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Ha-Lapid הלפיד


N.º 082, Kislev 5698 (Nov-Dez 1937)







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 6             HA-LAPID
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O sr. capitão Barros Basto manifestou
a todos a sua gratidão pela homenagem
que lhe prestaram."

"Minhas Senhoras e Meus Senhores:

Serão poucas e breves as minhas pala-
vras. Nao quero porém, deixar passar este
dia sem fazer algumas referencias ainda que
ligeiras ao homenageado como já todos sa-
bem. Trata-se, do Snr. Capt. B. Basto,
dignissimo presidente desta Comunidade,
cérebro fertil que sonhou o edificio que
nos abriga actividade incansável que soube
realizar esse sonho.

A acção de S. Ex.cia é tambem, pelo
menos parcialmente, conhecida de quási to-
dos que me escutam.

Abraham Ben Roshé o seu nome hebrai-
co. Faz-nos lembrar o seu homônimo, Abra-
ham, o patriarca Caldeu.

Efectivamente há entre ambos certas
semelhanças:

E' que ambos demonstram um intelecto
superior e uma coragem fóra do vulgar.

Abraham, o Caldeu, foi o primeiro que
ousou proclamar aos quatros ventos a Exis-
tencia de Deus, Sublime verdade que lhe
coube a honra de descobrir.

Abraham Ben Rosh, da geração con-
temporânea, foi o primeiro que ousou
romper o manto neo-cristao regressando
publicamente á religião dos seus antepassa-
dos.

A sua existencia tem sido dedicada
quasi exclusivamente á nobre tarefa de li-
bertar os que, como ele, descendem dos
martires da Inquisição.

A sua inteligencia, força de vontade,
persistencia e tenacidade têm no ajudado
permitindo-lhe iniciar uma era nova uma
era gloriosa na historia dos cristãos-novos
portugueses.

Descrever as dificuldades os desgostos
e os aborrecimentos que a sua missão lhe
tem acarretado seria para mim bastante
dificil, tanto mais que não desejo ser mui-
to extenso.

A sua acção não é menos notável no
campo literário. Cedo começou a escrever,
gravando no papel a sua imaginação viva,
a sua fantasia creadora e a sua inteligência
lúcida.

Na sua obra mais recente que se intitu-
lada "Os Judeus no Velho Pôrto" acentua
essa inteligência pela ajudeza com que sabe
penetrar nos escaninhos dos arquivos, pe-



la fidelidade com que sabe ressuscitaro
passado.

Abraham Ben-Rosh é porém, um ama-
dor de realidades, muito embora tenha
sempre palavras de entusiasmo por tudo
quanto possa concorrer para a glorificação
de um ideal.

A sua divisa é "Fides, Voluntas, Tenaci-
tas" (Com Fé, com Vontade, e com Perse-
verança tudo se alcança).

Não posso deixar de felicita-lo por tão
bem ter sabido honrar esta divisa, com-
preendendo o alto significado destas pala-
vras e extraindo delas tudo quanto con-
correr para o Bem e para Progresso.

Ao mesmo tempo pedirei ao Deus Al-
tíssimo e Uno de Israel que durante muitos
anos o conserve entre nós, para bem do
judaismo em geral e dos maranos em par-
ticular."

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Para a
inauguração da Sinagoga do Porto

Para o
50 aniversario do Cap. Barros Basto

A comunidade Mekor H'aim no Porto
convida para a inauguração da sua Sina-
goga recem contruida, que vai ter lugar
no dia 16 de Janeiro 1938.

   Porto - inauguração da Sinagoga

Fica-se admirado quando se põem estas
duas palavras uma ao pé da outra.

Desde 440 anos, não havia Sinagoga no
Porto e não era precisa. A ultima foi trans-
formada numa egreja e pode ser reconhe-
cida ainda hoje na construção da egreja de
S. Bento da Victoria. A escada que vai
da rua aonde está esta egreja para o Dou-
ro, no povo ainda hoje se chama "Escadas
da Esnoga".

Numa rua transversal vê-se uma velha
casa de patricios na qual provavélmente
Uriel da Costa nasceu e foi educado. Tam-
bém n'outras partes da cidade, que antes
eram comunidades separadas, ainda hoje
se encontram vestigios de velhas Sinago-
gas e ruas de Judeus.


 
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