6 HA-LAPID ====================================================== 101- Quem pois saberia colher com doçura as flores que eu plantei, podar a minha árvore da sapiên- cia e nela repiscar? 101-Quem poderia conduzir a bem os meus es- critos continuando a tecer a trama e a cadeia dos meus tecidos? 103-Quem enfim. após a minha morte, se ador- naria com os enfeitos da minha fe' e montaria nas mi- nhas muares? 104 - Ninguém fóra de ti, amigo da minha alma e meu herdeiro, tu só que és o meu fiador do que eu devo ao meu Rochedo? 105-É por ti que o meu sêr aspira, ele: enlou- quece junto de ti,-é a ti que eu darei de beber a mi- nha sêde e minha fome; 106-A ti convém a minha brilhante inteligência. o explendor do saber e a sabedoria que me distingue; 107-Ela me vem em parte como herança de meu pai e instrutor, dele que é o pai das ciências e o meu mestre e preceptor; 108-A outra parte, eu a adquiri pelos meus pró- prios esforços; foi com o meu arco e a minha espada que eu fiz a sua conquista. 109-Nela atingi uma grande profundeza, de tal modo que em comparação comigo os sábios de Edom são gafanhotos. 110-Pois que freqüentava as suas escolas, sem que nenhum deles ousasse defrontar-se comigo em combate. 111-Eu triunfo sôbre o que se cala na minha presença; confunda e humilho o meu contraditor 112-Quem é que, de facto, teria a audácia de expor perante mim os fundamentos da Criação e os mistérios da Carro e de Aquêle que o dirige? 113-A minha alma sublime não e' por ventura superior às almas dos da minha pobre geração? 114-Não é a minha imagem fortificada pela po- tência do seu Rochedo enraizada e cerrada no fundo da minha prisão? 115-Contudo ela não cessa de aspirar a subir até ao patamar.-sendo o meu ardente desejo recalca-la nos seus degraus. 116-Meu amigo! Que tens que fazer no seio dum povo de coração impuro? Semelhante a uma macieira no meio dum pinhal bravo? 117-A tua alma ficou pura entre os gentios;- semelhante a uma rosa no meio de espinhos e de ervas. 118-Levanta-te e caminha para atingires o lugar da minha peregrinação; foge daí, vem, semelhando-te à gazeta e a um veado. 119-Regressa à casa de teu pai-para a rocha que te deu origem; a que o meu Deus Protector te proteja! 120-É Ele, o meu Deus, que aplanará os teus caminhos, que te conduzirá da tua prisão para o livra- mento; 121-Ele fará repousar sôbre a tua cabeça as bençãos de teus pais, juntando-lhes também as de meu pai e avô. 122-Possa Ele iluminar as trevas do meu espirito e pela sua grande misericórdia tornar direito o meu caminho tortuoso. 123-É em Deus-meu Pastor-que confiarei o meu braço e é n'Ele-meu Pai-que ponho a minha esperança. 124-Que êle me restitua a minha jóia tão dese- jada, aquêle que eu chamo perante a sua face: meu querido oxalá tu me escutesl 125-Entoarei então um cântico de amor ao meu Criador-durante tôda a minha vida eu lhe cantarei um canto pleno d'amor; ' 126 -Eu lhe apresentarei as minhas oferendas e eu lhe consagarei os meus presentes. 127-É por isto que a minha alma fica ligada ao meu Santo (Deus)-nele está a minha sorte; nele estão os meus olhos e o meu coração. 128-Possa o meu louvor ser agradável ao meu Deus e as palavras do meu canto mais agradáveis que um novilho. 129-Que êle me faça ver a Gloria de Sion, a sua beleza em todo o seu explendor real, onde se realizou a eleição dos Querubins. 130-E que à sua testa apareçam conjuntamente os dois luzeiros: o filho de David e o Tishibita (Elias -o profeta); 131 -E que jámais inimigo algum a possa ofender, e que nenhum arabe ali acampe mais. Notas A nota do número de versiculos é Q a L=130. Nota Primeira -É por causa do meu rapaz que ore¡ a Deus, em metrica rimada. -Que o Rochêdo o salve, o guie, o faça cavalgar sôbre uma nuvem leve. Nota segunda -A minha taça está perante o meu Rochedo, o meu estandarte, a minha nobreza, a minha protecção, Aquêle que livra, que é o Deus que me fez; a Ele ofereço a minha taça. - O meu rebento e o filho do meu vigôr, que Ele o faça sair, a-fim de que me seja dado vêr em liber- dade a minha graça-o meu filho. Nota terceira - Ó meu quinhão, amigo do meu seio, glória do meu ardente desejo, transforma a minha obscuridade em luz, a minha noite em dia. Apressa-te e cavalga sôbre uma nuvem para vires ao teu pai. Sé firme e corajoso! ------------------------------------------------ 1.° Centenário da Fundação da Synagoga "Sohar Hashamaim de Ponta Delgada, fundada em 21 de Dezembro de 1836 Em 21 de Dezembro de 1936 teve logar na mesma com assistência de toda a comunidade; uma oração de arbit. Fez um brilhante discurso referente à vinda dos judeus para Portugal e depois para os Açores o grande sábio Dr. Alfredo Bensaude em seguida; houve ascabots pelos fundadores da Synagoga; misberoh ao Dahal-Misberah ao Ex.mo Snr. Presi- dente da Republica Portuguesa e Ex.mo Snr. Presidente do Conselho e Ex.mos Snrs. Ministros; e em seguida um finissimo chá e variadíssimos dôces, tudo Casher, ter- minando às 23 horas. joaquim Sebag
N.º 081, Tishri-Heshvan 5698 (Set-Out 1937)
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