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N.º 117, Sivan-Tamuz 5703 (Mai-Jun 1943)







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tónio Zagalo e de sua irmã D. Inês, a qual
os levou para a vila de Sintra e os trouxe
recolhidos em segrêdo por algum tempo na
quinta denominada dos Lobos..."

Este documento de 1642 refere-se ao
Dr. Bernardim Ribeiro, que mais tarde
foi em 1524 nomeado escrivão da Câmara
de D, João III, e nêle nenhuma referência
se faz ao nosso poeta cristão-novo. Êste
Dr. Ribeiro morreu em 1552, nada tem que
ver com o autor da Menina e Moça.

O referido documento diz mais que
D. Inês Zagalo foi escolhida por D. Manuel
para ama de D. Beatriz, devendo pois ser a
Enis da novela.

Teófilo Braga informa que "com os
Ribeiros, do Torrão se achavam ligados
por casamentos os Mascarenhas..." e
"Os Zagalos, a cuja estirpe pertencia a
D. Joana Dias Zagalo, também nos apare-
cem aparentados em épocas remotas com
os Mascarenhas". Diz mais que D. Inês
Álvares Zagalo, que vivera com o irmão na
Quinta dos Lobos, casou em Extremoz com
um rico proprietário Sancho Tavares, e para
lá mudou a sua residência.

Diz ainda que Sancho Tavares é o pastor
Sancho referido na Ecloga Aleixo, de Sá
de Miranda, e supõe que Sancho Tavares
em 1504 viera para a côrte, quando sua
mulher D. Inês Zagalo foi chamada para ser
ama da nfanta D. Beatriz. Diz mais que
D. Inês Alvares Zagalo do casamento com
o rico proprietário de Extremoz tinha cinco
filhos, entre os quais D. Joana Tavares
(A Aonia encantadora da Novela; a Joana
que é idealizada nas Eclogas) e D. Francisca
Tavares, colaça da Infanta D. Beatriz.

Segundo a genealogia da familia Zagalo 
por D. Flaminio de Jesus Maria, D. Joana 
Tavares "segundo consta de várias memó-
rias" era assás formosa, o que não deixou
de concorrer para sua desventura, porque
há notícias dela se ter apaixonado por um
seu parente, e ter sido, por interesse da fa-
mília obrigada a casar com Pero Gato, filho
de Nuno Gato e de sua mulher D. Inês
Correia da Silva. Pero Gato dizem que
falecera pouco tempo depois do seu casa-
mento, e que essa morte fora violenta.
D. Joana, depois de viúva, foi passa por
algum tempo em casa de seu tio Alvaro
Pires Zagalo, que residia em Alcácer-do-Sal,
até que foi recolhida a um Convento e lá
se finou professa".



Teófilo Braga supõe que o parente por
quem D. Joana se apaixonara era o nosso
poeta.

Diz Teófilo Braga: "É certo que em
1520 foi D. Joana Tavares Zagalo se achava
na clausura do Convento de Santa Clara de
Extremoz, por isso que em carta de 15 de
Agosto de 1522 sua mãe fala dela como
freira. Vamos analizar êstes elementos, no-
tando se são úteis ou não à minha hipótese.

No documento jurídico de 1642 diz-nos
que Damião Ribeiro, natural do Torrão e
casado com D. Joana Zagalo, de Extremoz,
criado e homem de confiança do Duque de
Viseu, depois da morte de seu amo teve de
se refugiar em Castela, onde encontra pro-
tecção por parte dos reis católicos, e lá
morreu pouco depois com suspeitas de
morte violenta. Sua mulher e um filho e
uma filha se socorreram do amparo do seu
parente o desembargador António Zagalo e
de sua irmã D. Inês.

Não nos diz o documento se sua mulher
esteve com êle em Castela, e se foi depois
da morte de Damião que regressou ao reino
e foi pedir socorro aos parentes ou se fêz
isto quando êle se ausentou.

Se foi, como tantas outras famílias de
refugiados. reunir-se a seu marido era natu-
ral que ali se encontrasse com outros refu-
giados e entre êles os Abrabaneis.

Se assim fôr posso crer que D. Joana
Zagalo, após a morte de seu marido qui-
sesse regressar à sua terra, e fosse a tal
ama, a quem Judah Abrabanel confiou o
seu filho de um ano de idade. D. Joana era
uma alentejana e os Abrabaneis viveram
(talvez mesmo ali tivessem propriedades)
pelo menos certo tempo. No Alentejo pois
vemos na sentença de morte de D. Isaque
Abrabanel são citadas Moura, Vidigueira e
Arraiolos, e é desta data última que D. Isa-
que foge ao mensageiro de D. João II, que
o tinha ido buscar a Vidigueira, com ordem
de o trazer em segurança até à presença de
El-Rei.

Diz Teófilo Braga que o pastor Sancho
da Ecloga Aleixo, de Sá de Miranda é San-
cho Tavares, grande proprietário de Extre-
moz, Sancho conta na Ecloga como tomou
como filho adoptivo o poeta Bernardim.

Vamos ver como êle nos conta ésse caso:

-Numa segunda-feira, em que chuvis-
cava apesar de já não ser Inverno, Sancho
perseguia uma cabra que fugia e viu um


 
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