N.º 084, Nisan 5698 (Mar 1938) > P02
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página

Ha-Lapid הלפיד


N.º 084, Nisan 5698 (Mar 1938)







fechar




 2              Ha-Lapid
==============================================

O que foi a inauguração da Sinagoga K. M. H. ?

             (Continuação)

tarefa visto ter sido êle que na cerimónia
da fundação colocou a primeira pedra do
mesmo templo

Seguiu-se o serviço de dedicação da no-
va casa ao culto divino e a oração de Salo-
mão. Esta última-oração que vem na Biblia,
Livro 1.o dos Reis, capitulo 8.°-foi pro-
nunciada pelo snr. Cap. B. Basto. Visto que
os judeus primam como tradicionalistas
ainda aqui se não abandonou o Livro dos
Livros, repetindo se hoje, no século XX, em
terras ocidentais, as mesmas palavras que
pronunciou Salomão no século X em terras
orientais. E foi da mesma maneira o fun-
dador do templo que o fez.

Foram em seguida ditas sucessivamente
orações pelo presidente da República portu-
guesa, pela congregação, pelas vítimas do
fanatismo religioso, pela Spanish & Portu-
guese Congregacão de Londres, pela familia
Kadoorie e por todos os benfeitores. A co-
munidade do Pôrto tributou assim a todas
estas entidades o seu reconhecimento, con-
sideração e veneração.

O Igdal-canto profissional da fé judai~
ca-terminou o oficio litúrgico.

O snr. Cap. B. Basto fez em seguida um
darusch (sermão). Referiu-se com a sua
palavra fluente e entusiástica à longa e no-
bre existência do povo judeu, do qual fez
uma eloqüente apologia.

Finalmente, tocados a orgão, fizeram-se
ouvir: a Portuguesa-hino nacional do he-
roico país em que, salvo o reinado da In-
quisição, os judeus viveram sempre livre-
mente; God save de King (Deus salve o rei)
-hino nacional do diplomático país que
mais tem protegido os judeus em geral e os
maranos em particular; e Hatickvah (Espe-
rança)-hino nacional judaico, único canto
que os Israelitas do mundo inteiro podem
sem prévio ensaio entoar em côro.

Na Biblioteca Dr. David de Sola Pool
teve depois lugar um pôrto de confraterni-
zação. Ouvia-se uma miscelânia de
linguas, faladas por elementos de tôdas
as classes sociais, desde o povo humilde
até às elites, que, não obstante a eterogenei-
dade, mostraram compreender bem que os
judeus, pobres ou ricos, mais cultos ou me-

 

nos cultos, seja qual for a sua origem ou
nacionalidade, são sempre irmãos, descen-
dentes do mesmo pai (Abraham) que soube-
ram, desde há 6.000 anos, engrandecer-se
pela te, pelo ideal, amor ao estudo, à civili-
zação, à Paz e à Justiça.

Seguiu-se ainda uma sessão em que
a mesa era constituida pelos seguintes se-
nhores: Cap. B. Basto (presidente), Paul
Goodman, Dr. Klee, Caceres, Edwards e Dr.
Klee (filho).

O snr. Paul Goodman (digníssimo secre-
tário de Portuguese Maranos Comitee de
Londres, espirito cultissimo, escritor célebre
e trabalhador incansável em pról da causa
judaica, que entre nós deixou muitas simpa-
tias, à parte as suas brilhantes qualidades,
pela maneira paternal e carinhosa como
acolhia os maranos) leu um sem número de
mensagens de toda a parte do mundo e em
tôdas as linguas. Foi esta uma nota extre-
mamente simpática e grata para a jóvem
Comunidade do Pôrto.

A participação espiritual nesta solenidade
de associações, comunidades, homens de
estado, sábios, etc., etc., dos quatro cantos
da terra é honrosa para o judaismo e par-
ticularmente para esta comunidade.

E para os maranos, repito, imensamente
grato saber que o mundo judaico inteiro os
felicita com as mais paternais, carinhosas e
animadoras palavras-a êles que não há
muito começaram a despontar como rosas
timidas da vastidão das cinzas inquisitoriais.

Falaram também os Snrs. Cáceres, do
Conselho dos Anciãos da Comunidade Por-
tuguesa de Londres, que teve a gentileza de
oferecer auxilio material e espiritual à Co-
munidade do Pôrto; o snr. Dr. Klee, presi-
dente da Comunidade de Berlim, que igual-
mente teve a gentileza de lhe oferecer um
sefer torah; e o snr. Dr. Klee (filho) que
fez parte do seu discurso em correcta e pura
lingua hebraica. Todos estes senhores, com
rara eloqüencia, manifestaram a sua admi-
ração pela grande obra realizada pelo snr.
cap. B. Basto.

Muitíssimo mais poderiamos dizer desta
solenidade. Limitàmo-nos, porém, à simples
orientação do programa, assinalando a técnica
inteligente que presidiu à organização do
mesmo.


 
Ha-Lapid_ano12-n084_02-Nisan_5698_Mar_1938.png [169 KB]
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página