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Ha-Lapid הלפיד


N.º 046, Shebath-Adar 5692 (Jan-Fev 1932)







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 2               HA-LAPÍD
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Jeremias diz que êle salvará a casa de Jacob e de
Judá de todas as terras do seu cativeiro desde o se-
tentrião, o que não sucedeu no regresso da Babilônia.
o numero, seguindo Esdras foi limitado a 42360. Os
Douctores cristãos confessam que as dez tribus não
voltaram. Judá, Levi, e Beijamin ficaram cativos e
dispersos entre as nações na Média, na Persia, no
Egipto, na Grécia e nas outras regiões. Eles teem so-
frido ai males inacreditaveis. O numero dos escravos
ai era infinito. Ptolomeu Filadelfo amigo dos Judeus
resgatou um grande numero Não ha mais que lêr
Esdras e Nehiémias para estar completamente conven-
cido que os filhos de Israel não voltaram todos à he-
rança de seus pais. Estes dois escritores ensinam-nos
o pequeno numero daqueles que voltaram da Babiló-
nia e todos os males que sofreram aqueles que ai fi-
caram retidos; se querem reportar-se aos autores pro-
fanos, José conta ezactamente todas as perseguições
com que o povo de Israel foi afligido durante quatro-
centos e trinta anos que durou a destruição do Santo
Templo. Este povo infortunado ficou disperso e er-
rante por todo o mundo até ao presente e se se con-
tar o que está espalhado, ver-se-á que é muito mais
numeroso que aquele que saiu da Babilonia. e isto
deve convencer os mais incrédulos que esta volta não
pode ser tomada pela sombra da promessa de Deus;
se tosse tão efectivo como os Douctores cristãos que-
rem persuadi-lo, os filhos de Israel teriam sido geral-
mente reunidos das quatro partes do mundo até á
morte do seu Messias; e para punição dum tão grande
crime teriam sido destruídos sem que ficasse um só
entre as nações. Neste caso a palavra de Deus verifi-
car-se-ia para o que vê a sua inteira reunião, ainda
que ela não o pudesse ser com respeito ii sua inteira
destruição que a sua bondade divina prometeu não
executar.

Alguns comentadores cristãos pretendem provar
que a redenção que Deus prometeu aos filhos de Is-
rael teve já o seu efeito, pois que êle tem absoluta-
mente dependido dêles de voltar ã herança de seus
pais e de sair do sen cativeiro, os Reis da Caldea e
da Persia tendo-lhes permitido voltar a Jerusalém,
mas como muitos gostavam mais de ficar entre as na-
ções do que ir gosar duma graça que Deus inspirou
a êstes Principes concederam-lhes, por inspiração de
Deus. E' apenas, pois. ajuntaram eles, por o praser
de se lamentar e de ficar na cegueira onde estão, que
podem negar esta verdade, e pelo que diz respeito ao
Messias Deus lho tem enviado também, mas obstina-
dos em não o reconhecer, não saberão gosar das van-
tagens do seu advento. Assim a promessa de Deus é
inteiramente cumprida e com respeito á redenção e á
vinda do Messias. Se êste argumento fôsse convin-
cente, se estas rasões fossem sólidas não era de ma-
neira alguma necessario que as promessas de Deus se
cumprissem para verificar as Profecias, porque se os
homens impedissem a execução. elas dependeriam
mais por isso do efeito do seu capricho e da sua von-
tade do que dos decretos irrevogaveis do poder infi-
nito do Senhor que nos assegura que o seu povo sera
resgatado como o foi no Egipto, donde êle saiu sem
que lá ficaase um só, porque esta era a vontade do
criador á qual a criatura não saberia resistir, e que
não foi no poder de qualquer Israelita ficar neste rei-
no. Se o regresso da Babilonia fôsse a redenção pro-
metida, sucederia outro tanto apesar da extravagância
aqueles que tivessem preferido uma dura escravidão
a uma feliz e completa liberdade. As disposições de
Deus são tão justas e devem de tal modo produzir o
reu pleno e inteiro efeito que tôda a gente se teria
ressentido desta redenção completa como êle teria



feito daquela que êle tinha prometido ao Patriarca
Abraam (que é com efeito cumprida com a saida do
Egipto) e nenhum Israelita ficaria na Babilonia: os
milagres são tão faceis para Deus na Persia como em
qualquer outra região. O argumento dos comentado-
res são prova pois que o regresso da Babilonia seja o
cumprimento da redenção prometida; é quando mui-
to uma visita passageira que o Senhor teve a bondade
de fazer ao seu povo para o consolar da aflição que
lhe causava o pêso duma tão insuportável servidão e
da necessidade em que estava de se abandonar a uma
vergonhosa idolatria. A redenção que o Senhor nos
promete pela bôca dos seus Profetas deve ser mais
perfeita que aquelas que nós sentimos á saida do Egi.
pto, ela serei tão surpreendente que se irão dirá mais,
viva o Senhor que retirou o seu povo do Egipto, mas
que o resgatou e retirou dentre as nações. Não é se-
não para dar ao seu povo o tempo de se arrepender
dos pecados que tinha cometido que ele prometeu
reedificar a Cidade Santa, e de construir um segundo
templo para ver se no espaço de quatro centos e trin-
ta anos abandonaria enfim o vicio em que estava mer-
gulhado, a-fim-de merecer a mesericórdia do Senhor e
de obter a redenção universal. Mas este povo rebelde
continuando a viver na desordem tanto em Jerusalém
como nos outros lugares onde tinha ficado cativo, o
Senhor cheio duma justa cólera irritou-se contra ele,
destruiu por uma segunda vez as suas cidades e os
seus templos e tem-no ainda mais espalhado do que
estava antes para mostrar ás nações o seu poder e o
efeito miraculoso da redenção que lhes prometeu e de
que os Profecias estão cheias, e tambem a vontade
dos homens não seja constrangida nem necessitada,
ela está sempre sobmetida aos decretos irrevogaveis e
infalíveis do Senhor.

Israel sentiu demasiado que a visita que Deus lhe
fez á Babilônia não era esta redenção universal que
lhe foi prometida. Todos os males que sofreu no seu
regresso a Jerusalém convenceram-no bastante. E' por
esta rasão que mnitos dentre os judeus quiseram an-
tes ficar na escravidão. Os Profetas não os teem cen-
surado. Eles sabiam que o tempo onde o seu cativeiro
devia acabar não tinha chegado aínda. Como se pode
acomodar ao regresso da Babilônia a santíficação que
Deus promete aos filhos de Israel quando os resgatar,
pois que o sinal mais evidente e o mais sólido desta
redenção consiste na circuncisão dos corações, no
amôr que êles e a sua posteridade tiverem para o seu
redentor e na justificação de todo povo: é um facto
que o Senhor fez com êle pelo qual lhes assegura que
não se separará jamais dêle, que os encherá dos seus
bens e gravará nos seus corações um respeito e uma
veneração tão profunda que não o abandonarão ja-
mais, e que o servirão com um zêlo, digno da bonda-
de que teve para êles, as nações seguilos-ão e serão
testemunha de tôdas as gracas com que o Senhor os
deve encher. Os filhos de Israel sairão da Babilônia
de tal modo manchados de pecados que se não sabe-
ria atribuir á sua saida esta suprema felicidade. Obs-
tinados nos seus crimes, no olvido da lei divina, cal-
candos aos pés os preceitos e os mandamentos que
Moisés lhes tinha deixado, podiam êles estar num es-
tado capaz de gosar de tôda a felicidade que lhes era
anunciada. A situação em que se encontrava então o
povo e' distintamente notado nesta oração tão delica-
da que nós lêmos em Esdras: "seus pecados, diz este
santo homem, excedem os de seus pais: êles trabalha-
rão na colheita dos seus vinhos e dos seus óleos no
sagrado dia do Shabbath; os Padres do Senhor se ca-
saram com mulheres gentias ainda que a sua puresa
devesse servir de exemplo ao povo que conduziam


 
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