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N.º 117, Sivan-Tamuz 5703 (Mai-Jun 1943)







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A misteriosa personalidade de Bernardim Ribeiro
    (O TROVADOR D0 AMOR E DA SAUDADE)

         POR A. C. DE BARROS BASTO

              CAPÍTULO I

Os primeiros passos duma investigação
(CONTINUAÇÃO DO NÚMERO 116)

Teófilo Braga. no seu livro Bernardim
Ribeiro e o Bucolismo (Edição de 1872)
considera só parte autêntica da Menina e
Moça (31 capitulos) e diz que a parte apó-
crifa da novela em nada interessa para a
reconstrução da vida de Bernardim.

D. José Pessanha. na sua edição da Me-
nina e Maça, em 1891, escreve:

-"Depois de Faria e Sousa, todos os
biógrafos de Bernardim Ribeiro o têm dado
como jurista. Efectivamente, segundo uns
apontamentos que devo aos Srs. Gabriel
Pereira e Dr. Augusto Mendes Simões de
Castro, cursava a Universidade de Lisboa,
pelos anos de 1507 a 1511 ou 1512, um
estudante de nome Bernardim Ribeiro.
Talvez que êsse estudante seja o individuo
de igual nome, que em 1524 foi nomeado
escrivão da Câmara de D. João III.-O nome
de Bernardim Ribeiro aparece no Livro
primeiro da Universidade de Lisboa, a
fls. 28, 53, 79, 92, 107 v., 108v. e 111v.".
-Se é Bernardim, o poeta, tinha em 1507,
segundo a minha hipótese, 16 anos de idade,
sendo admissível que se trate do nosso
Bernardim. Nesta edição de 1891 a Menina
e Moça compreende apenas 31 capitulos, e
diz o editor: Nesta edição entram só capí-
tulos autênticos.

O Visconde Sanches de Baena, em 1895
publicou um opúsculo sobre Bernardim
Ribeiro, onde traz um documento jurídico
datado de 1642, e uma genealogia da fami-
lia Zagalo por D. Flamínio de Jesus Maria.
Não consegui ler éste opúsculo, mas Teófilo
Braga no seu livro Bernardim Ribeiro e o
Bucolismo (Edição de 1897), diz-nos: "Se-
guiremos em tôda a exposição da vida de
Bernardim Ribeiro as indicações genealó-
gicas coordenadas e documentadas pelo
Sr. Visconde Sanches de Baena, no seu pre-
cioso opúsculo publicado em 1895", e por



isso estudarei os elementos que Teófilo
Braga me dá.

Diz Teófilo Bragaz-"um dos criados
do Duque de Viseu, recebedor das rendas
da casa primeiramente e depois empregado
seu particular, era Damião Ribeiro, natura]
da vila de Torrão; ai vivia casado com
D. Joana Dias Zagalo, tendo já dois filhos,
Bernardim Ribeiro, nascido em 1482, e uma
menina, que por ventura morreu de pouca
idade. Diante da terrível catastrofe de 22
de Agôsto de 1484, Damião Dias conseguiu
esconder-se, para passar a fronteira e refu-
giar-se em Castela, aonde os reis católicos
em hostilidade contra D. João II davam
asilo aos foragidos de Portugal. Qual a
importância que Damião Ribeiro tivesse na
conjuração do Duque de Viseu, seu amo,
depreende-se do rancor de D. João II, man-
dando um sicário seu assassina-lo em Cas-
tela. Entregue à incerteza da sorte, com
seus dois filhinhos e diante duma sangrenta
perseguição, D. Joana Dias Zagalo, duma
familia rica de Extremoz, procurou um re-
fúgio junto de seus sobrinhos o desem-
bargador António Álvares Zagalo e irmã
D. inês Alvares Zagalo, que viviam na
Quinta dos Lobos, cabeça do morgado
de Sintra..." Dos documentos do processo
remetido à Junta da Casa de Bragança,
informou o desembargador Rodrigo Rodri-
gues de Lemos: "que Bernardim Ribeiro
nasceu em 1482, e era filho de Damião Ri-
beiro, criado dos duques de Viseu, que
caido em desgraça por causa das desaven-
ças de seu amo com El-Rei D. João II, teve
de se refugiar em Castela e lá morreu
pouco depois com suspeitas de morte vio-
lenta.

 "Bernardim Ribeiro com sua mãe e Irmã
se socorreram do amparo de seu parente o
desembargador da Casa da Suplicação An-


 
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