HA-LAPID 7 ========================================== insinceridades e muitos interesses incontes- táveis, em resumo, Hitler e os seus adeptos chegaram por fim ao poder, tomaram conta da Alemanha e mandaram nela como em casa propria. Entre os numeros do pro- grama para salvação da pátria figurava a guerra sem quartel ao judeu. Porquê? O judeu pertence a uma raça que se distingue pelo trabalho, pela industria e pelo seu amor à ciência. Conseqüentemente, e em relação ao seu número-supõe-se que a população da Ale- manha seja de cincoenta milhões de habi- tantes, dos quais seiscentos mil são judeus -os judeus ocupavam muitas situações de destaque no comercio, nas industrias, nas ciencias, no ensino, nas finanças, etc. Os melhores hospitais da Alemanha são judeus ou dirigidos por medicos desta confissão religiosa. Pregunte-se aos melhores medicos modernos portugueses a que hospitais de- ram a preferencia para fazerem os seus es- tudos naquele país. Eles responderão que foi nos hospitais israelitas que melhor estu- daram. O que faz a grandeza de uma nação é, evidentemente, o desenvolvimento das suas actividades, e quem mais tinha contri- buído para esse desenvolvimento tinha sido o elemento semita. O "nazi", porem, consi- dera que esse desenvolvimento põe em pe- rigo aquele espirito guerreiro, antigo, laten- te na raça, embotando o gume das suas armas aceradas. Era necessario desviar o espirito da nação daquele campo das acti- vidades e atrai-lo para o exercicio das vir- tudes antigas, que animaram Attila com os seus hunos, assim como outros povos ger- manícos, e os ímpeliram para a conquista da Europa em invasões guerreiras que fica- ram conhecidas na Historia pelas invasões dos barbaros. Aquelas actividades que tinham feito a grandeza da Alemanha moderna, eram paci- fistas e pacificadoras. Desenvolviam-se na Paz e eram por seu turno criadores de Paz, e os seus obreiros mais afincados perten- ciam a israel. O semita representava, pois o espirito da Paz a opôr-se á ansia guerreira prussiana. E' possivel que muitos "nazis" não for- mulem esta teoria corn nitidez; e que nem mesmo a saibam reduzir a uma forma con- creta e clara e que procedam por instinto e inconscientemente. Era tambem necessario encontrar uma expansão para a colera na- cional, expansão que sera o primeiro passo para a reconquista da situação anterior a Grande Guerra Para este efeito foi facil encontrar o judeu que, apesar de habitar o solo alemão desde seculos e de se ter inte- grado completamente na vida nacional, se podia indicar como estnngdro ocupando situações que provocavam inveia. O que deixamos exposto, portanto, explica, a meu ver, a sanha desencadeada contra os judeus. Os uniformes "nazis", cujo uso tinha sido proibido, foram de novo restituidos á vida e os chefes açularam as suas hostes contra os judeus desarmados para neles saciarem os seus odios. Freud tinha produzido a psico-analise; Hertz tinha descoberto as ondas hertzianas, sem as quais Marconi não seria possivel; Einstein tinha dado ao Mundo a teoria da relatividade; Ratheneu fôra o primeiro emis- sário da Paz, que a Alemanha mandara á França depois na Grande Guerra, mas estes assim como muitos outros que tinham igual- mente contribuído prra a grandeza da Ale- mànha e bem da Humanidade eram todos judeus. Tinham de ser sacrificados porque não representavam o espirito da guerra e era esse espirito que se tornava necessário aguçar no peito dos jovens prussianos. Pe- las horas da noite, os altos falantes gritaram a tôda a Alemanha: "Die juden sind unser Ungluck" mas o pregão sinistro também écoou para fora da Alemanha e ressoa aos quatro cantos da Terra. A indignação não atingiu só os judeus; com sentimento pro- fundamente cristão acudiram em seu favor homens de ânimo generoso, em cujas veias não corre o sangue semita e cujos nomes devem ficar gravados no coração dos judeus com gratidão. E' ainda com as palavras de um destes, que desejamos encerrar as nossas conside- rações; diz Lloyd George no seu livro "Para onde vamos?" -publicado recentemente "De todos os fanetismos, que envenenam a Humanidade, não ha nenhum tão absurdo como o anti-semitísme. Não se funda na razão; não se ampara na fé; não aspira a um ideal; é uma herva brava e daninha a crescer entre os ódios de raça. Quanto êle é destituído de razão, pode julgar-se pelo facto de que se limita, quási exclusivamente, às nações que prestam culto aos profetas hebraicos: que consideram a literatura na- cional dos judeus como mensagem de ins-
N.º 055, Nissan 5693 (Abr 1933)
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