N.° 99 PORTO - Luas de Maio e Junho - 5700 (1940 e.v.) ANO XIV ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos, para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | e aponta-vos o busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | caminho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) O FACHO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECTOR E EDITOR: -A. C. DE BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA IMPRENSA MODERNA, L.DA Redacção na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim || Rua da Fábrica, 80 Rua Guerra Junqueiro, 340 - Porto || ------------------- P O R T O ------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- COMEMORAÇÕES CENTENÁRIAS Don Yahia Ben-Yahia (Um dos colaboradores de D. Afonso Henriques) por A. C. de BARROS BASTO Um berbere da tribu dos Masamuds, chamado Mohamed Abu-Abdallah Ben- -Thumrut, depois de ter passado vários anos da sua juventude nas escolas de Cór- dova, do Cairo, de Damasco e de Bagdad, ter feito a tradicional peregrinação a Meca e ter estudado em Bagdad com o famoso sectário Algazali, o reformador e vivificador da religião muçulmana, cujas ideas adoptou, regressou a Marrocos em 1116. Os ensinamentos de Algazali haviam feito de Ben-Thumrut um fanático austero, enebriado pelo espiritualismo da nova dou- trina, forma mais pura do islamismo, ba- seado no Al-Koran e na vélha tradição, contrastando com a acção do corpo sacer- dotal marroquino, que caira num sêco for- malismo religioso, tornou-se o apóstolo dessa doutrina entre as tribus berberes; prégou-lhes a simplicidade nos costumes, o ódio às artes e a guerra aos reis almorá- vidas, que viviam no meio dos requintes da civilização árabe, repudiando também a ortodoxia sunita e a explicação literal do Âl-Koran, que atribuia a Deus os sentimen- tos e as acções dos homens. A austeridade da sua vida, a singulari- dade das suas acções e a audácia das suas palavras não tardaram a granjear-lhe nume- rosos adeptos. Constantemente seguido por uma multidão curiosa e atenta, pós-se a pregar nas encruzilhadas, censurando com azedume as voluptuosídades dos ricos, as injustiças dos grandes, os vicios dos imames, a quem acusava de serem infiéis ao Al-Koran. A doutrina que êle ensinava ao povo era tão fácil de compreender como severa a praticar, porque, para êle, todos os dogmas se reduziam a um só, a unidade de Deus, e todos os ritos a uma só oração:-"O Se- nhor Allah, o mais misericordioso dos mi- sericordiosos, tu conheces os nossos peca- dos. perdoa-os; tu conheces as nossas necessidades, satisfá-las; tu conheces os nossos inimigos, afasta o mal que êles nos possam fazer. É tudo quanto te pedimos, a ti que és o nosso senhor, nosso criador e nosso apoio". A sua acção moralizadora, como refor- mador de costumes, fêz-se sentir imediata- mente. Aly, o Emir de Marrocos, por muito tempo, recusou-se a punir o agitador, e, tendo-o interrogado, num dia em que o mandou vir à sua presença, considerou-o um doido. Mas, passado algum tempo, em 1120, instado pelos imames, mandou sair da cidade de Marrakesh (Marrocos)
N.º 099, Sivan-Tamuz 5700 (Mai-Jun 1940)
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