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N.º 099, Sivan-Tamuz 5700 (Mai-Jun 1940)







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            HA-LAPID                 7
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nos encontramos afirma nas suas linhas
fortes e majestosas a grandeza duma fé que
se julgava morta.

Foi a coroa de louros do Sr. Capitão
Barros Basto, o marano que consagrou a
sua vida ao estudo da religião dos seus
antepassados, ao resgate dos seus irmãos
de fé. Foi êle que, com o seu entusiasmo
ardente ecomunicativo. conseguiu interessar
o mundo inteiro pela sua causa, pela causa
dos descendentes das vitimas da Inquisição,
que, ao Norte de Portugal, ocultavam os
restos das suas crenças!

O mundo inteiro teve ocasião de admi-
rar a coragem daqueles que durante mais
de quatro séculos mantiveram, a-pesar-de
todas as hostilidades do meio em que vi-
viam, a sua fé, as suas orações, as suas tra-
dições.

Jornais de todo o mundo falaram dos
maranos e lhes fizeram justiça. Vários
livros se escreveram também sôbre êles.
Destaco, Sob o encanto de Portugal, es-
crito por M.me Lili Jean Javal, ilustre escri-
tora francesa, e Os maranos de hoje da
autoria do erudito escritor inglês Dr. Cecil
Roth.

Na cerimónia da inauguração desta Ca-
tedral judaica fêz-se representar também
quási o mundo inteiro. De todos os paises
nos chegaram mensagens de fraternal afecto,
palavras de admiração e encorajamento.
Da Comunidade de Lisboa vimos entre nós
mais de 40 pessoas. Todas as comunidades
e núcleos maranos da província enviaram
os seus delegados, em cuios rostos se lia
bem a comoção que lhes ía na alma. O
templo cheio de imponente beleza parecia-
-lhes um sonho, uma construção impossivel
para êles, que, durante tantos anos se viram
forçados a ocultar a voz da sua alma, a voz
da sua fé, a voz da fé de seus pais.

Mas, minhas Senhoras e meus Senhores,
eu prometi-lhes não me demorar demasiado
com este assunto, não porque lhe falte gran-
deza, mas por me faltarem recursos a mim,
e portanto não devo abusar da benevolên-
cia dos que me escutam.

Passarei apenas a dizer mais algumas
Palavras sobre o ano novo das árvores:

"Se compararmos a Palestina de ontem
com a de hoje, notaremos uma extraordi- 
nária diferença. Ontem era a Palestina em
ruínas, a Palestina estéril constituida espe-



cialmente por extensíssimos e incultos areais,
a Palestina que enchia de tristeza todos os
viajantes que sabiam ter sido aquela a terra
que "manou leite e mel" de outrora, a
chorada e cantada pátria dos nossos ante-
passados. Hoje os viajantes que visitam a
Palestina sentem uma vida nova dentro de
si, sentem que ainda têm uma pátria, uma
pátria bela e digna de ter sido o berço
duma civilização brilhante, e sente sobre-
tudo esperança e confiança no futuro.

E tudo isto porquê? Graças ao esfôrço
dos pioneiros que não se esqueceram nunca
de que a Palestina fôra linda e manara leite
e mel... porque era arborizada. Para a res-
suscitar bastava pois ressuscitar as árvores,
ou melhor, plantar árvores. Hoje nos ante-
riores e extensos areais, árvores de fruto de
toda a espécie oterecem a sua sombra agra-
dável, a sua frescura, a sua beleza, a sua
riqueza. E aquelas árvores amigas e boas
dão tudo, dão inclusivamente um exemplo
de coragem e firmeza na árdua luta pela
existência. A festa da árvore é, minhas
Senhoras e meus Senhores, uma grande
lição de moral em primeiro lugar, visto
exaltar um dos mais belos sentimentos da
nossa alma, como seja a gratidão por todos
os nossos amigos, pequenos e grandes,
ricos e pobres. A festa da árvore e ainda
e principalmente um grandioso acto de
solidariedade humana, um elo que liga a
nossa geração as gerações que passaram e
ligará a nossa às gerações futuras. Hon-
rando as árvores que assistiram ao nosso
nascimento, honramos a memória dos que
nos precederam e as plantaram. Plantando
árvores que nos hão-de sobreviver, deixa-
mos monumentos assinalando a nossa pas-
sagem sôbre a terra, provando aos nossos
filhos e aos nossos netos, que pensamos
nêles com carinho e com amor. Final-
mente, minhas Senhoras e meus Senhores.
plantando árvores multiplicamos honrosa-
mente o património dos nossos antepassa-
dos e contribulmos para a prosperidade e
grandeza da nossa pátria.

                 *

Purim-Também esta testa comemo-
rativa do livramento do povo judeu, graças
à intervenção da Rainha Esther junto de
El-Rei dos persas Artaxerxes (na Biblia
Ashyerosh). e da punição do maldito mi-
nistro Aman. que toi enforcado na fôrca


 
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