N.º 082, Kislev 5698 (Nov-Dez 1937) > P07
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página

Ha-Lapid הלפיד


N.º 082, Kislev 5698 (Nov-Dez 1937)







fechar




              HA-LAPID              7
====================================== 

Tambem se vêm muitos nomes que são
conhecidos da história dos Judeus em Por-
mgal. A maior parte das pessoas com es-
tes nomes devem descender de Judeus
mas muitas vezes tambem são nomes mui-
to usados em Portugal que não são uma
prova exacta de descendencia Judia.

Se nós conhecemos hoje os vestígios
da vida comunal Judia no Porto, devemos
a investigações do homem que trabalhou
para a renascença da comunidade do Por-
to, do Capitão Artur Carlos de Barros
Basto que n'estes dias acaba os 50 anos.
Nasceu em 18 de Dezembro de 1887 em
Amarante perto do Porto, e foi educado
como os seus Pais como catolico; ele en-
trou no exercito e como oficial conseguindo
depressa pelo seu valor o interesse dos
superiores, e ainda muito novo tornou-se
capitão, e na Grande Guerra por causa da
sua valentia perante o inimigo foi diversas
vezes condecorado. O seu coração juvenil
estava muito interessado pelos jovens e
foi êle que inaugurou em Portugal os Es-
coteiros. Também a politica já cedo inte-
ressou este valente e êle se juntou ao par-
tido anti-monarquico e como jovem oficial
em 1910 foi o primeiro que poz a ban-
deira da Républica no Porto.

Quando voltou da Grande Guerra ele
fez uma coisa inesperada, foi para Tanger
para entrar oficialmente no Judaísmo. A
converção tem sido bastante comentada e
foi contada em diversos livros; entre ou-
tros no livro do Snr. Marcus Ehrenpreis
que devia ser muito mais conhecido. O
rapaz já muito interessado em casa dos
Pais, viu que o seu Pai a horas certas e
especialmente as sextas-feiras a noite se
retirava a um quarto especial; depois da
morte cedo de seu Pai estas coisas não o
deixaram em paz, até êle saber o segredo,
e tinha a convicção que o seu Paí era um
d'esses cristãos novos que no seu interior
ainda fielmente pertencia ao Judaísmo
dos seus Pais e que da maneira dos seus
antecedentes, adorara o seu Deus. O ho-
mem novo ao qual a egreja Catolica, inte-
normente foi estranha, seguiu a voz do
seu sangue e tentou entrar na filosofia
Judaica. Visitou em Lisboa a Sinagoga a
unica que havia n'esses tempos em Portu-
gal, sentiu-se atirado pelo som das orações
e das melodias e viu cada vez mais certo
e mais claro nos seus sentimentos religio-
sos, Apreenden o hebraico, estudou as



tradições judias e a sua resolução d'entrar
na comunidade Judia consolidou-se. De-
pois d'uma preparação religiosa entenci-
va em Tanger entrou na Aliança de Abra-
ham e aceitou o nome religioso de Abra-
ham Israel Ben-Rosh e casou em Lisboa
a filha d'uma familia judia de muito bom
nome.

Mas ele não tinha reoncontrado só a
sua fé religiosa, como sentiu em si a mis-
são de mostrar aos seus numerosos ir-
mãos que se encontraram na mesma posi-
ção, e para a Liberdade e trazer a salva-
ção das suas dificuldades religiosas; tal
como o seu Pai havia em Portugal dezenas
de milhares de cristãos de descendencia
Judia, que praticavam uma vida dupla,
subjugando-se exteriormente a face da
Egreja Catolica, mas que nos seus senti-
mentos e nos seus usos religiosos ainda
pertencerem ao Deus dos seus Pais.

Ainda nós todos lembramos como se
encontrou a existencia dos Marranos que
se tem conservado até hoje em comunida-
dos inteiras.

O mundo soube o facto emocionante
que nas províncias do Norte de Portugal
havia um grande numero de comunidades
de Marranos ou cristãos novos, que como
os seus Pais antecedentes no segredo,
observavam as suas tradições Judias.

Que heroísmo era preciso para ficar
fiel durante 4 séculos a uma crença proi-
bida pelas forças do Governo, e que
transferiam a sua religião de uma gera-
ção a outra, não é preciso acentuar isto.

É um dos sinais mais bonitos da força que
a religião Judia exerceu sobre os seus
participantes.

Desde 1536 a Inquisição foi introduzi-
da em Portugal e embora ela encontrou
no principio forte resistencia ela estava
sempre a trabalhar para conseguir o seu
fim desastroso. O arquivo Nacional da
Torre do Tombo em Lisboa conserva os
relatorins de não menos de 40.000 proces-
sos da Inquisição que mostram com que
baixeza foram perseguidas as pessoas que
não tinham feito outro mal senão viver na
crença dos seus Pais. Sabia-se bem no sé-
culo dos Marranos das perseguições, mas
eles não quebraram a coragem dos Judeus
segredos e pelo contrario forçaram-nos
na firmeza da sua crença e na sua con-
fiança em Deus.


 
Ha-Lapid_ano12-n082_07-Kislev_5698_Nov-Dez_1937.png [172 KB]
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página