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Ha-Lapid הלפיד


N.º 055, Nissan 5693 (Abr 1933)







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               HA-LAPID                 7
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insinceridades e muitos interesses incontes-
táveis, em resumo, Hitler e os seus adeptos
chegaram por fim ao poder, tomaram conta
da Alemanha e mandaram nela como em
casa propria. Entre os numeros do pro-
grama para salvação da pátria figurava a
guerra sem quartel ao judeu. Porquê? O
judeu pertence a uma raça que se distingue
pelo trabalho, pela industria e pelo seu amor
à ciência.

Conseqüentemente, e em relação ao seu
número-supõe-se que a população da Ale-
manha seja de cincoenta milhões de habi-
tantes, dos quais seiscentos mil são judeus
-os judeus ocupavam muitas situações de
destaque no comercio, nas industrias, nas
ciencias, no ensino, nas finanças, etc. Os
melhores hospitais da Alemanha são judeus
ou dirigidos por medicos desta confissão
religiosa. Pregunte-se aos melhores medicos
modernos portugueses a que hospitais de-
ram a preferencia para fazerem os seus es-
tudos naquele país. Eles responderão que
foi nos hospitais israelitas que melhor estu-
daram. O que faz a grandeza de uma nação
é, evidentemente, o desenvolvimento das
suas actividades, e quem mais tinha contri-
buído para esse desenvolvimento tinha sido
o elemento semita. O "nazi", porem, consi-
dera que esse desenvolvimento põe em pe-
rigo aquele espirito guerreiro, antigo, laten-
te na raça, embotando o gume das suas
armas aceradas. Era necessario desviar o
espirito da nação daquele campo das acti-
vidades e atrai-lo para o exercicio das vir-
tudes antigas, que animaram Attila com os
seus hunos, assim como outros povos ger-
manícos, e os ímpeliram para a conquista
da Europa em invasões guerreiras que fica-
ram conhecidas na Historia pelas invasões
dos barbaros.

Aquelas actividades que tinham feito a
grandeza da Alemanha moderna, eram paci-
fistas e pacificadoras. Desenvolviam-se na
Paz e eram por seu turno criadores de Paz,
e os seus obreiros mais afincados perten-
ciam a israel. O semita representava, pois o
espirito da Paz a opôr-se á ansia guerreira
prussiana.

E' possivel que muitos "nazis" não for-
mulem esta teoria corn nitidez; e que nem
mesmo a saibam reduzir a uma forma con-
creta e clara e que procedam por instinto e
inconscientemente. Era tambem necessario
encontrar uma expansão para a colera na-



cional, expansão que sera o primeiro passo
para a reconquista da situação anterior a
Grande Guerra Para este efeito foi facil
encontrar o judeu que, apesar de habitar o
solo alemão desde seculos e de se ter inte-
grado completamente na vida nacional, se
podia indicar como estnngdro ocupando
situações que provocavam inveia. O que
deixamos exposto, portanto, explica, a meu
ver, a sanha desencadeada contra os judeus.
Os uniformes "nazis", cujo uso tinha sido
proibido, foram de novo restituidos á vida
e os chefes açularam as suas hostes contra
os judeus desarmados para neles saciarem
os seus odios.

Freud tinha produzido a psico-analise;
Hertz tinha descoberto as ondas hertzianas,
sem as quais Marconi não seria possivel;
Einstein tinha dado ao Mundo a teoria da
relatividade; Ratheneu fôra o primeiro emis-
sário da Paz, que a Alemanha mandara á
França depois na Grande Guerra, mas estes
assim como muitos outros que tinham igual-
mente contribuído prra a grandeza da Ale-
mànha e bem da Humanidade eram todos
judeus. Tinham de ser sacrificados porque
não representavam o espirito da guerra e
era esse espirito que se tornava necessário
aguçar no peito dos jovens prussianos. Pe-
las horas da noite, os altos falantes gritaram
a tôda a Alemanha: "Die juden sind unser
Ungluck" mas o pregão sinistro também
écoou para fora da Alemanha e ressoa aos
quatro cantos da Terra. A indignação não
atingiu só os judeus; com sentimento pro-
fundamente cristão acudiram em seu favor
homens de ânimo generoso, em cujas veias
não corre o sangue semita e cujos nomes
devem ficar gravados no coração dos judeus
com gratidão.

E' ainda com as palavras de um destes,
que desejamos encerrar as nossas conside-
rações; diz Lloyd George no seu livro "Para
onde vamos?" -publicado recentemente
"De todos os fanetismos, que envenenam a
Humanidade, não ha nenhum tão absurdo
como o anti-semitísme. Não se funda na
razão; não se ampara na fé; não aspira a
um ideal; é uma herva brava e daninha a
crescer entre os ódios de raça. Quanto êle
é destituído de razão, pode julgar-se pelo
facto de que se limita, quási exclusivamente,
às nações que prestam culto aos profetas
hebraicos: que consideram a literatura na-
cional dos judeus como mensagem de ins-


 
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