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N.º 125, Kislev-Tevet 5705 (Nov-Dez 1944)







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rio e govêrno dos Gueonim; o que sucedeu
pelos principios do Século XI. Então é que
começou em nossa Espanha a quarta, es-
cola dos chamados Rabanim, ou Exposi-
tores e mestres universais. Por quanto
guião é que muitos judeus de Babilónia
correndo diversas partidas, vieram fazer
assento nas terras de Espanha; aonde acha-
ram muito abrigo e agasalho entre os seus;
com êles cresceu muito o número das fa-
milías judaicas, que entre nós viviam e
começou de haver abundância de mestres e
doutores entre os judeus, erigíndo-se diver-
sas academias, em que se ensinava a dou-
trina da lei, e do Talmud.

Córdova é a primeira Academia dos
judeus de Espanha; sábios que a fizeram
florescer-A de Córdova foi a primeira e
a mais celebrada de tôda a Espanha e como
centro de todas as outras. Já ela antes se
havia afamado muito desde o ano de 948
pela vinda e magistério de Rabi Mosela um
dos maiores mestres de Pombedita, e de
seu filho Hanoc, ou Enoch Rabi de mui
grande sabedoria, que ali chegaram. Ha-
viam sido êstes dois judeus apresados pelos
corsários e trazidos às costas de Espanha;
os cordoveses os resgataram por caridade
sem ainda então os conhecerem, desco-
briu-se quem êles eram com pasmo de
todos, e havendo isto por grande dita, cria-
ram o Rabi Mosela, juíz da Nação e o le-
vantaram por seu mestre, debaixo de cujo
magistério conseguiram as grandes luzes,
com que brilharam sôbre todos nos Estu-
dos Sagrados. Êste foi o que mais propa-
gou entre os judeus cordoveses os conhe-
cimentos do Talmud. que até ao seu tempo
era menos tratado em nossa Espanha; dêle
o tomaram todos os outros, que depois se
deram entre nós a tais estudos.

Protecção de Hakim Califa de Espa-
nha-Um Principe árabe concorrem então
muito para o progresso da literatura talmú-
dica, e luzimento da Academia de Córdova,
qual foi Hakim Califa de Espanha. Êste
Principe via de mau grado, que os judeus
seus vassalos para se instruírem na lei se
passavam muitas vezes às portas do Oriente,
aonde reinavam os Abanidas, inimigos de
sua casa, que muito lhe haviam destruído:
pelo que estimou grandemente, que viesse
Moreh e que ensinasse o Talmud e poupasse



com isso as frequentes viagens dos judeus a
Bagdad e a Jerusalém e as deputações e
mensagens. que as sinagogas de Espanha
costumavam até então fazer às sinagogas e
escolas do Oriente, que não deixavam de
lhe ser suspeitas e de lhe dar muito ciúme
e cuidado. Por isso querendo Moseh tornar
para sua Pátria, êle o obrigou a ficar em
Córdova.

Começa a escola e a primeira idade
dos Rabanim de Espanha - Falecendo
rabi Moseh no ano do Mundo 4775, de
Cristo 1015 sucedeu-lhe seu discípulo Sa-
muel Hallevi, que os judeus alçaram em
4785, de Cristo 1027 com os titulos de Rab
ou Mestre e de Nagid ou Príncipe em
roda a Espanha. Foi êste o primeiro Rabi
e Gaon, em quem começou no Século XI
a primeira idade dos Rabanim de Espanha,
cuja Escola durou por nove idades.

Aumento dos estudos da Academia dos
judeus de Espanha-Então se adiantaram
ainda mais os estudos de literatura sagrada
entre os judeus espanhóis, pelos cuidados
de seu primeiro Gaon; e então cresceu
mais o esplendor da Academia de Córdova,
das Escolas de Barcelona, de Granada, de
Toledo e outras mais, para o que muito
contribuiram os judeus desterrados de Ba-
bilônia, que vieram à nossa Espanha no
principio daquele século, os quais espalha-
ram novas luzes, maiormente o sábio R. josé
ben Isaac ben Schatues.

Protecção de Haschem Rei de Córdova
-Não concorreu menos para isto Hasohen
filho de Hakim segundo Rei de Córdova, a
quem o judeus costumavam chamar Ascha-
fez, e em quem acharam grande favor e
patrocínio. Êste Príncipe árabe promoveu
muito os progressos da Literatura Tal-
múdica no seu reino, mandando pelo R.
josé ben Schatues traduzir. Traduzir em
Arabigo o Talmud, e explicar tôdas as seis
ordens do Misená, ou fosse curiosidade de
saber o que continha um livro tão gabado
e venerado dos judeus, ou fôsse querer
faze-lo mais vulgar e comum à nação para
arreigar mais os judeus em seus dominios
e os desviar das frequentes peregrinações,
que continuavam a fazer ainda a Jerusalém
e a Bagdad (David Ganz na obra Thse-
mach David ou Descendência de David


 
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