N.° 112 PORTO - Luas de Julho e Agosto - 5702 (1942 e. v.) ANO XVI ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | e aponta-vos o busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | caminho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) O FACHO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECT. E EDITOR: -A. C. DE BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA IMPRENSA MODERNA, L.DA Redacção na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim || Rua da Fábrica, 80 Rua Guerra Junqueiro, 340 - Porto || ------------------- P O R T O ------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- RECORDAR É TORNAR A VIVER A Internacional e a Nação Judaica O Congresso Socialista de Londres atre- ver-se-á a falar duma guerra de libertação das nacionalidades sem tratar da questão judaica? O povo polaco deu provas duma vitalidade admirável conservando intacta a sua cons- ciencia nacional durante os cento e vinte-e- -cinco anos que se seguiram ao seu desmem- bramento pelos seus tres poderosos vizinhos. Os povos slavos escravizados pela Austria e pela Turquia deram provas da resistencia da sua vitalidade, e, pelo facto de terem conservado, quer sob o domínio austro- -húngaro, quer sob o domínio turco, a sua individualidade nacional, são hoje dignos de viverem em absoluta independencia. Mas repare-se no milagre dos milagres, e vós, que falais de libertar as nações oprimi- das, contemplai o mais belo espectáculo que a história da humanidade nos oferece: olhai para um povo pequeno, fugindo e disper- sando-se pelo mundo, em virtude da violen- cia das armas, despejado do seu território, guardando durante vinte séculos a sua alma nacional e os traços distintivos da sua raça, apesar das mais atrozes perseguições! Ah! pobres antisemitas de todo o mundo, que falam com tanto desprezo da ganância e do materialismo do judeu, como eles igno- ram que a sobrevivência dos judeus, através de dois mil anos de sofrimentos e de torturas, é o mais belo triunfo, no campo de idealismo puro, desde a origem mais remota da huma- nidade. Viviam num pequeno rincão exposto ao sol da Ásia, banhado pelo Mediterrâneo, apertando-se em torno da sua cidade santa, Jerusalém, e defendidos por duas cadeias de montanhas. Tinham fundado o mais alto ideal moral, a que os povos da antiguidade poderam atingir, e chamaram-lhe Deus, e esse Deus era a Justiça. O seu Deus justo mandava-lhes que tratassem os estrangeiros como irmãos; que um dia por semana, o Sábado, dessem descanso aos seus servos; e as práticas da higiene juntavam-se aos pre- ceitos da mais elevada moral. Quando os ricos abusavam da sua riqueza, ou os reis do seu poderio, os Profetas saíam de entre o povo, para flagelarem aqueles que violavam a lei de Deus. Um dia, setenta anos depois dos ricos e dos fanáticos terem crucificado um pobre galileu por este ter pronunciado algumas palavras subversivas, os romanos, que eram entao senhores do país, como o eram de todos os povos em roda do Mediterrâneo, perseguiram-nos nas suas crenças e na sua autonomia. Os judeus revoltaram-se e depois do cerco mais atroz da história da humanidade, suportado heroicamente na capital, foram expulsos do território dos seus antepassados e converteram-se no povo errante a quem, desde o primeiro dia, a cristandade nascente, lançou o seu anatema. E eles, animando-se uns aos outros no fundo dos seus guetos
N.º 112, Ab-Elul 5702 (Jul-Ago 1942)
> P01