HA-LAPID 7 ======================================= nos encontramos afirma nas suas linhas fortes e majestosas a grandeza duma fé que se julgava morta. Foi a coroa de louros do Sr. Capitão Barros Basto, o marano que consagrou a sua vida ao estudo da religião dos seus antepassados, ao resgate dos seus irmãos de fé. Foi êle que, com o seu entusiasmo ardente ecomunicativo. conseguiu interessar o mundo inteiro pela sua causa, pela causa dos descendentes das vitimas da Inquisição, que, ao Norte de Portugal, ocultavam os restos das suas crenças! O mundo inteiro teve ocasião de admi- rar a coragem daqueles que durante mais de quatro séculos mantiveram, a-pesar-de todas as hostilidades do meio em que vi- viam, a sua fé, as suas orações, as suas tra- dições. Jornais de todo o mundo falaram dos maranos e lhes fizeram justiça. Vários livros se escreveram também sôbre êles. Destaco, Sob o encanto de Portugal, es- crito por M.me Lili Jean Javal, ilustre escri- tora francesa, e Os maranos de hoje da autoria do erudito escritor inglês Dr. Cecil Roth. Na cerimónia da inauguração desta Ca- tedral judaica fêz-se representar também quási o mundo inteiro. De todos os paises nos chegaram mensagens de fraternal afecto, palavras de admiração e encorajamento. Da Comunidade de Lisboa vimos entre nós mais de 40 pessoas. Todas as comunidades e núcleos maranos da província enviaram os seus delegados, em cuios rostos se lia bem a comoção que lhes ía na alma. O templo cheio de imponente beleza parecia- -lhes um sonho, uma construção impossivel para êles, que, durante tantos anos se viram forçados a ocultar a voz da sua alma, a voz da sua fé, a voz da fé de seus pais. Mas, minhas Senhoras e meus Senhores, eu prometi-lhes não me demorar demasiado com este assunto, não porque lhe falte gran- deza, mas por me faltarem recursos a mim, e portanto não devo abusar da benevolên- cia dos que me escutam. Passarei apenas a dizer mais algumas Palavras sobre o ano novo das árvores: "Se compararmos a Palestina de ontem com a de hoje, notaremos uma extraordi- nária diferença. Ontem era a Palestina em ruínas, a Palestina estéril constituida espe- cialmente por extensíssimos e incultos areais, a Palestina que enchia de tristeza todos os viajantes que sabiam ter sido aquela a terra que "manou leite e mel" de outrora, a chorada e cantada pátria dos nossos ante- passados. Hoje os viajantes que visitam a Palestina sentem uma vida nova dentro de si, sentem que ainda têm uma pátria, uma pátria bela e digna de ter sido o berço duma civilização brilhante, e sente sobre- tudo esperança e confiança no futuro. E tudo isto porquê? Graças ao esfôrço dos pioneiros que não se esqueceram nunca de que a Palestina fôra linda e manara leite e mel... porque era arborizada. Para a res- suscitar bastava pois ressuscitar as árvores, ou melhor, plantar árvores. Hoje nos ante- riores e extensos areais, árvores de fruto de toda a espécie oterecem a sua sombra agra- dável, a sua frescura, a sua beleza, a sua riqueza. E aquelas árvores amigas e boas dão tudo, dão inclusivamente um exemplo de coragem e firmeza na árdua luta pela existência. A festa da árvore é, minhas Senhoras e meus Senhores, uma grande lição de moral em primeiro lugar, visto exaltar um dos mais belos sentimentos da nossa alma, como seja a gratidão por todos os nossos amigos, pequenos e grandes, ricos e pobres. A festa da árvore e ainda e principalmente um grandioso acto de solidariedade humana, um elo que liga a nossa geração as gerações que passaram e ligará a nossa às gerações futuras. Hon- rando as árvores que assistiram ao nosso nascimento, honramos a memória dos que nos precederam e as plantaram. Plantando árvores que nos hão-de sobreviver, deixa- mos monumentos assinalando a nossa pas- sagem sôbre a terra, provando aos nossos filhos e aos nossos netos, que pensamos nêles com carinho e com amor. Final- mente, minhas Senhoras e meus Senhores. plantando árvores multiplicamos honrosa- mente o património dos nossos antepassa- dos e contribulmos para a prosperidade e grandeza da nossa pátria. * Purim-Também esta testa comemo- rativa do livramento do povo judeu, graças à intervenção da Rainha Esther junto de El-Rei dos persas Artaxerxes (na Biblia Ashyerosh). e da punição do maldito mi- nistro Aman. que toi enforcado na fôrca
N.º 099, Sivan-Tamuz 5700 (Mai-Jun 1940)
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