HA-LAPID 4 =========================================== A educação entre os israelitas há 3.000 anos Se compararmos a nossa pedagogia actual com a do povo israelita teremos de confes- sar que os progressos desta ciencia têm sido relativamente poucos ou, e é o mais acertado, que os israelitas tiveram bem cedo a mais perfeita noção dela. Na Terra Santa, em Babilónia ou em qualquer dos lugares onde os Hahamim fundaram ou dirigiram escalas, empregaram- se métodos que ainda não receberam maior perfeição. Como pedagogo clássico ocupa o pri- meiro lugar o Rabbi Aba Arika, que, com o auxilio dos Rabbis Samuel e Shilat, con- seguiu pôr em vigor todas as suas deter- minações. Necessitava porém, recompensar o professor mas essa recompensa era a titulo de cuidar das crianças nos seus fol- guedos, pois o ensino era gratuito. O Rabbi Yahanan concordou que o professor rece- besse ordenado, não pelo ensino, mas pela explicação da Torah. O primeiro Rabbi pago foi o Rabbi Shilat, que, por isso pôde dedicar toda a sua vida ao ensino; e, quan- do o cobrador de impostos passava, não entrava em casa dele; é por isso que se diz: "os professores que ensinam brilharão como as estrêias do céu". Rabbi Akibah decretou que não se so- brecarregassem muito as crianças; o traba- lho a exigir-lhes devia ir aumentando com a idade. As crianças só poderiam entrar para a escola aos seis anos de idade. Não era permitido empregar castigos fisicos mesmo para os alunos preguiçosos: o professor devia ter a necessária paciência, e, como castigo envergonharía o aluno ou pô io-ia junto dos estudantes bons e bem comporta- dos. Tratava-se de evitar que as crianças tivessem de ir de muito longe para a escola, necessltassem de atravessar correntes de água ou seguissem por mau caminho. Não havendo escola que satistizesse a estas con- dições fundava-se, tendo o cuidado de es- colher um bom professor. O senador Shimeon ben Shatah, no sé- culo II antes de Cristo decretou o ensino obrigatório; todos os pais tinham pois, de mandar os filhos à escola lógo que atingis- sem seis anos de idade. Por estas ligeiras considerações com- preende-se facilmente o grande desenvolvi- mento que a ciência da educação atingiu entre os israelitas. Norberto A. Morêna Nota: (os elementos para êste artigo toram fornecidos pelo nosso amigo snr. Menasseh Bendob). o o o DREYFUS No dia 12 de Julho do corrente ano morreu tranquilamente em Paris, na sua residência, no meio do carinho dos seus, com 76 anos de idade o Tenente-Coronel Altredo Dreifus, oficial da Legião de Honra. Dreifus foi o homem em torno do qual se apaixonou a opinião pública de França e do mundo inteiro nos últimos anos do século passado e dos primeiros dêste. Como alguns jovens leitores não conhe- cem o célebre processo, dá-mos o resumo dos factos principais dessa causa: Em Agosto de 1893, o serviço de contra- -espionagem, francês apoderou-se dum pe- queno relatório, que acompanhara impor- tantes documentos militares, enviados por um oficial francês ao adido militar alemão em Paris, Schwarzkopfen; o capitão Dreifus, de origem alsaciana, foi acusado de ser o autor desse resumo e porisso preso e incri- minado como réu de alta traição. Em Dezembro desse ano foi o capitão responder perante um Conselho de Guerra, que em sessão secreta o julgou e condenou a deportação militar para a iiha do Diabo. Antes de seguir ao seu destino foi o capitão sujeito à infamante cerimónia da exautora- ção. O inocente oficial começou na ilha o seu martirio. Algum tempo depois o tenente-coronel Piquart, do Serviço Secreto, adquire provas da inocência de Dreifus e descobre o ver- dadeiro culpado, e ajudado pelo irmão do acusado injustamente, Matieu Dreifus, e depois pelo Senador Kestner começa um movimento em prol da revisão do processo. A primeira fase dessa agitação conclue-
N.º 071, Tamuz-Ab 5695 (Jun-Jul 1935)
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