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Ha-Lapid הלפיד


N.º 055, Nissan 5693 (Abr 1933)







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N.° 55                             PORTO - Nissan de 5693 (Março 1933 e. v.)                          ANO VII
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Tudo se ilumina                     _______  ___  _______ |=|____  _______                    ...alumia-vos e
para aquele que                    |____   ||_  ||  ___  ||____  ||_____  |                   aponta-vos o ca-
busca a luz.                            | |   |_| \_\  | |    / /   _   | |                   minho.
                                        | |       _____| |   / /   | |  | |
       BEN-ROSH                         |_|      |_______|  /_/    |_|  |_|                          BEN-ROSH

                                                  (HA-LAPID)

                                      Órgão da Comunidade Israelita do Porto

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DIRECTOR E EDITOR: -A. C. os BARROS BASTO (BEN-ROSH)   || COMPOSTO E IMPRESSO NA Empresa DIARIO DO PORTO, Lda
REDACÇÃO-Rua Guerra Junqueiro, 340-Porto               ||           Rua de S. Bento da Victoria, 10
(Toda a correspondencia deve ser dirigida ao director) ||   ---------------- P O R T O ----------------
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A Imprensa Portuguesa e a Campanha
anti-judaica na Alemanha.

Novo Suave Milagre
            Na Nova Germania 

Realizava-se uma solene festividade num
templo duma cidade da Nova Germânia.

Tudo que havia de mais distinto nas
artes, ciências, industria, comércio, banca,
magistratura e funcionalismo assistia aquele
acto de culto oficial.

" De repente, um grupo de jovens hitleria-
nos irrompe na igreja, clamando: - Fóra os
judeus, fora os judeus!

Ouvindo estes gritos, metade da assis-
tência retira-se.

Os energúmenos notam que ainda dentro
do edificio ficam alemães de origem israe-
lita, e de novo bradam:

-Fóra os judeus, fóra os judeus!

Cêrca de metade dos que por função do
cargo, assistiam áquele acto solene, retira
tambem.

Os racistas examinam cuidadosamente
quem ficou dentro do templo, e verificam
que um oficial, combatente da Grande
Guerra, condecorado no campo da batalha
com a Cruz de Ferro, de origem hebraica,
continuava tranquilamente encostado a uma
coluna da igreja.



Então o grupo de alemães, de puro san-
gue germânico, sem qualquer glóbulo se-
mita ou mongol, faz de novo, e com mais
fôrça, ecoar pelas abóbadas góticas o seu
grito feroz:

-Fóra os judeus! Ainda aqul há judeus!
Fóra! Fóra! Não queremos cá nenhum
Judeu!

Eis que um facto maravilhoso ocorre.
Mirabile visu.

Jesus desce lentamente do altar, aproxi-
ma-se do judeu que arriscara a sua vida na
defesa da Germânia. sob o fogo mortífero
dos aliados, e tocando-lhe no ombro, diz
com voz suavissima:

-Tem paciência, irmão, temos que ir
embora!

E assim foi satisfeita a vontade dos
nazis que, coerentes com os seus principios,
vão substituir o judeu jesus de Nazaré, sus-
peito de pacifista e comunista, pelo deus
nacionalista Thor, deus da guerra da antiga
e bárbara Germânia.

                             Ben-Rosh.


 
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