HA-LAPID 3 ======================================= hebreu (Judah Abarbanel) publicados em Pesaro em 1535 fala já do autor como se ele fosse já falecido. Alguns anos mais tarde foram expulsos os judeus do Reino de Napoles (1540-1541). Uma grande parte dos exilados dirigiram-se para Sa- lonica (onde ainda existem descendentes de Judah Abarbanel. Numa edição dos Dialogos de Amor de 1541 de Veneza, impressa, in casa de figlivoli di Aldo, le-se do fronstepicio Dialogi di amore com- posti per leone medico, di natione hebreo, e oipoi christiano. Ora como Leon hebreu (Judah Abar- banel) nunca foi convertido ao cristianis- mo, julgo haver qualquer confusão com seu filho Isaac Ben-Judah Abarbanel, que naturalmente já se encontrava na Italia nessa data. As obras inéditas de Leon Hebreu são levadas pela familia para Salonica, onde se perderam num incêndio. En 1559 o Doutor Amatus Lusitano viu em Salonica, em casa de Judah Abar- banel neto de Leão Hebreu (Judah Abar- banel) um manuscrito intitulado "Coeli Harmonia" escrito por Leão Hebreu a pe- dido de Pic de Mirandola. Como Judah Ben Isac Abarbanel, Leão hebreu ou Leão médico, não tinha mais filhos além do que estava em Portugal, conclua-se que o nosso Isaac Ben Judah Abrabanel saira de Portugal, casara, tivera filhos e já não era vivo em 1559. Quando saíra ele de Portugal? Vamos ver se podemos indicar uma data. El-Rei D. Manual 1 de Portugal era irmão do Duque de Vizeu, chefe da com- piração em que se acharam envolvidos os Abarbaneis e por isso forçados a emigrar. D. Manuel ao subir ao trôno recebeu bem os emigrados politicos no seu regresso a Portugal. Natural era que se interessasse pelo pequeno Isaac Ben-Judah Abarbanel, a quem fez batizar e sub o nome de cris- tão-novo o amparasse e vigiasse, trazen- do-o talvez na côrte. D. Manuel morreu em Dezembro de 1521 e antes desta nada nos faz supôr que Isaac Ben-Judah Abarbanel estivesse na Italia. -Morto D. Manuel sucedeu-lhe no trôno D. João III, que logo no inicio do seu reinado fazia prever uma má situação para os cristãos-novos como nos informa Alexandre Herculano-Na História da Ori- gem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, Vol. I Livro III. -Fôsse resultado do curto engenho e da ignorância, fôsse vício da educação, D João III era um fanático. ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... O ódio de D. João III contra a raça hebrea era profundo. Sabia-se e dizia-se geralmente. (1) .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Fazia-se conciliabulos contra os con- versos e excogitavam-se os meios do os exterminar. (2) (1) --Serenissimo Joanne, ...nunc rege, regnun intrante... publicus rumor esset... Joannem juvenem istos novos christianos odio haberer Symicta Lusit. Vol. 31 fol. 70 -quan odiosos le fueron siempre desde su niñez los que tienen errores contra nuestra sancta fé". Informe da Inquisição de Sevilha em 1531: G. 2, M. 1 n.° 17, no Arquivo Nacional. (2) --post mortem regis Emmarmelis... pluries de illis omnibus occidendis, per totum regnum detestan- das fecerunt conjurationes": Symicta Lusit. Vol. 31 f. 8 v. Julgo pois que Isaac Ben-Judah Abar- banel, di nationé hebreo o dipoi christiano e depois ainda judeu, saiu de Portugal para a Itália apoz o falecimento da D. Manuel e se reuniu ao tronco da vélha e nobre árvore judaica dos Abarbaneis e deu origem a novos rebentos. O seu último descendente em linha recta, pelo lado varonil é o actual Consul Geral de Portugal em Istambul (Constan- tinopla) o Snr. Jaques Abravanel, a quem tive o prazer e honra de abraçar, na Sina- goga do Pôrto, pelo duplo motivo de ser o portador dum grande nome de judeu português e de êle ter vindo expressa- mente a Portugal apresentar-se ao serviço militar pelo que não queria deixar de ser portugués. Mêses depois do seu regresso a Istambul o Govêrno da República Por- tuguêsa nomeava-o Consul Geral Hono- rário. A boa raça não desmente. Barros Basto
N.º 081, Tishri-Heshvan 5698 (Set-Out 1937)
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