HA-Lapid 5 ========================================== truindo solidamente ou destruindo essa base o edificio desmoronar-s-á rapidamente. Tor- na-se, por isso necessario que sejamos arqui- tetos cuidadosos e isso só se cousegue estu- dando também cuidadosamente as vossas crenças. E á luz do dogma que se iluminam não so a nossa história e as nossas práticas re- ligiosas, mas até os próprios deveres da moral. A oposição que o povo de israel fêz, quer a seduções, quer a ameaçar, as lutas que sustentou no mundo, as perseguições que sofreu, só poderão ser bem compreen- didas por nós se conhecermos o valor do tesouro que êle defendia e a enorme dife- rença que havia entre as suas crenças e as que freqüêntemeete lhe quizeram impor. Quanto aos ritos e cerimónias do culto, que podem êles significar para nós se es- quecermos as verdades de que simplesmente são o símbolo visivel? Sem dúvida não pas- sarão de vão formalidades, comparáveis a um corpo sem alma; o hábito poderá con- servá-las, mas não terão influência alguma nem no nosso coração nem no nosso espi- rito. A própria moral, como já disse, neces- sita apoiar-se sôbre o dogma. Não há dúvida que temos a consciência para nos guiar; mas necessáriamente tem de haver uma autoridadade soberana e sem apelo que é juiz da nossa conduta, que é o poder infalível e equitativo, e que recom- pensa cada um segundo os seus méritos; qual será esse poder e qual a natureza da sua recompensa? Só o estudo do dogma pode resolver estas importantes questões. Esse estudo não é dificil e pode ser compre- endido mesmo por creanças, pois é claro como as suas jovens inteligências, claro como a luz e claro como a verdade. Nós não possuímos mistérios insondá- veis daquêles que chegam a fazer desespe- rar a razão humana. Precisamente a res- posta a todas as necessidades da inteligência sem violentar de maneira alguma as leis que a dirigem, é que constitue uma glória da religião israelita. Falando de dogma é natural que se comece por Aquêle que "é, foi e será", isto é, por Deus. Não é porque seja possível penetrar na natureza de Deus; só o tenta-lo seria uma impiedade. A pequenês da inteli- gencia humana de maneira alguma permite medir a grandeza do Sêr supremo. Nem Moisés, o inspirado legislador, o princepe dos profetas, conseguiu compreender a su- blime essência de Deus. Contudo poderemos ver o que a Sagrada Hiscritura nos ensina sôbre as suas perfeições, podemos observar a sua constante acção na natureza e na his- tória e assim brilharão por toda a parte aos nossos olhos os sinais da sua bondade e jus- tiça, bem como os traços da sua Providên- cia. O segundo lugar no estudo do dogma deve ser ocupado pela eleição de Israel. Deus dignou-se escolher, de entre todos os povos, um ao qual confiou um resumo de verdades que um dia brilharão por toda terra, transformando a num verdadeiro facho que juntamente com a sua luz derramará também a felicicidade moral e espiritual. Esse povo é constituido pela posterio- ridade dos piedosos patriarcas que consa- graram a vida inteira à glória de Deus. Libertos duma longa e triste escravidão, os israelitas chegam ao pé do Monte Sinai, lugar em que se passa a importante reve- lação em que Moisés desempenhou o im- portante papel que já todos conhecemos. Uma vez possuidos da Torah Israel pode esquecer algumas vezes, devido a cri- minosas paixões, os seus mais sagrados de- veres, mas a sua lei sai sempre triunfante de todos os perigos. Depois foi admirável- mente guardada e defendida pelos dignos sucessores de Moisés, pelos profetas que, durante séculos, fazem soar, tanto em Jeru- salém como em Samaria, na Palestina como na Babilônia, as suas eloqüêntes e infla- madas predicas. A causa de todos os seus esforços, a única tarefa da sua vida é con- servar intacta e pura esta religião que saiu tão bela e tão perfeita das mãos do Todo- Poderoso. Finalmente, para não me alargar muito em considerações, em terceiro lugar referir- -me-ei ao destino do homem, ao fim da sua existencia e ao futuro que lhe está reservado quando êle entregar à terra os seus mortais despojos. Os nossos livros sagrados apresentam- -nos uma solução para todos estes impor- tantes problemas que em todos os tempos têm preocupado o espírito humano e mais uma vez nos convencem de que as crenças da religião israelita estão de harmonia com as secretas aspirações da nossa alma. O judaismo coloca o homem na mais elevada fila da creação, põe os seus destinos nas suas próprias mãos e promete-lhe como recompensa dos seus virtuosos esforços uma feliz imortalidade.
N.º 075, Tamuz 5696 (Jun 1936)
> P05