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Ha-Lapid הלפיד


N.º 052, Tabet 5693 (Jan 1933)







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 4              HA-LAPÍD
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tes publicavam que ele queria converter-se
ao cristianismo.

Conta-se que numa noite em que ele
saía da velha Sinagoga portuguesa, um in-
dividúo se lançou sobre êle brandindo um
punhal.

Espinosa apercebendo-se do golpe, des-
via-se, de sorte que a ponta não lhe rasgou
senão o vestuário.

Os rabinos, postos ao facto das suas
tendencias, mandavam-no comparecer dian-
te deles. Faziam-lhe ver que o acusavam de
desprezar a Lei.

O rabino Morteira, do qual Baruch tinha
sido discípulo amado, o adjura de vir ao
arrependimento.

Espinosa mantem as suas concepções
E' excomungado em julho de 1656.

Cada vez mais desejoso de solicitude
troca Amsterdam por Rhinburg, perto de
Leyde. Passa todos os dias algumas horas
a polir vidros para microscópico e telesco-
pio.

Entretanto, com a publicação do "Trata-
do Teológico-politíco", a sua fama torna-se
geral.

De todas as partes acorrem para con-
versar com ele, de todos os lados lhe che-
gam brilhantes propóstas.

O principe de Condé deseja ver Espino-
sa e compromete-se de lhe obter uma pen-
são anual do rei de França com a condição
de dedicar uma das suas obras a Luis XIV.
Mas o nosso filósofo, depois duma entre-
vista em Utrecht com M. de Luxembourg,
que o recebe na ausencia do principe de-
clina a pensão e volta a Haye.

Na sua volta está a ponto de ser toma-
do pela morte.

Acusam-no de se ter entregado no cam-
po dos franceses para revelar os segredos
tocantes aos trabalhos holandeses Como o
proprietário da casa que habita exprime o
terror de ver a população arremessar-se
contra o seu prédio: "Não vos alarmeís, re-
plica Espinosa, eu estou inocente. Bastantes
pessoas altamente colocadas sabem o moti-
vo da minha viagem a Utrecht. Logo que
vós ouvis o menor boato á vossa porta, eu
descerei junto dessas gentes, devem tratar-
-me como trataram o bom M. de Wite. Eu
sou um republicano sincero e só quero o
bem do Estado".

Acabamos de pronunciar o nome de
Jean de With.



Espinosa, que lhe estava muito ligada
sentiu um vivo desgosto pelo massacre des
te cidadão.

Na sua indignação, havia querido no
dia do atentado, afixar um papel com a ins-
crição "últimos dos barbaros". Mas o seu
hospede impedira-o de sair e de se arriscar
a fazer-se acutilar.

Charles-Louis, eleitor palatíno, propôs-
lhe uma dignidade cardealica "com a mais
ampla liberdade de filosofia".

Espinosa não aceita, temendo ser inco-
modado na busca da verdade pelas consi-
deraçoes que lhe era necessário guardar pa-
ra com a religião oficial.

Levava uma existencia modesta e retira-
da.

Seu amigo Simon de Vries enviou-lhe
2:00O flortns, afim de que ele pudesse ter
um pouco mais de bem estar, e Espinosa
recusa a quantia, alegando que não tinha
necessidade de nada e que isso poderia des-
viá-lo dos seus estudos.

O mesmo Vriers, que não tinha filhos
quer institui-lo legatário oficial.

Espinosa opôz-se para não privar o ir-
mão de Vriers da sucessão.

Simon cedia ao seu empenho, sómente
exigia uma pensão anual de 500 florins; ele
não aceita senão 300.

Espinosa mostrava-se muito caritativo
Sabendo que alguem que lhe devia 200 flo-
rins fizera bancarrota, longe de ser comovi-
do, "é necessário observar sorrindo, supri-
mir da maneira ordinária para reparar esta
pequena perca; é com este preço que se
compra a firmeza".

Era afavel e serviçal, era amigo dos
prazeres honestos, tinha-se a igual distancia
da tristeza e da exuberância. Tendo sabido
que um dos seus supostos amigos excitava o
povo e os magistrados contra êle, diz sim-
plesmente: "não é de hoje ser querida a
verdade! Está não será a murmuração que
m'a fará abandonar".

Durante o tempo em que o seu hospe-
deiro estava doente, não deixava um dia
sem que lhe fizesse uma visita e o não
exortasse a suportar os seus sofrimentos.

Não cessava de recomendar aos meninos
o serem respeitosos e seguirem os exemp-
los do seu culto.

Quando os seus visinhos regressavam
da oração, conversava com êles ácerca do
sermão que haviam ouvido.


 
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