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Ha-Lapid הלפיד


N.º 061, Shebath 5694 (Jan 1934)







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 4             HA-LAPID
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teista na qual o amor é elevado a princí-
pio universal, que determina as relações
familiares e sociais, os fenomenos biolo-
gicos e químicos e as leis cosmicas.

Ao lado dos dois filhos mais velhos
de Don Isac, herdeiros das atitudes cien-
tifico-literarias do pai, lembramos o ter-
ceiro filho Don Samuel, no qual prevale-
ceu o serm pratico e a atitude financeira
do progenitor, dotes que, junto a uma
notavel rectidão, fizeram com que ele
fosse chamado à côr-te de Don Pedro de
Toledo, vice-rei de Napoles, para desem-
penhar um cargo semelhante ao que o pai
tinha tido sob os ultimos Aragonêses.
Como o pai, Don Samuel valia-se da sua
posição eminente para afastar mais duma
tempestade, que se adensava sobre a ca-
beça dos seus irmãos e, como o pai, quiz
compartilhar da sua sorte quando esses
foram expulsos do reino, desdenhando a
imunidade oferecida. Para o decoro da
sua casa contribuiu, e não pouco, sua
mulher Benvenida, cuja virtude é suficien-
temente provada com o facto de que o
vice-rei Don Pedro de Toledo confiou a
ela, uma hebrêa, a educação de sua filha
Eleonora.

Tinhamos deixado Don Isac Abarbanel
em Veneza, entregue aos seus estudos
predilectos Em 1506 recebia ele uma car-
ta de Rabbi Saul Ha-Cohen, de Creta, na
qual lhe apresentava uma soríe de per-
guntas sobre alguns pontos controversos
do guia dos transviados de Maimonides:
prova da consideração que Abarbanel go-
sava entre os seus contemporaneos mesmo
no campo cientifico.

A' carta do Rabbi cretense, Abarbanel
respondeu depois de madura reflecçâo
duma maneira exaustiva. Foi este o seu
ultimo trabalho, porque no ano seguinte,
em 1508, Don Isac Abarbanel findava em
Veneza a sua activa e benefica existencia.
A tradição diz que ele está sepultado em
Padua. Rabbi Samuel Mordecai Girondi
de Padua fala no costume de visitar e tu-
mulo de Don Isac Abarbanel no dia de
Kipur.

Extrato do magnifico artigo, com o
mesmo titulo, na revista La Rassegna
Mensili di Israel-Vol. VII, n.° 6 = Roma,
da autoria de Paolo Colbi.



       A sentença de morte da
         D. Isac Abravanel,
        Rabi-mór de Portugal

Já os leitores sabem que D. Isac. Abra-
vanel, amigo intimo do Duque de Bragança
(que El-Rei D. João II mandou decapitar)
tambem teve que fugir para Castela, mas o
que talvez os leitores não saibam é que D.
Isac foi julgado á revelia e condenado á
morte.

Hoje publicamos a sua sentença. que
constitue um notável documento para a his-
tória dos judeus em Portugal.

Dom joham, por graça de Deus rei de
Portugal e dos Algarves daquem e dalem
mar em Africa, senhor da Guiné, a todos
os juizes e justiças dos nossos reinos a que
esta nossa carta de sentença fôr mostrada
saude. Sabede que à petição do procurador
da nossa justiça fiscal citar fizemos por nos-
sa carta de éditos Isaque Bravanel, merca-
dor, morador em a nossa cidade de Lisboa,
por se dizer contra êle que êle fizera, e or-
denara, e encobrira, e tratara contra nós, e
contra o nosso real estado, e contra o bem e
paz e socêgo de nossos reinos, muitas des-
lealdades e traições, pelas quaes coisas me-
recia morte natural e perder todos os seus
bens moveis e de raiz para a corôa dos nos-
sos reinos; e para bem da dita maldade e
traição o procurador da nossa justiça e fis-
cal o queria demandar para ser encartado,
e sua fama e nome ser danado, e perder os
ditos bens para a dita corôa. E porquanto
se não sabia o logar certo onde era para em
pessoa ser citado, nos pedia que lhe man-
dassemos dar a dita carta de éditos por que
fosse citado. E visto por nós seu dizer e pe-
dir em Relação, com os do nosso conselho
e desembargo viramos a inquirição, devas-
sa e antes por que se mostravam as ditas
culpas e erros do dito Isaque Bravanel, pela
qual mandaremos passar a dita carta de
éditos, e lhe assinamos termo de quarenta
dias, a que viesse perante nós por pessoa
para ser ouvido com o dito procurador e
fiscal da nossa justiça, e tosse certo que se


 
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