N.° 81 PORTO - Luas de Setembro e Outubro - 5698 (1937 e.v.) ANO XI ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos e para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | aponta-vos o ca- busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | minho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) O FACHO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECTOR E EDITOR: -A. C. os BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA Empresa DIARIO DO PORTO, Lda Avenida da Boavista, 854-PORTO || Rua de S. Bento da Victoria, 10 (Toda a correspondencia deve ser dirigida ao director) || ---------------- P O R T O ---------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A VIDA DRAMATICA do Marano Isaac Ben-Judah Abarbanel Isaac era filho de Judah Abarbanel, o célebre Leon hebreu, autor dos Diálogos de Amor e neto de Isaac Abarbanel. Acerca de seu avô o Snr. Prof. Joa- quim de Carvalho, no seu opúsculo "Uma apístola de Isaac Abarbanel, diz: -"Isaac Abarbanel, o mais notável dos judeus nados e criados em Portugal no século XV não encontrou ainda um biografo lu- sitano; e no entanto esta biografia, para além da visão da personalidade e do exame da sua influência, exprimiria como nenhuma outra a interferência dos judeus na vida pública portuguêsa quatrocentists e a repercussão da cultura ocidental na mentalidade tradicionalista do Talmud Torah, senão verdadeira Yeshibah lisbo- nense. É que Isaac Abarbanel, ao contrário da generalidade dos seus correligionários, não viveu apenas no âmbito das relações obscuras e dos pequenos interesses dos mesteirais e tendeiros da judiarla de Lis- boa. Exercendo o alto comércio, opulento prestamista do Estado, Coonselheiro de D. Afonso V, amigo e privado da mais alta nobreza de Portugal, gosando de privilégios, que eram excepçõss às leis restrictivas dos judeus, como o viver na cidade fóra do ghetto (bairro judaico), e não trazar no vestuário a degradante estrela, doutrinando na Sinagoga, com- preende-se que fôsse o patrono e o traço de união de Israel com o Estado e Oli- veira Martins visse nele "a exemplificação suprema" da "situação eminente que o povo, a literatura e a civilização judaicas atingiram em Portugal, particularmente sob o reinado de D Afonso V". Vários documentos coevos testemunham insofis- màvelmente as excelentes relações de Isaac Abarbanel com o poderoso Duque de Bragança, D Fernando, e sua familia. Por elas, sem dúvida, se achou envolvido nas conspirações contra D João II -causa directa da fuga para castela, em Junho de 1483, e da sua condenação, à revelia, em 30 de Maio de 1485. Não é meu propósito examinar neste prólogo a sua cumplicidade, nem tampouco a sentença em que o Rei implacàvelmente o condena a "cruel morte natural, e tanto que fôr achado e havido nestes reinos, logo seja enforcado e morra na fõrca, e esteja nela para sempre". ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... Educado (Isaac Abarbanel) na lição tradicional do Talmud, nem por isso o seu espirito viveu à margem do que cons- tituía a formação culta dum português quatrocentista, comprazando-se, com o Azurara, no estadear de autoridades, como Sócrates (através Platão), Aristoteles, Cicero e Séneca. Possuiu, sem dúvida, na mais pura atitude israelita, o senti- mento do eterno e a resignação à vontade
N.º 081, Tishri-Heshvan 5698 (Set-Out 1937)
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