4 HA-LAPID ========================================= cento e cinquenta homens do seu partido. A sua morte trouxe pertubaçôes. No dia seguinte Hebreus clamavam contra Moisés e Arão "Vós fizestes morrer o povo do Eterno"; porém a nuvem di- vina desceu sôbre o tabernáculo e o castigo mostrou-se bem aos olhos de todos; já os revoltosos caiam consumidos por um fogo devorador quando Arão suplicou ao Senhor e o fogo cessou. Entretanto a geração saída do Egipto desaparecia pouco a pouco. Estavam no comêço do quadragéssimo ano; depois de trinta e três paragens Moisés chegou a Kades, no deserto de Sin próximo do lugar em que parára na tentativa para entrar na Terra Prometida. A falta de água provocou uma nova re- volta. Como no Monte Horeb, Moisés, tocando um rochêdo com a sua vara fez saltar uma nascente abundante; mas tanto êle como o seu irmão duvidaram por um instante deste milagre, a pesar-da promessa divina, e Deus diz-lhe: "Tu e teu irmão duvidaste de mim; também vós não entrareis na terra que da- rei ao vosso povo". Estas palavras cumpriram-se rapidamente com respeito a Arão; pois não tardou a morrer sôbre a montanha de Hor. Eliezar, seu filho, sucedeu-lhe no cargo de sacerdote. (Continua) ------------- Historietas judaicas Um dia um filho gastador pediu dinheiro a seu pai, acrescentando: ... e se tu me recusas o que peço, farei uma coisa terrivel, uma coisa que nenhum judeu, nem cristão nunca fizeram. O pai assustado deu-lhe o dinheiro e depois perguntou-lhe: -Que farias tu, meu filho, se eu não ti- vesse satisfeito o teu pedido? O filho respondeu tranquilamente: -Teria posto os meus tefilins no dia de shabbat (sabado). O dogma na religião israelita por NORBERTO A. MORENO Dirijo-me duma maneira geral a todos que se dão ao cuidado de ler o Ha-Lapide duma maneira especial a vós, jovens israe- litas, creanças de hoje e homens de amanhã, que estais pouco familiarizados com o culto e preceitos da religião dos vossos antepas- sados. Procedo assim porque compreedo a ne- cessidade de vos ensinar aquilo que os vossos pais não puderam talvez fazer, ou por im- possibilidades devidas ás preocupações da vida material ou mesmo por terem também sido educados numa atmosfera em que já se fazia notar o esquecimento das brilhantes tradições israelitas. Evidentemente é a infância que se deve aproveitar para vos ensinar a amar aquilo que é digno de ser amado, respeitar o que é respeitável e admirar o que merece admi- ração. Tudo quanto seja grande e belo im- preciona as crianças e os bons sentimentos que lhe chegam a passar pelo coração dei- xam nêle impressões que quási se poderão dizer inapagáveis. Hoje, meus caros amigos, dir-vos-ei al- gumas palavras sôbre o dogma israelita, assunto de importância capital para todos aquêles que se podem orgulhar de descen- der do povo que, sob o ponto de vista re- ligioso deu o mais sublime dos exemplos. Como todas as outras, a religião israe- lita tem as suas crênças particulares; pro- clama um certo número de princípios, de verdades que nenhum israelita deve ignorar. Todas estas verdades e crênças próprias do judaísmo constituem, em conjunto, aquilo que se designa com o nome de dogma israelita. Poderemos, pois, dizer que a existência de Deus, a sua absoluta uni- dade e providência, a eleição de Israel, a imortalidade da alma são outros tantos dogmas que constituem a essência da nossa fé. Compreendeis assim o importante lugar que o dogLua ocupa no ensino da religião. Como, pois, poderá ser um bom israe- lita aquêle que não está ao facto das crênças da sua religião ? O dogma é, nada mais nada menos que a base dum grande edifício; não o cons-
N.º 075, Tamuz 5696 (Jun 1936)
> P04