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N.º 046, Shebath-Adar 5692 (Jan-Fev 1932)







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profanaram a sua dignidade que era sagrada desde
Aarão o primeiro da sua raças: Enfim os seus pecados
eram tão grandes que um autor cristão diz que Deus
tem sempre o chicote levantado sôbre Israel, que ele
o puniu sempre da sua cólera desde que saiu da Ba-
bilônia até que o Imperador Titus o destruiu enfim.
José conta as inimisades, os assassinatos, os furtos e
os incestos que os filhos de Israel cometeram enquan-
to que possuiram o 2.° Templo; um Soberano sacri-
ficador imolava seu irmão neste edifício sagrado, uni
outro vendia a dignidade sacrificador, um outro afo-
gava-se em vinho, o Soberano Pontífice e todos sole-
nisavam as maiores festas esganando-se uns aos ou-
tros no Templo. Eis ali a temor de Deus, eis ali a san-
tidade que trouxeram da Babilónia. Endurecidos no
seu crime obrigaram o Senhor a ressuscitar-lhes os
Romanos para os destruir, como Moisés lhes tinha
prometido no Deuteronômio. Que os autores cristãos
digam-se são êstes os efeitos-da redenção prometida
na lei e nas Profecias.

A terceira circunstância da redenção que se vão
saberia aplicar à volta da Babilônia. é que os filhos
de Israel devem morar perpetuamente na terra Santa
ande Deus lhes prometeu um repouso e uma tranqui-
lidade de que não gosaram desde o seu primeiro cati-
veiro. Ele retirará das suas mãos o vaso da sua colera
para o fazer beber ás nações nas quais êles dormirão
eternamente e serão cheios de glória do Senhor, sua
sabedoria, os seus bons habitos, da exacta observação
de tôdos os seus divinos preceitos não produzirão
somente o perdão mas o esquecimento dos seus peca-
dos e de tôdos os seus crimes, e segundo a Profecia
de Zacarias subirão todos os anos para se humilhar
deante do Senhor dos exercitos e para a festa dos Ta-
bernaculos.

O regresso da Babilônia produziu efeitos comple-
tamente contrários: apenas Ciro lhes permitiu edificar
o Templo logo o seu filho Cambises revogou a ordem
e proibiu-lhes esta defesa produziu funestos efeitos:
os Arabes e as outras nações Visinhas aproveitaram a
ocasião para a permissão de edificar o Templo, dois
jovens judeus que sairam de Jerusalém encontraram
este Profeta e lhe disseram que os males e as misérias
que sofreram eram insuportáveis e os obrigavam à
fuga que se não podia exagerar suficientemente os
tormentos que os israelitas suportavam, que se tinham
queimado as portas da sua cidade, derrubadas as mu-
ralhas, e que os levavam todos os dias cativos. Os
Reis da Persia e da Caldea de que eles foram subdi-
tos na fuga trataram-nos como escravos, até que
Alexandre o grande lhes restituiu a sua liberdade por
intermédio do grande sacrificador Jadus que lançan-
do-se a seus pés teve a satisfação de obter o poderem
viver com mais repouso.

Os Gregos continuaram a persegui-los, furtaram-
lhes a cidade de Jerusalem, profanaram o Templo e
proibiram sob a pena de morte o exercicio da sua
religião. Durante o reinado de Antiocho os bravos
Machabeos livraram-os em parte dum jugo tão pesa-
do deixando-os no entanto sugeitos a diversos Prin-
cipes até que os romanos os tomaram sob a sua pro-
teção, para os entregar na continuação tributária é en-
fim para os destruir e lhes fazer experimentar todas
as infelicidades de que não tinham podido libertar-se
até ao presente. Eis que foi a redenção da Babilônia
que os cristãos pretendem ser aquela que o Senhor
prometeu ao seu povo. Eis a liberdade de que deve
gosar perpetuamente sem perturbação, sem inquieta-
ção e sem estar submetido ás nações. Eu queria saber
porque artifício, porque sofismas os Doutores que
sustentam uma opinião tao pouco provavel, poderão

 

persuadir aos espiritos mais crédulos que as promes-
sás de Deus se muitas vezes repetidas nesta redenção
são cumpridas, ainda que não tenha uma das circuns-
tancias necessárias para as tornar verosimil. Os auto-
res que não podem desconvir desta verdade, procuram
obscurecer por outros subterfugios tambem frivolos.
Eles supõem três Jerusalens, três Siões e dois Israeis.
Uma Jerusalem terrestre que é a que foi construida no
regresso da Babilônia, uma Jerusalem militante que é
a Igreja cristã e uma Jerusalem triunfante que é o
ceu e a glória onde estão colocados os bemaventura-
dos. Uma Sião ou Templo terrestre que e' o que se
construiu em Jerusalem, um Templo vivo que são os
cristãos e um Templo celeste que é o Empireo e o
Sião das almas gloriosas. Um Israel corporal que é a
descendencia do Patriarca Abraão e a sua posteri-
dade, um Israel espiritual composto de todas as na-
ções do mundo e convertido à lei cristã. Tal é a base
e o fundamento solido sobre qual os cristãos fundam
a sua lei; é por estas admiraveis distinções que êles
explicam os Profetas, e comentam com tanta confusão
como improbilidade todas as passagens da escritura
santa. De qualquer maneira que os seus autores pos-
sam explica-lo, pregam no com tanta audácia que a
sua aplicação seria incontestavel. O que não podem
aplicar à Jerusalem terrestre é então adaptado a Jeru-
salem militante: importa-lhes pouco que a escritura
fale em termos expressos da casa de Jacob e de Juda,
querem que a lei à falta de razão persuada o que elês
dizem; e usam da mesma maneira para convencer os
espiritos crédulos ou que são completamente destitui-
de conhecimenos, que o texto sagrado designa a Je-
rusalem triunfante quando não sabem que é a mili-
tante. Se é Israel que é chamado nas passagens que
citam, é o espiriual; as nações que abraçaram a reli-
gião cristã e não a corporal, isto é a descendencia de
Abraão ou os Judeus. Se o texto sagrado diz que Is-
rael e Juda voltarão à terra que seus pais herdaram
para a possuir eternamente, pretendem que esta terra
é a glória e que aqueles que conheceram o Messias
são Israel e Juda. As guerras e a destruição de que
fala o Profeta deve tomar se tambem metaforicamente.
Deve acreditar-se para comprazer-lhes que é uma ba-
talha dos impios contra os justos, do vicio contra a
virtude; o Templo sagrado que o Senhor promete em
Ezequiel, a descrição que o Profeta faz dos coros,
praticos e compartimentos deste Templo são as di-
versas ordens de Padres, de monges e de religiosos,
os Abades, os Bispos e os Cardiais que nós vemos
hoje entre os Católicos: enfim para se distanciar de
tudo o que prova evidentemente a promessa de Deus
para persuadir que todas as Profecias são cumpridas,
confundem o ceu com a terra, a terra com a glória, a
cidade santa com o conjunto dos cristãos, Israel, Ja-
cob e Juda com os pagãos, as desordens da guerra
com a oposição espiritual dos vícios contra a virtude,
o Templo completamente material que é com a salva-
ção das almas ou com a religião que professam e etc.
Fundam-se em todas estas explicações absurdas e ri-
dículas nas palavras de Sam Paulo que diz que a luta
mata e que o Espirito vivifica, e concluem daí que
não é preciso por consequência ligar-lhes o sentido li-
teral da santa escritura, mas servir-se do sentido es-
piritual; mas todas estas vãs distinções podem mais
passar por jogos de espirito de que por raciocinios
capazes de provar a verdade dos seus sentimentos;
nada e mais oposto ao bom senso que dizer que não
é preciso ler nem entender o que está escrito, mas o
que se quere que aquelas palavras significam: o que
deve certamente autorisar os Ateus que explicam a lei
e os Profetas como querem para justificar as suas opi-


 
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