8 HA-LAPÍD =========================================== Nos ultimos cincoenta anos, porém, houve uma modificação brusca no destino do paiz. Hoje, os viajantes contam maravi- lhas de uma nova vida, vida jóven sobre um solo antigo. Tanto no campo como nas cidades um novo e enérgico ritmo substitua a elegia das ruínas. Como teve logar esta transformação, quási que incrível? Como, em cincoenta anos, tomou o paiz uma nova forma? Eis aqui a história que nos propomos contar, brevemente, e, por assim dizer, incompleta- mente. A historia começa pela chegada de um punhado de jovens á terra quásí deserta da Palestina. Numa tarde tórrida de Junho de 1882, treze rapases e uma rapariga de- sembarcaram em Jaffa, vindos da Russia, paiz ensanguentado pelos progromos. Vi- nham reconstruir uma pátria na Terra Santa. Dois meses mais tarde seis outros se junta- vam a este pequeno grupo. Dezanove ho- mens e uma mulher tinham deixado os es- tudos universitários para trabalhar o solo que fora dos seus antepassados e viam-se sós, sem ajuda, num paiz deserto. No mes- mo ano Richon-le-Sion estava fundada. 1882 foi um ano memoravel. A Porta da Esperança (Petah Tikvah), colónia fundada anteriormente por estorçados judeus de je- rusalem e mais tarde abandonada, porque a febre palustre desvastou os colonos, rece- beu um novo impulso. E a Pedra Angular (Ros-Pinah) da colonisação judaica na Alta Galileia foi colocada. O povo sem lingua viu reviver o seu idioma natural, Graças ao zelo de Ben Yeudah o hebreu substituiu a Babel de linguas fala- das pelo punhado de judeus da Palestina, Foram fundadas duas revistas hebraicas, ponto de partida da imprensa hebraica mo- derna. Hoje. mais de cincoenta periódicos circulam na Palestina. Na ultima década do século o movimen- to imigratório assumiu proporções conside- ráveis. Numerosas sociedades particulares adquiriram terrenos para os seus irmãos da Russia e da Romenia. Yehoshua Hankin, o redentor do solo, comprou um deserto co- berto de areia aonde fundou Rehoboth, a joia da Judeía. Lutando contra um clima inospitaleiro, e contra visinhos malfasejos, centenas de ju- deus se enraizaram na Palestina. Bem cedo, porém, as portas do paiz se fecharam aos imigrantes e a especulação financeira dos agentes privados foi desastrosa. A emigra- ção começou. Entretanto, ensaiou-se a compra de 200 O00 dunams de terrenos no Emek, mas, como o Keren Kayemeth não existia ainda, o ensaio fracassou. A sêde de terras ficou por apasiguar até 1921 ano em que a Obra de redemção foi continuada. Nos nossos dias, o Vale de Jezreel tornou-se o centro mais importante da colonisaçao judaica em Erets-Israel. O reinosinho de trabalho, conquistado pelos judeus, estende pouco a pouco as suas fronteiras. As montanhas desnudas da judeia ouvem, pela primeira vez depois de 18 séculos, um golpe de picareta judaica. A Colonia de Motsa foi fundada, aldeiasi- nha corajosa que, pilhada em 1929 reviveu imediatamente mais vigorosa do que nunca. Surgindo dos pantanos, que faziam vi- tima inumeráveis, devido ao seu ar petis- lencial, aparece Hedera, creada na Samaria por um punhado de operários. E Petah Tikvah, a mãe das colônias, estende as suas possessões até Kfar Sabah, a primeira al- deia judaica do Vale do Saron à qual a cultura das plantações dará um novo desen- volvimento. O Hebreu ganha continuamente terreno. As escolas da Aliança Israelita, introduzem no seu programa o ensino de várias mate- rias em hebreu. Em 1892 os Palestinofilos da Russia (Hoveve Sion) levantam em jaffa a primeira escola, aonde o hebreu domina todo o ensino. Nessa época, dois mil alunos recebiam educação nas escolas hebraicas. Hoje o seu número eleva-se a 30.942. Desde os jardins da infancia até á Universi- dade, 220 escolas preparam uma nova ge- ração de trabalhadores em todos os domi- nios da sciência e da vida. O sôpro da civilização paira sobre a Pa- lestina. Em 1894 é construida, neste canto recuado da Asia, o primeiro caminho de ferro que ligou Jaffa a Jerusalem. Hoje o pais é atravessado por uma rede de cami- nhos de ferro formando um centro importan- tíssímo de tráfego no Próximo Oriente. (Continua)
N.º 052, Tabet 5693 (Jan 1933)
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