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N.º 125, Kislev-Tevet 5705 (Nov-Dez 1944)







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            JUDAH HALEVI

    POR ISAAC JACOB LOPES MARTINS

De entre a vasta pléíade de judeus hispâ-
nicos cuja contribuição literária mais notá-
vel repercussão teve em sua época e sendo
ainda hoje admirável na sua grandeza, Ju-
dah Halevi (Abu al-Hasan al-Lawi) nascido
em Toledo nos fins do século 10.°, no ano
de 1085/6 é sem dúvida uma das suas mais
brilhantes figuras.

Durante a conquista de Toledo pelo
rei Afonso VI, foi Judah Halevi para Lu-
cena a fim de ser educado pelo Rabi Isaac
Alfazi.

Tempos após, o seu mestre morria e
Halevi com o coração entristecido por tal
perda, compôs a Elegia "Diwan es Abul
Hasan jehuda a-Levy", que podemos con-
siderar as suas primícias literárias.

Depois da morte do Rabi Alfazi. Judah
Halevi foi aluno do Rabí Joseph ibn Migas-
-Baruch Albalia e tornou-se o seu discípulo
mais dilecto.

Entretanto prosseguindo os seus estu-
dos em Toledo, forma-se em medicina,
indo mais tarde exercer clinica em Cór-
dova.

Considerado um dos mais inspirados
poetas hebreus. Halevi dá-nos em páginas
de suprema beleza, os seus Cantos de Sion,
nos quais atinge o ponto culminante do
êxtase divino, e faz renascer o lirismo ju-
daico, descrevendo-nos com acrisolado amor,
a glória e o explendor passados, a tristeza
dum presente duro e cruel e a fé inabalável
no ressurgimento e nas alegrias futuras de
Israel. A sua obra poética ainda continua
e Halevi dá-nos Zion Ha-lo Tisl'ali e Tal
Orot, etc..

Judah Halevi não foi só um poeta admi-
rável, mas também um filósofo de grande
valia, deixando-nos entre outras obras o
Cuzari ou Hauzari, contra o qual mais
tarde se despenhou todo o ódio e fôrça do
Santo Oficio...

...No Cuzari Judah Halevi, faz a apolo-
gia filosófica do judaismo contra as pre-
tenções e deturpações das crenças adver-
sas...

Historia-nos a conversão ao judaismo de
Bugan, Chagan dos chazares, reino formado



por tártaros cuja capital Atel era próxima
da actual Astrakam, nas margens do Volga;
compondo-se o seu território de quási tõda
a Rússia do Sul.

Pelo periodo de 250 anos foi êste reino
judaico dos "Chazares" temido e acatado,
mas no ano de 969 (e. v.) o duque de Kiev
"Sviakoslaw" tomou a capital e obrigou-os
a dispersarem-se formando diversas comu~
nidades no Sudoeste europeu.

Haleví dá-nos neste trabalho em pági-
nas de rara beleza a insofismável afirma-
ção da superioridade do judaismo, exal-
tando as nossas concepções monoteistas e
as suas benéficas influências para a hu-
manídade.

Halevi que como bom judeu mantinha
dentro de si bem viva a imagem da Terra
Prometída, dirigiu-se após a morte de sua
mulher, ainda com o coração estiolado pela
dor, para a Cidade Santa, cantada pelo
nosso rei David e exaltado por tantos ou-
tros, pela sua beleza e grandiosidade onde
morreu pouco depois de 1140.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Nós, jovens síonistas, devemos. como
Judah Halevi fixar os nossos olhos em Sion.
e dar aos nossos actos e pensamentos uma
única finalidade: o ressurgimento da Nação
Judaica.

Longos e penosos séculos de tribula-
ções e rudes provas se apresentaram diante
de nós, não apenas os grandes trabalhos
passados mas muitas mais desgraças, defi-
ciências, enganos e decepções nos hão-de
por certo ainda assoberbar.

De escudo servir-nos-á a nossa fé e von-
tade, de companheiras a constância e previ-
dência que nos caracterizam.

No nosso caminho mil obstáculos se le-
vantam, porém, que importa?

Mantendo-nos unidos e inflexiveis, Deus
nos ajudará a vence-los.

Então a Jerusalém poderosa de outrora
despertará do seu torpor se séculos conce-
dendo-nos dentro das suas muralhas o
repouso e abrigo por tanto tempo ambi-
cionados.


 
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