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N.º 127, Shevat-Adar 5705 (Abr-Jun 1945)







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               HA-LAPID                  3
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No meio dos aplausos o conferente
subiu os degraus, escoltado pelos notáveis
da cidade.

Eliezer reconheceu-o sem hesitação. Êle
parecia bastante jovem. De alta estatura,
cabeleira castanha, tez mate, ele fixava a
sala com seus grandes olhos, que uma
estranha flama iluminava. O seu rosto
era ímberbe. Eliezer notou para si próprio:
porque e que êle tinha tirado a barba e os
bigodes? Contudo, está escrito: "Tu não
mutilarás o rosto que o Eterno te fêz".
Estes bigodes rapados eram uma sombra
no quadro. Um pouco do prestígio do
missionário estava perdido aos olhos de
Eliezer.

O orador falou...

-Escuta com atenção. recomendou o
velho ao seu neto, afim de que em casa tu
possas repetir-me tudo que ele vai dizer.

E o jovem Soussou estendeu as suas
orelhas, abriu muito os seus olhos para
nada perder da palavra do colosso louro.

Êle falou com arrebatamento, com deli-
rio. As suas frases marteladas alargadas
por gestos amplos, comoveram tôda a sala.
E o velho Eliezer aspirava com as suas
grossas narinas peludas estas frases miste-
riosas cuja violência o embriagava.

O conferente combateu, reduziu a nada
as objecções dos inimigos da causa judaica.
Alternativamente, ele empregou a ironia
mordaz, o rigor matemático. Para con-
vencer os cepticos e agitar os indolentes,



ele fêz apêlo ao passado grandioso do
povo de Israel, tirando dali um ensina-
mento, tirando dali uma fé.

Sôbre as cabeças moles dos ouvintes
êle fêz soprar um vento de entusiasmo que
os agitou.

Os aplausos saüdaram a sua magnifica
palestra. E o velho Eliezer misturou a sua
alegria comovida à dos outros; porque
bem que não tivesse nada. oh! mas nada
apanhado das palavras do conferente, pelo
menos tinha-se deleitado-éle, o subtil
talmudista-no choque das ideias, na con-
trovérsia pressentida, nas vibrações das
frases sonoras. Êle tinha esquecido éste
detalhe dos bigodes rapados e não via já
o orador senão atraves duma aura que o
fumo do tabaco contribuia a formar. Era
um profeta ressuscitado dos seculos anti-
gos, um Isaias...

No caminho, o Soussousinho repetia o
melhor possível as palavras do missionário.
E Eliezer pensava que seria doce para ele
ir morrer na Terra Santa afim de que os
seus velhos ossos aí durmam o seu último
sono de se ir embora não só, como tinha
julgado até agora, mas em companhia do
seu neto que iria criar o seu futuro na sua
pátria, reencontrada. E ele já se alegrava
pensando que tôdas as sextas-feiras ao
escurecer, sôbre o seu túmulo o seu neto
viria piedosamente dizer uma hashkabah
(oração pelos mortos) ...

                            RYVEL.

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Judeus em Hadhramaut

(O tipo meridional da Península Árabe)

Um grupo de 233 emigrantes Yemenitas
chegaram à Palestina no dia 20 de Março,
entre os quais vinha uma família de sete
Judeus de Hadhramaut, onde vivem 400
famílias judaicas.

E' tirada do DAVAR do dia 26 de
Março a seguinte descrição dos visitantes
de Hadhramaut: São homens altos, usam
mantos e turbantes brancos, os cabelos
compridos. Têm o aspecto dos Judeus da
antiguidade. Contaram, em puro Hebreu
Bíblico, a história dos seus sofrimentos em
Hadhramaut e as dificuldades que encon-



traram no caminho para a Palestina. O seu
amor a Pátria ancestral e a perseguição
incessante a que está sujeita a tribo de 
Habani. "Durante seis anos, disse o chefe, 
-Yahya Awad Habani-a nossa terra foi
desvastada por uma horrorosa fome, pro-
vocada por uma constante seca. Os Judeus
sofreram o máximo".

"As autoridades locais, disse Yahya
Awah, oprimem os Judeus. Cada dia que
passa põe em perigo tôdas as vidas dos
Judeus, e já foram ameaçados de expulsão!

Os Judeus de Haban têm a crença tra-
dicional de que estarão entre os primeiros
que serão exilados depois da queda do
Segundo Templo. Segundo uma estima-
tiva moderada, existem entre 700 a 800
Judeus em Haban. A maioria estão em-


 
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