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Ha-Lapid הלפיד


N.º 061, Shebath 5694 (Jan 1934)







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 6            HA-LAPID
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não tinham tanto quanto haviam mister,
mandaram dizer ao dito réu que viesse a
Moura para dar avimento que o dito duque
houvesse dinheiro, do que ele deixara em
estes nossos reinos; o qual viera á dita vila
de Moura, e na fortaleza da dita vila falara
com Isac Abravanel, filho de Samuel Abra-
vanel, dando aviamento para haver dinhei-
ro do que lhe ficara nestes reinos, e acon-
selhando muitas coisas da deslealdade con-
tra nosso serviço, bem, paz e socego dos
ditos nossos reinos.

E que depois de nós mandarmos matar
o dito de Diogo, duque de Vizeu, e outros
seus cumplices e conjurados, ele réu fóra
destes nossos reinos fez, tratou, ordenou, e
aconselhou, e, quanto nele foi, em obra poz
muitas coisas de deslealdade e contra nosso
serviço e bem e prol comum dos ditos nos-
sos reinos, e que disto era publica voz e
fama. Pedindo-nos o nosso procurador e fis-
cal que, por bem do que dito é, por nossa
sentença definitiva pronunciassemos que o
dito réu morresse cruel morte, e todos os
seus bens moveis e de raiz fossem perdidos
e confiscados para a corôa dos ditos nossos
reinos. O qual libelo nós julgamos que pro-
cedia, e o contestamos á revelia do dia.
Abravanel, réu, por negação, e julgamos que
era contestada quanto avondava; e porque o
libelo da justiça era articulado, julgamos os
artigos por pertencentes, e mandamos ao
dito réu, que se tivesse artigos contrarios
que viesse com eles, com os quaes ele
veio, e foi lançado deles, e á sua revelia
demos logar á prova do procurador da dita
justiça, o qual deu em prova contra ele a
inquirição devassa, que por este caso era
tirada, e assim outros autos, e por ali houve
sua inquirição por acabada, e nós o lançar
mos de mais prova; e foi feita a dita inqui-
quiríção devassa judicial com o dito réu, e
mandamos que o dito réu houvesse a vista,
e razoasse, e dissesse de seu direito, sem
ele nunca aparecer, nem outrem por ele e
á sua revelia o lançamos das razões; e final-
mente mandamos levar o dito feito perante
nós concluso; e visto por nós em relação
com os do nosso desembargo: acordamos,
visto este feito e o que se por ele mostra, o
libelo do procurador da justiça dado contra
Isaque Bravanel, e a contestação do dito li-
belo, e a prova a ele dada e como assim
pelos autos deste feito, como pela informa-
ção que se mais ha desta maldade e traição,



assim pela muita amizade e conversação
que o dito Isaque Bravanel tinha com o Du-
que que foi de Bragança e com seus irmãos,
e a bemfeitoria que ele houve do dito Duque,
e como ele fugiu e se amorou destes nossos
reinos para os de Castela, onde agora anda,
sem mais querer vir e tornar para estes rei-
nos, sem embargo de lhe mandarmos escre-
ver que viesse, e se tornasse para eles com
sua segurança, o que nunca quiz fazer, pelo
qual se conclue que ele era sabedor e trata-
dor da maldade e da traição, que o dito
Duque tinha tratada, maquinada, e conspira-
da contra nós, e contra nosso real estado, e
contra o bem, paz e socêgo destes nossos
reinos, mandamos que o dito Isaque Brava-
nel morra cruel morte natural, e tanto que
for achado e havido nestes reinos, logo seja
enforcado e morra na forca, e esteja nela
para sempre, e havemos por confiscados
todos seus bens moveis e de raiz para a
corôa dos ditos nossos reinos, á qual tudo
direitamente pertence.

E porem vos mandamos que assim o
cumprais e guardeis, e façaes cumprir e
guardar, como por nós e acordado e man-
dado, unde al nom façades. Dada em a nos-
sa vila de Partel, trinta dias do mês de Maio,
El-Rei o mandou pelo Doutor joham de El-
ves, do seu conselho e corregedos da sua
cõrte, Joham Diaz a fez, ano do nascimento
de nosso senhor Jesus Cristo de mil e
quatro centos e oitenta e cinco."

               Torre do Tombo, gaveta 29
                  maço 1.° n.° 14

                o o o

Confederação Universal
dos judeus sefardim

Varias notabilidades judaicas sephardim
resolveram organisar uma confederação uni-
versal dos sephardim (judeus de origem ibe-
rica). A ideia foi bem acolhida por varias
comunidades' mediterraneas.

Em outubro de 1932 o Rabb-mór Ovadia
da Congregação sefardita oriental de Paris
foi a Londres conferenciar com a Spanish
á Portuguese Congregatlon, a fim de ver se
conseguia a adesão desta important comum-
dade a nova confederação. '

No mês de Junho passado Rabbi Ovadia


 
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