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Ha-Lapid הלפיד


N.º 075, Tamuz 5696 (Jun 1936)







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                HA-Lapid                5
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truindo solidamente ou destruindo essa base
o edificio desmoronar-s-á rapidamente. Tor-
na-se, por isso necessario que sejamos arqui-
tetos cuidadosos e isso só se cousegue estu-
dando também cuidadosamente as vossas
crenças.

E á luz do dogma que se iluminam não
so a nossa história e as nossas práticas re-
ligiosas, mas até os próprios deveres da
moral. A oposição que o povo de israel fêz,
quer a seduções, quer a ameaçar, as lutas
que sustentou no mundo, as perseguições
que sofreu, só poderão ser bem compreen-
didas por nós se conhecermos o valor do
tesouro que êle defendia e a enorme dife-
rença que havia entre as suas crenças e as
que freqüêntemeete lhe quizeram impor.

Quanto aos ritos e cerimónias do culto,
que podem êles significar para nós se es-
quecermos as verdades de que simplesmente
são o símbolo visivel? Sem dúvida não pas-
sarão de vão formalidades, comparáveis a
um corpo sem alma; o hábito poderá con-
servá-las, mas não terão influência alguma
nem no nosso coração nem no nosso espi-
rito. A própria moral, como já disse, neces-
sita apoiar-se sôbre o dogma.

Não há dúvida que temos a consciência
para nos guiar; mas necessáriamente tem de
haver uma autoridadade soberana e sem
apelo que é juiz da nossa conduta, que é o
poder infalível e equitativo, e que recom-
pensa cada um segundo os seus méritos;
qual será esse poder e qual a natureza da
sua recompensa? Só o estudo do dogma
pode resolver estas importantes questões.
Esse estudo não é dificil e pode ser compre-
endido mesmo por creanças, pois é claro
como as suas jovens inteligências, claro
como a luz e claro como a verdade.

Nós não possuímos mistérios insondá-
veis daquêles que chegam a fazer desespe-
rar a razão humana. Precisamente a res-
posta a todas as necessidades da inteligência
sem violentar de maneira alguma as leis que
a dirigem, é que constitue uma glória da
religião israelita.

Falando de dogma é natural que se
comece por Aquêle que "é, foi e será", isto
é, por Deus. Não é porque seja possível
penetrar na natureza de Deus; só o tenta-lo
seria uma impiedade. A pequenês da inteli-
gencia humana de maneira alguma permite
medir a grandeza do Sêr supremo. Nem
Moisés, o inspirado legislador, o princepe
dos profetas, conseguiu compreender a su-

 

blime essência de Deus. Contudo poderemos
ver o que a Sagrada Hiscritura nos ensina
sôbre as suas perfeições, podemos observar
a sua constante acção na natureza e na his-
tória e assim brilharão por toda a parte aos
nossos olhos os sinais da sua bondade e jus-
tiça, bem como os traços da sua Providên-
cia. O segundo lugar no estudo do dogma
deve ser ocupado pela eleição de Israel.

Deus dignou-se escolher, de entre todos
os povos, um ao qual confiou um resumo
de verdades que um dia brilharão por toda
terra, transformando a num verdadeiro facho
que juntamente com a sua luz derramará
também a felicicidade moral e espiritual.

Esse povo é constituido pela posterio-
ridade dos piedosos patriarcas que consa-
graram a vida inteira à glória de Deus.

Libertos duma longa e triste escravidão,
os israelitas chegam ao pé do Monte Sinai,
lugar em que se passa a importante reve-
lação em que Moisés desempenhou o im-
portante papel que já todos conhecemos.

Uma vez possuidos da Torah Israel
pode esquecer algumas vezes, devido a cri-
minosas paixões, os seus mais sagrados de-
veres, mas a sua lei sai sempre triunfante
de todos os perigos. Depois foi admirável-
mente guardada e defendida pelos dignos
sucessores de Moisés, pelos profetas que,
durante séculos, fazem soar, tanto em Jeru-
salém como em Samaria, na Palestina como
na Babilônia, as suas eloqüêntes e infla-
madas predicas. A causa de todos os seus
esforços, a única tarefa da sua vida é con-
servar intacta e pura esta religião que saiu
tão bela e tão perfeita das mãos do Todo-
Poderoso.

Finalmente, para não me alargar muito
em considerações, em terceiro lugar referir-
-me-ei ao destino do homem, ao fim da sua
existencia e ao futuro que lhe está reservado
quando êle entregar à terra os seus mortais
despojos.

Os nossos livros sagrados apresentam-
-nos uma solução para todos estes impor-
tantes problemas que em todos os tempos
têm preocupado o espírito humano e mais
uma vez nos convencem de que as crenças
da religião israelita estão de harmonia com
as secretas aspirações da nossa alma.

O judaismo coloca o homem na mais
elevada fila da creação, põe os seus destinos
nas suas próprias mãos e promete-lhe como
recompensa dos seus virtuosos esforços
uma feliz imortalidade.


 
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