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N.º 112, Ab-Elul 5702 (Jul-Ago 1942)







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 2            HA-LAPID

conservavam-se na fé e nos costumes dos
seus maiores e viveram, condenados aos
misteres inferiores pela proibição da posse
de terreno; sóbrios, económicos, previdentes,
entre povos nascentes, imprevidentes e
estouvados; amaldiçoados como heréticos,
desprezados como estrangeiros, invejados em
virtude das suas aptidões comerciais, detes-
tados por causa de alguns usurários de entre
eles, que faziam o comércio do dinheiro,
assim continuaram, vitimas dos massacres
nos dias de desgraças nacionais.

Durante dezanove séculos a sua vida foi
um longo martírio por toda a terra. Êles
contudo esperavam a hora das reparações;
esperavam o Méssias que lhes havia de tra-
zer a pátria perdida e implantar a Justiça e
a Paz por todo o Universo.

A França da Revolução não lhes entregou
a pátria perdida, mas deu-lhes os Direitos
do Homem, que a Inglaterra já lhes tinha
concedido, e que a livre América, a Alema-
nha e os países da Europa Ocidental lhes
concederam em seguida. Se em toda a
parte os judeus tivessem sido tratados como
o são na França, na Inglaterra, na América
e na Alemanha, a questão judaica, como
questão nacional, já estaria resolvida. Para
os judeus franceses a questão está solucio-
nada.

Não são eles hoje judeus, mas simples-
mente franceses judeus, franceses de lingua-
gem, de cultura e de coração: a França não
conta nos seus exércitos defensores mais
corajosos.

Neste grande Oriente nacional frances,
onde já se tinham fundido numa liga tão
harmônica celtas, latinos e germanos, vie-
ram eles integrar-se tão profundamente, o
seu sangue está tão ligado ao sangue frances
em todos os campos de batalha, que consti-
tuem hoje parte integrante e inseparável da
pátria francesa.

Mas se o problema judaico está resolvido
para os judeus da França, da Inglaterra, da
Alemanha e da América, está muito longe
de ter encontrado a sua solução na Rússia,
na Romania e na Polónia. Obter-se-á, quando
se tratar da paz, sôbre o papel, a solene
promessa desses países de que os seus ju-
deus cessarão de serem tratados como párias,
mas na realidade continuará durante dezenas
de anos a suportar sofrimentos morais e ma-
teriais atrozes.

A perseguição despertou e alimentou em



alguns milhões deles a consciencia nacional,
que já não se aplaca apenas com algumas
vagas promessas.

Por muito tempo considerei como qui-
mera esse sonho dos judeus "sionista" que
reclamam a entrega da pátria dos seus ante-
passados. Em vários pontos da Palestina
estabeleceram-se colônias modelos em que
os judeus provaram que, após dois mil anos
de vida urbana, não perderam nenhuma das
qualidades dos antigos camponeses da Ga-
lileia e da Judeia. Como esperar, porém,
que a Palestina viesse a recuperar a sua
autonomia, enquanto estivesse sob o domínio
turco?

Mas eis que a Turquia se suicida; a
Europa está prestes a apoderar-se do terri-
tório em que os conquistadores turcos, du-
rante seis séculos de domínio, não conse-
guiram fundar uma nação fundindo-se com
os indígenas e a Palestina vai cair em lote à
França republicana. A França da Revolução
deu aos judeus a dignidade humana: mas é
necessário que a França vitoriosa vá mais
longe; é necessário que ressuscite a Nação
Judaica; é necessário que à sua voz, todos os
judeus da Rússia, da Romania, da Polónia e
da Ásia Menor, que todos os judeus que
conservaram uma alma nacional, vão ocupar
depois da paz, a terra dos seus avós. É
necessário que a guerra de libertação das
nações termine pela ressurreição da mais
antiga das nações que a Força brutal dis-
persou e que a Força brutal não conseguiu
dominar.

                       GUSTAVE HERVÉ.

Do Jornal de Paris La Guerra Saciale.
(Transcrito do Boletim do Comité Israelita de
Lisboa. de 28 de Março de 1915).

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Notícias da América-Central

O venerando Rab Fajbusz Szulem Dembinski,
guia espiritual da Congregação de Judeus H'assidim,
que durante a sua estadia no Pôrto, deixou a melhor
impressão, não só pela sua bondade, como pelo Seu
alto sentimento religioso, escreveu ao 1.° Secretário
da nossa Comunidade, não só referindo-se às aten-
ções aqui recebidas, mas também comunicando que
se encontra em Havana (Cuba), onde não só pelos
judeus, mas também pela população local tem sido
respeitosa e carinhosamente acolhido.


 
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