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Ha-Lapid הלפיד


N.º 052, Tabet 5693 (Jan 1933)







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             HA-LAPID                 5
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Não tomou nenhuma esposa. Havia pen-
sado desposar a filha do seu mestre Van
den Ende. Estava desgostoso, mas a sua
ciência e o seu espírito haviam-no seduzido.
Foi o condiscipulo de Espinosa, Kerkring
de Hambourg, que se casou com ela.

Espinosa era duma constituição fraca.
Sofreu a tisica darante os ultimos vinte
anos da sua vida.

Sentindo vir a hora suprema, olha a
morte intrépidamente. Entregou a alma a
Deus a 21 de Fevereiro de 1677, tendo á
sua cabeceira o seu amigo Louis Meyer.
Foi-se embora aos 44 anos.

A sua Etica não apareceu senão depois
da sua morte.

Não se reconheceu o valor de Espinosa
senão no fim do século XVIII. Desde então
a sua influência não cessa de crescer.

Ela é exercida. notavelmente, sobre Le-
mirg, Tichte, Shellíng, Hegel, Schleierma-
cher, Goethe, Renan, Taine.

               *
             *   *

Depois desta escassa biografia, resta-me
dar algumas indicações sobre as suas prin-
cipais conseções. No seu Tratado Teologi-
co-politíco não ataca a sua crença, mas sim
o fanatismo. Apoia a verdadeira religião
contra as desfigurações. Filosofia e Teolo-
gia são independentes uma da outra, por-
que elas apontam as verdades da natureza
diferentemente. A Revelação ocupa-se da
disciplina moral, do amor de Deus e dos
homens; deixa livre as especulações e as
crênças.

Em matéria de interpretação foi um dos
percursores da critica cientifica.

Não fazia senão retomar o metodo de
interpretação natural dito Peschat, pratica-
da anteriormente por Raschi, Rambam.
Abraham ibn Ezra. Estabelece três facul-
dades de conhecer: a imaginação, a razão e
a intuição.

A maior realidade é a substancia que é
infinita, quere dizer única, que existe neces-
sáriamente, e por amor de si, Deus. Sendo
infinito, Deus tem aspectos ou atributos in-
finitos.

Sómente conhecemos dois destes: o pen-
samento e o entendimento. Estes atributos
sendo infinitos não podem constituir sêres
finitos, os quais são devidos a modificações

  

dos seus atributos, que Espinosa chama
"Modos".

Estes modos produzem os sêres indivi-
duais dos quais cada um tem como dispo-
sição intima o esforço para perseverar no
seu ser.

Deus, enquanto substância infinita, é
chamado "natura-naturante"; enquanto que
êle é uma questão com os modos, é dito
"natura-naturada".

A essência é o principio da vida ema-
nente nos sêres, o ser no que tem de per-
manente e de próprio.

A ideia da Lei aproxima o finito do in-
finito. A alma humana, infinita pela ideia
de Deus, compreende pela consciência a
vida universal que se manifesta nela O bem
supremo e o conhecimento de Deus, nossa
salvação e nossa bemaventurança consistem
num amor constante por Deus. Conhecendo
por uma espécie de necessidade eternal, a
consciência de si próprio de Deus e das
coisas jámais o sábio cessa de ser, asse-
gura para sempre a veçadadeira paz da
alma.

A alma humana não pode acabar inti-
mamente com os corpos; resta dela alguma
coisa de eterna.

Há necessáriamente em Deus uma ideia
que exprime a essência do corpo humano e
esta ideia é necessariamente alguma coisa
que se liga à essência da alma.

Tais são, rapidamente resumidas, a vida
e a filosofia de Espinosa que é toda junta
uma das mais altas figuras morais, um dos
maiores géneros do pensamento, uma das
consciências mais profundamente religiosa
da qual pode orgulhar-se o judaismo e a
humanidade.

Pregunta-se como podem acusa-lo de
ateísmo, êle que tem inergicamente protes-
tado contra esta exprobação, que vê tudo
em Deus, que está ínebriado de Deus.

Tudo tem feito no espirito do judaismo,
combateu o fanatismo, o antro-pomorfismo,
por meios livrar a religião pura, desinteres-
sada, levantando-se, num entusiasmo fer-
vente e que estremesse, ao amôr intelectual
de Deus, á prática da virtude pela sua per-
feição própria, encontrando no supremo co-
nhecimento, na plenitude de intuição ra-


 
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