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Ha-Lapid הלפיד


N.º 088, Heshvan 5699 (Out 1938)







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 2              HA-LAPID
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dando-as a viver com algumas migalhas que
ele fazia sobrar do sustento das suas ovelhas.

Os corvos conseguem infiltrar algumas
ovelhas ranhosas do seu rebanho no rebanho
do bom pastor. Das bestas carniceiras, al-
guns lobos, disfarçados em cãis de guarda,
simulam ajudar o guia sonhador, que mal
não pensa e que mal não cuida.

As corujas enquanto comem as migalhas
do rebanho vão, num piar manso e suave,
preparando as ovelhas, insuflando nelas ins-
tintos de feras.

Nahash, com os seus encantamentos, a
todos dava aspectos humanos.

Um corvo pela calada da noite entra nos
subterrâneos da torre, levando para ali os
seus malefícios.

E, um dia, quando tudo estava preparado,
toda a horda miserável assalta a torre inde-
fesa, e assenhoreia-se dela.

O sonhador é entregue aos abutres para
que o dilacerem.

Nahash, pelos seus maléficos poderes e
pelos seus sinistros elementos, transforma
algumas das ovelhas mansas em cãis dana-
dos, que abocanham ferozmente o seu bon-
doso amigo e protector. Outras ovelhas
reagem, mas são impotentes para resistirem
ao ando criminoso, que as dispersa e lhes
nega a alimentação, enquanto as rezes dana-
das tinham boa e fresca erva, límpida e
saborosa água, para terem força para mor-
derem o seu guia.

Preparavam-se os abutres para a elimi-
nação de Aíb, quando Deus Bendito, juiz da
eterna verdade, que protegeu Daniel, o pro-
feta, na cova dos leões, fez triunfar a verdade.
E Aíb volta a ocupar a torre e a reparar os
estragos que a maléfica malta havia feito, e
ali vieram de longes terras e dos campos
vizinhos boas almas para saüdar aquele
guia das almas escurecídas.

Pouco tempo antes do sol da verdade
deslumbrar os olhos dos que haviam de
justiçar o apóstolo, uma das rezes do reba-
nho, que haviam danado e que abocanhara
ferozmente o seu preceptor, vinha pedir-lhe
perdão, rogando-lhe que esquecesse todas
as suas maldades e que lhe consagrasse a
sua amizade e carinho, como outrora. Acres-
centava que, encorajado pelo desejo de repa-
ração do dano, fora perante os executores
dos abutres proclamar que havia mentido
contra o sangue inocente do seu mestre,
sujeito a ser vitima ele próprio, e por todos



os locais por onde andava patenteava o seu
arrependimento; que lhe perdoasse, pois,
visto ter assim descarregado a sua cons-
ciencia e feito completamente a reparação
do mal feito.

Aib ouviu-o serenamente e depois res-
pondeu:

-Meu pobre e pequeno judas: vai ao
jardim, toma um galo dos dedicados aos
sacrifícios, sobe ao alto da torre, depena o
galo e espalha todas as suas penas. Quando
tiveres terminada essa obra, volta.

O pequeno judas cabrito montes assim
fez; uma a uma foi arrancando as penas ao
galo e as arremessava para fora do eirado; e
uma leve brisa as fazia esvoaçar e espalhar
pelos campos em redor.

Terminada a sua tarefa, o cabrito montes
voltou dizendo:-Mestre, já fiz o que me
mandaste. Ordenas mais alguma cousa?

-Sim, diz-lhe o Mestre, vais agora
reparar o que fizeste. Vais começar por
apanhar todas as penas que lançaste fora.

-Mestre, isso é impossível. Posso apa-
nhar muitas delas mas nunca todas as penas,
porque muitas as levou o vento para longe e
não sei para onde.

-Pobre alma de cabrito montes, se
não consegues reparar o dano recolhendo
todas as penas extraviadas, cousas facil-
mente palpáveis e visíveis, como podes con-
ceber que esteja reparado o dano das más
palavras que são invisíveis e impalpáveis?
Como é impossível a reparação do dano da
dispersão das penas, mais e muito mais
difícil é a reparação do dano moral. Da mor-
dedura da boca caluniosa fica pelo menos a
cicatriz da dentada.

                           BARROS BASTO.

                 *

SENTENÇAS TALMUDICAS

Está escrito: Tu amarás o Eterno teu
Deus. Isto significa: Faze com que o nome
do Eterno seja amado pela tua maneira de
ser e de agir.- Talmud (Yomah).

O pai que ensina a lei sagrada a seus
filhos tem tanto mérito como se a tivesse
ensinado aos seus netos e aos bisnetos, até
ao fim das gerações. - Talmud (Kidushim).

Sem discípulos não há mestres.- Tal-
mud (Sanhedrin).


 
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