HA-LAPID 5 ======================================= Sá de Miranda onde nada há que a contra- rie, vou-a expor em breves palavras: -Bernardim Ribeiro, o trovador do amor e da saudade, era filho de Judah Abrabanel, o autor dos "Diálogos de Amor" e neto de Isaque Abrabanel, escritor, teó- logo e financeiro ilustre, homem de con- finça de D. Afonso V e dos Reis Católicos de Espanha, para onde se refugiara após a morte do Duque de Viseu. Judah Abrabanel mandou seu filho para portugal em fins de Julho ou principios de Agosto de 1492 com um ano de idade acompanhado duma ama (viúva de Damião Ribeiro). D. João II tendo tido conheci- mento do caso mandou que se apoderassem da criança. Feito foi isso, tomando conta do menino Sanches Tavares. D. Manuel mandou baptisar éste rapasito sendo-lhe mudado o seu nome de Isaque Abrabanel em Bernardim Ribeiro. Bernardim teve amores no Alentejo com uma menina Joana, os quais terminou quando se apaixonou por D. Beatriz, filha de El-Rei D. Manuel. Quando esta infanta se casou com o Duque de Sabóia em 1521. Barnardim partiu também para a itália onde ainda conseguiu falar com D. Beatriz que lhe disse terem ter- minado os entretimentos do Paço. Bernar- dim vai para Nápoles viver com seu pai onde retoma o primitivo nome de Isaque Abra- banel. Ali escreve a Menina e Moça e Eclogas. Sá de Miranda vai à Itália e pro- cura convencer Bernardim a voltar para Portugal o que não consegue. Bernardim casa-se tem, pelo menos, um filho a quem deu o nome de seu pai Judah. Ainda hoje existem descendentes, por linha varonil, de Isaque filho de Judah Abrabanel. o autor dos Diálogos de Amor, que em Portugal como Cristão-novo usava o nome de Bernardim Ribeiro. ----------------------- D. Rosa (Bibaknh) Lima. Natural da Ucrania, faleceu a 18 de Janeiro de 1943, no Porto, com 86 anos de idade. Sentindo aproximar-se o fim da sua existencia comprou à sua custa uma sepul- turann perpétua no Cemitério municipal de Agramonte da cidade do Porto, num quarteirão donde ae vê a Sinagoga. Na lápide sepulcral quis que fossem gravadas apenas as seguintes palavras: "Aqui jaz uma filha de Abraham, serva do Senhor". Fiel guardadora do dia de Shabat que passava a ler a Biblia, as suas últimas palavra foram o Shaemah (proclamação de unidade divina). No seu funeral além de outras pessoas tomaram o digno 1.° Secretário da Comunidade do Porto, Sr. Menaesseh Bendob e o Moreh Marano Sr. Joseph Gabriel. Abné Zikarón (Pedras de recordação) Quando os Reis Católicos (Fernando e Isabel decretaram a expulsão dos hebreus espanhóis, um judeu Toledano, antes de abandonar esta cidade onde os hebreus dei- xavam tantas recordações, quis despedir-se da necropole judia que estava situada no "Cerro de 1a Horca". Ali debaixo daquelas pedras tumulares ficavam as cinzas das Glórias da Raça. Familias e amigos daqueles judeus Toleda- nos que a crístianissima bondade de Fer- nando e Isabel forçava a emigrar. Se bem que a maioria dos hebreus não procurasse senão salvar aquilo que podiam dos seus bens, éste, a que me refiro acima. teve um gesto sentimental ao dar o último adeus aos restos dos seus irmãos de raça. Mas fêz mais, Desejando levar uma recordação sensivel daquele cemitério que não tardaria a desaparecer, e do qual desa- pareceu efectivamente até o lúgubre nome do monte em que estava situado, lembrou-se de anotar as inscrições gravadas nos sepúl- cros dos semitas de maior importância. Num caderno transcreveu literalmente setenta-e-seis epitáfios, quási todos referen- tes a pessoas e familias do século XIV, época mais florescente da Comunidade Israelita toledana. Denominou êste seu sentimental trabalho "Abné Zikarón" isto é "Pedras Memoriais" -O manuscrito em questão começou a suscitar o interêsse dos hebraistas do século XIX. Encontra-se então na Real Biblioteca de Turim, na itália. Ai foi lido e estudado por Luzzato que o mandou imprimir em Praga no ano de 1841. A edição, depois de circular bastantes anos no estrangeiro, chegou por fim a Espanha, mas o precioso original ficou reduzido a cinzas quando do incêndio que destruiu a Biblioteca. Havia dúvidas sôbre a veracidade do manuscrito, pois bastantes imitações, mais ou menos perfeitas, apareceram, contudo os últimos achados arqueológicos de Toledo comprovaram plenamente não só a exactidão como a autenticidade do seu testemunho. ...Um dia por ocasião dumas obras. foi
N.º 117, Sivan-Tamuz 5703 (Mai-Jun 1943)
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