2 HA-LAPÍD =================================================== Jeremias diz que êle salvará a casa de Jacob e de Judá de todas as terras do seu cativeiro desde o se- tentrião, o que não sucedeu no regresso da Babilônia. o numero, seguindo Esdras foi limitado a 42360. Os Douctores cristãos confessam que as dez tribus não voltaram. Judá, Levi, e Beijamin ficaram cativos e dispersos entre as nações na Média, na Persia, no Egipto, na Grécia e nas outras regiões. Eles teem so- frido ai males inacreditaveis. O numero dos escravos ai era infinito. Ptolomeu Filadelfo amigo dos Judeus resgatou um grande numero Não ha mais que lêr Esdras e Nehiémias para estar completamente conven- cido que os filhos de Israel não voltaram todos à he- rança de seus pais. Estes dois escritores ensinam-nos o pequeno numero daqueles que voltaram da Babiló- nia e todos os males que sofreram aqueles que ai fi- caram retidos; se querem reportar-se aos autores pro- fanos, José conta ezactamente todas as perseguições com que o povo de Israel foi afligido durante quatro- centos e trinta anos que durou a destruição do Santo Templo. Este povo infortunado ficou disperso e er- rante por todo o mundo até ao presente e se se con- tar o que está espalhado, ver-se-á que é muito mais numeroso que aquele que saiu da Babilonia. e isto deve convencer os mais incrédulos que esta volta não pode ser tomada pela sombra da promessa de Deus; se tosse tão efectivo como os Douctores cristãos que- rem persuadi-lo, os filhos de Israel teriam sido geral- mente reunidos das quatro partes do mundo até á morte do seu Messias; e para punição dum tão grande crime teriam sido destruídos sem que ficasse um só entre as nações. Neste caso a palavra de Deus verifi- car-se-ia para o que vê a sua inteira reunião, ainda que ela não o pudesse ser com respeito ii sua inteira destruição que a sua bondade divina prometeu não executar. Alguns comentadores cristãos pretendem provar que a redenção que Deus prometeu aos filhos de Is- rael teve já o seu efeito, pois que êle tem absoluta- mente dependido dêles de voltar ã herança de seus pais e de sair do sen cativeiro, os Reis da Caldea e da Persia tendo-lhes permitido voltar a Jerusalém, mas como muitos gostavam mais de ficar entre as na- ções do que ir gosar duma graça que Deus inspirou a êstes Principes concederam-lhes, por inspiração de Deus. E' apenas, pois. ajuntaram eles, por o praser de se lamentar e de ficar na cegueira onde estão, que podem negar esta verdade, e pelo que diz respeito ao Messias Deus lho tem enviado também, mas obstina- dos em não o reconhecer, não saberão gosar das van- tagens do seu advento. Assim a promessa de Deus é inteiramente cumprida e com respeito á redenção e á vinda do Messias. Se êste argumento fôsse convin- cente, se estas rasões fossem sólidas não era de ma- neira alguma necessario que as promessas de Deus se cumprissem para verificar as Profecias, porque se os homens impedissem a execução. elas dependeriam mais por isso do efeito do seu capricho e da sua von- tade do que dos decretos irrevogaveis do poder infi- nito do Senhor que nos assegura que o seu povo sera resgatado como o foi no Egipto, donde êle saiu sem que lá ficaase um só, porque esta era a vontade do criador á qual a criatura não saberia resistir, e que não foi no poder de qualquer Israelita ficar neste rei- no. Se o regresso da Babilonia fôsse a redenção pro- metida, sucederia outro tanto apesar da extravagância aqueles que tivessem preferido uma dura escravidão a uma feliz e completa liberdade. As disposições de Deus são tão justas e devem de tal modo produzir o reu pleno e inteiro efeito que tôda a gente se teria ressentido desta redenção completa como êle teria feito daquela que êle tinha prometido ao Patriarca Abraam (que é com efeito cumprida com a saida do Egipto) e nenhum Israelita ficaria na Babilonia: os milagres são tão faceis para Deus na Persia como em qualquer outra região. O argumento dos comentado- res são prova pois que o regresso da Babilonia seja o cumprimento da redenção prometida; é quando mui- to uma visita passageira que o Senhor teve a bondade de fazer ao seu povo para o consolar da aflição que lhe causava o pêso duma tão insuportável servidão e da necessidade em que estava de se abandonar a uma vergonhosa idolatria. A redenção que o Senhor nos promete pela bôca dos seus Profetas deve ser mais perfeita que aquelas que nós sentimos á saida do Egi. pto, ela serei tão surpreendente que se irão dirá mais, viva o Senhor que retirou o seu povo do Egipto, mas que o resgatou e retirou dentre as nações. Não é se- não para dar ao seu povo o tempo de se arrepender dos pecados que tinha cometido que ele prometeu reedificar a Cidade Santa, e de construir um segundo templo para ver se no espaço de quatro centos e trin- ta anos abandonaria enfim o vicio em que estava mer- gulhado, a-fim-de merecer a mesericórdia do Senhor e de obter a redenção universal. Mas este povo rebelde continuando a viver na desordem tanto em Jerusalém como nos outros lugares onde tinha ficado cativo, o Senhor cheio duma justa cólera irritou-se contra ele, destruiu por uma segunda vez as suas cidades e os seus templos e tem-no ainda mais espalhado do que estava antes para mostrar ás nações o seu poder e o efeito miraculoso da redenção que lhes prometeu e de que os Profecias estão cheias, e tambem a vontade dos homens não seja constrangida nem necessitada, ela está sempre sobmetida aos decretos irrevogaveis e infalíveis do Senhor. Israel sentiu demasiado que a visita que Deus lhe fez á Babilônia não era esta redenção universal que lhe foi prometida. Todos os males que sofreu no seu regresso a Jerusalém convenceram-no bastante. E' por esta rasão que mnitos dentre os judeus quiseram an- tes ficar na escravidão. Os Profetas não os teem cen- surado. Eles sabiam que o tempo onde o seu cativeiro devia acabar não tinha chegado aínda. Como se pode acomodar ao regresso da Babilônia a santíficação que Deus promete aos filhos de Israel quando os resgatar, pois que o sinal mais evidente e o mais sólido desta redenção consiste na circuncisão dos corações, no amôr que êles e a sua posteridade tiverem para o seu redentor e na justificação de todo povo: é um facto que o Senhor fez com êle pelo qual lhes assegura que não se separará jamais dêle, que os encherá dos seus bens e gravará nos seus corações um respeito e uma veneração tão profunda que não o abandonarão ja- mais, e que o servirão com um zêlo, digno da bonda- de que teve para êles, as nações seguilos-ão e serão testemunha de tôdas as gracas com que o Senhor os deve encher. Os filhos de Israel sairão da Babilônia de tal modo manchados de pecados que se não sabe- ria atribuir á sua saida esta suprema felicidade. Obs- tinados nos seus crimes, no olvido da lei divina, cal- candos aos pés os preceitos e os mandamentos que Moisés lhes tinha deixado, podiam êles estar num es- tado capaz de gosar de tôda a felicidade que lhes era anunciada. A situação em que se encontrava então o povo e' distintamente notado nesta oração tão delica- da que nós lêmos em Esdras: "seus pecados, diz este santo homem, excedem os de seus pais: êles trabalha- rão na colheita dos seus vinhos e dos seus óleos no sagrado dia do Shabbath; os Padres do Senhor se ca- saram com mulheres gentias ainda que a sua puresa devesse servir de exemplo ao povo que conduziam
N.º 046, Shebath-Adar 5692 (Jan-Fev 1932)
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