8 HA-LAPÍD =========================================== piração divina e cuja esperança na salvacão esterna reside nos preceitos e promessas dos grandes ensinadores de judá... E com tudo aos olhos dos anti-semitas, os judeus de hoje nada podem fazer de bom. Se são ricos, são aves de rapina; se são pobres, são uma ralé abjecta. Se são a favor da guerra, é porque que- rem explorar os povos em proveito proprio; se anseiam pela Paz, e que são cobardes e traidores. Se dão com generosidade-e não ha quem dê com mais generosidade do que eles-é porque teem mira algum fim egoís- ta; se não dão, "que ha a esperar da ava- reza dos judeus?" Se o capital esmaga o trabalho, a res- ponsabilidade é atribuida ao judeu; se o tra- balho se ínsurge contra o capital, como su- cedeu na Russia, a responsabilidade é ainda dos judeus. Se vive em terras estranhas, é necessario expulsa-lo ou mata-lo; se quer regressar á sua patria antiga, é necessario impedi-lo. Por toda a parte, durante seculos tudo quanto faz ou não faz, provoca inevi- tavelmente o eco já tão longínquo e nunca oblíterado, daquele grito da baixa ralé de Jerusalem contra um judeu que ainda hoje ilumina uma grande parte da Humanidade: "Crucifiquem-no!..." Nunca nenhuma na- ção colheu qualquer proveito de crucificar judeus-De v., etc.-Adolfo Benarus. Do "Diário de Noticiasw Lisbon, 16-abril-1933. o o o OS JUDEUS DA GALICIA BERLIM, 29 de Abril. Acabo de ler a carta do sr. Samuel Schwarz, no "Diário de Noticias" de 25 do corrente. Se uns 100 000 judeus que habitavam a parte austríaca da actual Polonia, eram su- bditos russos mais de dois milhões de is- raelitas, estabelecidos em território hoje polaco, aos quais se generalizou a denomi- nação (corrente aqui para os judeus orien- tais) de "Galizierjuden". Ninguem apodou tôda a população ju- daica da Galicia de "escrocs", etc, Afirmei que os chamados "judeus da Galician for- neceram grande percentagem destes, O sr. Schwarzs não o nega... Uma fiscalização não pode, pois, ter inconveniente. A ortodoxia religiosa dos israelitas ga- licianos não é argumento de defesa, neste caso, e o facto de êles terem produzido eminentes valores na literatura judaica na- da altera "que nunca produziram coisa que se visse para a Civilização". Por Civiliza- ção entende-se, evidentemente, a geral e não a restritamente hebraica Estabeleci, pois, a comparação com as férteis obras, geniais e mundiais, dos grandes israelitas do Ocidente. Obras de tal quilate não as atribui o sr. Schwarzs a um só conterrã- neo seu... porque não pode. Na minha carta disse claramente que a atitude de numerosos "Galizierjuden" não era a causa única da actual campanha anti- judaica alemã, e de modo algum deve con- cluir-se, do facto de muitos dêles terem contribuído para ela, a justificação de tal campanha. Não moveu a minha pêna, pois, qual- quer sentimento de animosidade (que não tenho) contra quem quer que seja, mas tão sómente o desejo, como português, de pôr de sobre aviso os meus compatriotas, para que se não junte, inutilmente, aos muitos problemas nacionais, mais o do ódio anti- semita, que é mais que tudo um fenómeno de sugestão colectiva e de que o nosso Pais se encontra felizmente, liberto há tantos anos. Avisar era meu dever. Cumpri-o não só no interesse nacional, mas tambem no dos israelitas portugueses, dignos de tôda a simpatia e entre os quais conto bons ami- gos. Os pormenores são de ordem secun- dária e não era intenção minha voltar a to- car nêles, além de que me limitara a citar apenas bem poucos. O sr. Schwarz sera certamente o primeiro a concordar que não convem aos seus correligionários - nem mesmo até aos seus conterrâneos - reme- xer muito esta delicada questão... Oxalá não se chegue a provar nunca, al, que fiz bem em avisar. São estes os meus melhores votos, ao por ponto final. Do "Diario de Noticias" Lisboa, 5 -Maio-1933 AGROS
N.º 055, Nissan 5693 (Abr 1933)
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