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N.º 117, Sivan-Tamuz 5703 (Mai-Jun 1943)







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             HA-LAPID                5
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Sá de Miranda onde nada há que a contra-
rie, vou-a expor em breves palavras:

-Bernardim Ribeiro, o trovador do
amor e da saudade, era filho de Judah
Abrabanel, o autor dos "Diálogos de Amor"
e neto de Isaque Abrabanel, escritor, teó-
logo e financeiro ilustre, homem de con-
finça de D. Afonso V e dos Reis Católicos
de Espanha, para onde se refugiara após a
morte do Duque de Viseu.

Judah Abrabanel mandou seu filho para
portugal em fins de Julho ou principios de
Agosto de 1492 com um ano de idade
acompanhado duma ama (viúva de Damião
Ribeiro). D. João II tendo tido conheci-
mento do caso mandou que se apoderassem
da criança. Feito foi isso, tomando conta
do menino Sanches Tavares. D. Manuel
mandou baptisar éste rapasito sendo-lhe
mudado o seu nome de Isaque Abrabanel
em Bernardim Ribeiro. Bernardim teve
amores no Alentejo com uma menina Joana,
os quais terminou quando se apaixonou por
D. Beatriz, filha de El-Rei D. Manuel.

Quando esta infanta se casou com o
Duque de Sabóia em 1521. Barnardim partiu
também para a itália onde ainda conseguiu
falar com D. Beatriz que lhe disse terem ter-
minado os entretimentos do Paço. Bernar-
dim vai para Nápoles viver com seu pai onde
retoma o primitivo nome de Isaque Abra-
banel. Ali escreve a Menina e Moça e
Eclogas. Sá de Miranda vai à Itália e pro-
cura convencer Bernardim a voltar para
Portugal o que não consegue.

Bernardim casa-se tem, pelo menos, um
filho a quem deu o nome de seu pai Judah.
Ainda hoje existem descendentes, por linha
varonil, de Isaque filho de Judah Abrabanel.
o autor dos Diálogos de Amor, que em
Portugal como Cristão-novo usava o nome
de Bernardim Ribeiro.
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        D. Rosa (Bibaknh) Lima.

Natural da Ucrania, faleceu a 18 de Janeiro de 1943,
no Porto, com 86 anos de idade. Sentindo aproximar-se
o fim da sua existencia comprou à sua custa uma sepul-
turann perpétua no Cemitério municipal de Agramonte da
cidade do Porto, num quarteirão donde ae vê a Sinagoga.
Na lápide sepulcral quis que fossem gravadas apenas as 
seguintes palavras: "Aqui jaz uma filha de Abraham,
serva do Senhor". Fiel guardadora do dia de Shabat que 
passava a ler a Biblia, as suas últimas palavra foram o 
Shaemah (proclamação de unidade divina).

No seu funeral além de outras pessoas tomaram 
o digno 1.° Secretário da Comunidade do Porto,
Sr. Menaesseh Bendob e o Moreh Marano Sr. Joseph
Gabriel.



             Abné Zikarón

        (Pedras de recordação)

Quando os Reis Católicos (Fernando e
Isabel decretaram a expulsão dos hebreus
espanhóis, um judeu Toledano, antes de
abandonar esta cidade onde os hebreus dei-
xavam tantas recordações, quis despedir-se
da necropole judia que estava situada no
"Cerro de 1a Horca".

Ali debaixo daquelas pedras tumulares
ficavam as cinzas das Glórias da Raça.
Familias e amigos daqueles judeus Toleda-
nos que a crístianissima bondade de Fer-
nando e Isabel forçava a emigrar. Se bem
que a maioria dos hebreus não procurasse
senão salvar aquilo que podiam dos seus
bens, éste, a que me refiro acima. teve um
gesto sentimental ao dar o último adeus
aos restos dos seus irmãos de raça.

Mas fêz mais, Desejando levar uma
recordação sensivel daquele cemitério que
não tardaria a desaparecer, e do qual desa-
pareceu efectivamente até o lúgubre nome
do monte em que estava situado, lembrou-se
de anotar as inscrições gravadas nos sepúl-
cros dos semitas de maior importância.

Num caderno transcreveu literalmente
setenta-e-seis epitáfios, quási todos referen-
tes a pessoas e familias do século XIV,
época mais florescente da Comunidade
Israelita toledana.

Denominou êste seu sentimental trabalho
"Abné Zikarón" isto é "Pedras Memoriais"
-O manuscrito em questão começou a 
suscitar o interêsse dos hebraistas do século
XIX.

Encontra-se então na Real Biblioteca de
Turim, na itália. Ai foi lido e estudado
por Luzzato que o mandou imprimir em
Praga no ano de 1841. A edição, depois
de circular bastantes anos no estrangeiro,
chegou por fim a Espanha, mas o precioso
original ficou reduzido a cinzas quando do
incêndio que destruiu a Biblioteca.

Havia dúvidas sôbre a veracidade do
manuscrito, pois bastantes imitações, mais
ou menos perfeitas, apareceram, contudo os
últimos achados arqueológicos de Toledo
comprovaram plenamente não só a exactidão
como a autenticidade do seu testemunho.

...Um dia por ocasião dumas obras. foi


 
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