4 HA-LAPID =========================================== O ENSINO RELIGIOSO 1-Necessidade do ensino religioso O maior mal de que enferma a sociedade é a ignorância religiosa. Com o ensino reli- gioso na família não se pode contar muito, porque a maior parte dos pais ou não podem, por falta de tempo ou de competencia, ou não querem ensinar a religião aos filhos. E' necessário, pois, que os preceptores façam compreender aos chefes de família a obriga- ção que lhes impende, de educar ou mandar educar na religião de Moisés os filhos. Os próprios preceptores necessitam de ser de uma persistencia inquebrantável no ensino das crianças, a-fim-de num futuro não muito distante verem uma geração nova composta de bons israelitas e bons cidadãos. Sem o ensino religioso a fé extinguir-se-á. Urge, portanto, não deixar perder os restos da tradição que quatro séculos mantiveram. ainda que decadentemente. Todo o preceptor deve pelo menos desti- nar uma hora todos os sábados e dias festivos ao ensino da religião às crianças. A prepa- ração para Bar-Mitçvah deve ser mais de- morada. Deve-se também, claro está, ír dando instrução mais completa à medida que a idade das crianças vai aumentando. Não se deve mesmo deixar de explicar a religião aos adultos de uma maneira acomo- dada à sua inteligencia. E' conveniente aproveitar para este efeito os sábados e outros dias festivos, à hora que mais apta parecer para a assistencia do povo, durante os ofícios religiosos, por exemplo. II-Métodos de ensino religioso Para que o ensino religioso produza os devidos frutos, torna-se necessário que nele se observem fielmente as recomendações da pedagogia moderna aplicada a este ensino. A primeira delas é que se não reduza o ensino religioso a conseguir que as crianças aprendam de cor, inconscientemente, rotinei- ramente, as fórmulas dos manuais. E' uti- líssimo, é mesmo necessário que elas deco- rem essas fórmulas, para que adquiram um conhecimento breve, claro e rigorosamente exacto das verdades israelitas; mas é tam- bém inegável que o preceptor deve empe- nhar-se em fazer-lhes compreender aquilo que decoram para que o ensino não fique reduzido a um simples exercício de memória, Ninguém ousará afirmar que conhece os principios da religião aquéle que aprendeu fórmulas de cor, mas sem nada compreender: ficou com palavras na memória mas não com ideas. Se quisermos que o ensino religioso for- neça os devidos frutos, comecemos por fazer às crianças uma breve e clara explicação daquilo que elas se propõem decorar, tendo o cuidado de lhes dar a significação das pa- lavras menos conhecidas e das frases mais obscuras. E' um valioso auxílio que se lhes presta, porque a retenção do que se com- preende é sempre menos morosa e menos fatigante. Mandar decorar uma fórmula e só depois explícá-la é processo contrário a todas as regras da pedagogia. Haja também o maior cuidado em que as crianças pronunciem bem e conveniente- mente as palavras das fórmulas. Temos encontrado algumas e até adultos que estro- piam tudo. E note-se que, em matéria de fé, às-vezes sucede que da simples troca de uma palavra resulta uma blasfêmia. Depois de se verificar que a criança sabe bem de cor a fórmula, deve ser-lhe explicada convenientemente, em termos simples, claros, concretos, empregando exemplos e analogias, e em seguida faça-se-lhe um interrogatório hàbilmente dirigido, de forma que ela fique com um conhecimento exacto e completo, tanto quanto possível, da verdade ensinada. De-se inteira liberdade às crianças para que nas respostas se exprimam por palavras suas, devendo ser obrigadas a fixar, palavra por palavra, somente as fórmulas e enuncia- dos dos princípios fundamentais. Este método expositivo-interrogativo, dá óptimo resultado, sobretudo para crian- ças com pequena cultura intelectual. Mas nas explicações evitem-se desenvolvimentos excessivos e superiores à capacidade das crianças às quais é ministrado, a-fim-de não criar nelas repugnáncia pelos temas da expo- sição. Aconselhamos os preceptores que repi- tam muitas vezes, sobretudo as cousas mais importantes, tendo o cuidado de não variar, sobre os pontos fundamentais, as expressões
N.º 088, Heshvan 5699 (Out 1938)
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