti- res da horrida Inquisição se foram acoitar a fim de entre os asperos fragêdos, ocultamente, poderem pra- cticar a sua fé no Deus Bendito de Israel, quando em certos dias as nuvens se rasgam e fortes cordas de regua brotam delas, inundando a terra e formando tor- rentes que se despenham com fragor pelas ribancei- ras a vossa alma angustiada é atraída e encantada ela formosa visão dum grandioso e multicolor arco celeste, a que os citadinos chamam arco-iris, e ao qual os habitantes dessas montanhas dão o nome de Arco da Velha. Se perguntardes a que velha se refe- rem, todos vos responderão que se trata da velha aliança, da aliança de Deus com os homens. Adonai creou o homem para ser feliz, deu-lhe o bem, a essencia da felicidade, deu-lhe o coração para sentir, inteligencia para compreender, razão para se determinar, mas nem coração, nem inteligencia, nem razão lhe serviram para o bem. O homem despresou o bem, preferiu o mal e o mal o conduziu ao sofrimento. Moisés, nosso Mestre, nos deu em nome de Deus Bendito: -Olhai, ofereço-vos hoje a benção e a maldição. Deuteronomio 11,26). -Vede, puz deante de ti, hoje a vida e o bem, a morte e o mal. (Deuteronomio 30,15). -Tomo hoje para testemunho o ceu e a terra, que eu puz deante de ti a vida e a morte, a benção e a maldição, escolhe a vida para que vivas, tu assim como a tua posteridade. (Deuteronomio 19). -Na certeza que se ie conduzires bem, te pode- rás elevar; mas se não te conduzires bem, o pecado está á tua porta. Tenta-te, mas podes vencê-lo. (Ge- nesis 4,7). O Talmud nos proclama: Se o homem se quer tornar recto, Deus vem em seu auxilio; se se quizer deshonrar Deus deixa-lhe o caminho aberto. (Talm. loma, foi. 38). Rabbi Julien Weil, no seu livro judaisme, nos diz: -No principio da Biblia, a primeira lei, a inter- dição a Adam de provar da arvore da ciencia, postu- la a liberdade de obdecer ou desobedecer. Na outra extremidade da Thorah, o celebre "Tu escolherás a vida" (Deuteroiiomio, 30,19), adjuração geral, assim como os mandamentos particulares, positivos ou ne- gativos do mosaismo, ortentam bem a consciencia, mas reservam ao homem o sim ou o não da vontade livre. ... todo o desenvolvimento religioso de Israel, mesmo com a convicção que um Senhor supremo rege o destino dos povos e dos individuos, repousa sobre o sentimento profundo, inabalavel da sua auto-deter- minação, não só da sua própria responsabilidade nos seus desfalecimentos como tambem da sua aptidão para preparar para si proprio, com a ajuda de DEUS. o seu futuro. Respéito e amor é o que Deus exige do homem. Acontece que Deus o ajuda, pela sua graça, a adqui- ri-las, a lutar contra o instinto do mal e as suas peri- gosas seduções, mas nada suplanta o esforço pessoal. O goso da liberdade explica todos os desfaleci- mentos, as estagnações ou as regressões. Torna possi- vel, dum lado, o optimismo, ou a crença numa edu- cação geral, a um progresso final da humanidade or- denada, dum reino de Deus neste mundo. O homem livre tendo alguma coisa a dar a Deus, a sua obdiencia, que a si proprio pertence, ajuda Deus de certa maneira, tomando isso no sentido di- vino. Ele adquire mérito (Zekhut), expressão tomada algumas vezes um sentido terra a terra, muitas vezes tambem numa significação completamente desinteres- sada: ele participa na salvação do mundo, apressando
N.º 044, Heshvan-Kislev 5692 (Out-Dez 1931)
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