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N.º 127, Shevat-Adar 5705 (Abr-Jun 1945)







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Seitas dos Rabbanitas e Karaitas, que rija-
mente se impunhavam, os judeus mais sen-
satos tinham uma mediana entre elas, por-
que nem acolhiam indistintamente tôda a
casta de tradições, nem os rejeitavam abso-
lutamente. Eles antepunham pelo comum
a interpretação Literal da Lei Escrita às
inteligências tradicionais dos Doutores;
mas quando o texto admitia duas interpre-
tações diversas, queriam, que se preferisse
aquela, que se achava apoiado na Tradição
Unânime de uns maiores, e nesta parte
repreendiam os Karaitas por repudiarem
semelhante Tradição, com o pretexto de
ser contrária ao sentido Gramatical das
Escrituras (veja-se Schichard no Bechinat
há Peruschim, pág. 143, Leusden Philal
Hebraeomix. Dinert. XVI pág. 111 e Ricardo
Simão na Histor. critir. do V Test. liv. III,
cap. V, pág. 373).

Esta era a doutrina de Toledano Aben
Esra um dos judeus de maior sabedoria,
que teve a Sinagoga de Espanha no Sé-
culo XII. Não obstante ter sido discípulo
de Japhert Levita Karco, reconhecia no
Comentário ao Pentateuco, que se havia
seguir a Tradição Unânime dos Doutores
em matéria controversa, ou nos luga-
res da Escritura, que admitissem duas
interpretações diversas; ao mesmo tempo.
que fora dêste caso, queria que sem-
pre se antefazesse a interpretação Lite-
ral da Le¡ Escrita às tradições e doutri-
nas dos maiores e se preferisse o estudo
dos Livros Sagrados aos Livros Gemáricos.
(Veja-se a sua obra intitulada jesod Mora
ou Fundamento do Temor).

              CAPÍTULO IV

     Da Escola Nacional dos Judeus
              Portugueses

Da Escola dos Rabbanim foram dis-
cipulos em particular os nossos Judeus
Portugueses nos primeiros tempos da Mo-
narquia; nela iam aprender a Ciência
Biblica, Talmúdica e Rabbinica, em que
fizeram maravilhosos progressos, propa-
gando muito êstes estudos pelas suas Juda-
rias, e Sinagogas, que já desde tempos
antigos haviam levantado por diversas
partes dêste Reino.



Academia de Lisboa-Foi muito no-
meada a Academia, que êles tinham em
Lisboa, que parece haver estado a princípio
no Bairro da Pedreira entre a Igreia do
Carmo e a da Trindade e mudar-se depois
para o Bairro da Conceição. A ela con-
corria um grande número de Judeus Na-
cionais e Estrangeiros; e dela sairam os
maiores Mestres dos Judeus, que tivemos
em tempos passados, e as mais eruditas e
elegantes obras, que então se escreveram
de Literatura Sagrada.

Tolerância dos nossos Príncipes.-
A tolerância, que os Judeus acharam em
nossos Príncipes e o particular favor e
acolhimento, que lhes fizeram os Senhores
Reis D. Afonso II. D. Sancho II. D. Diniz,
D: Pedro I. D. João I. D. Afonso V, e
ainda o Senhor Rei D. João II nos primei-
ros anos de seu govêrno, folgado tempo
lhes deu para poderem trabalhar com
repouso de espirito no estabelecimento de
suas Escolas, e na cultura dos estudos de
sua Lei.

Aumento da Academia de Lisboa com
a vinda dos Judeus de Castela-A Aca-
demia de Lisboa recebeu grande aumento
com a vinda de inumeráveis Judeus de
Espanha a êstes Reinos em diversos tem-
pos, maiormente nos dois Reinados dos
Senhores Reis D. Joãn I e D. João II, por
ocasião das perseguições, que tiveram em
Aragão e Castela, e pela expulsão e des-
têrro de 1942, que depois fulminaram con-
tra êles os Reis Fernando e Isabel. Pode-se
dizer, que desde esta última época até o
ano de 1497, se achava refugiada e domi-
ciliária entre nós a Literatura Talmúdica e
Rabbinica de quási tôda a Espanha, isto é,
a maior parte, não só dos Mestres mais
sábios da Nação, mas também dos Códigos
públicos assim Mss., como impressos da
Sinagoga e de muitos outros particulares
do uso doméstico dos Judeus de tôda a
Espanha.

                        (Continua).
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              VIDA COMUNAL

Celebraram-se na Comunidade do Porto as festi-
vidades de Páscoa e Pentecostes (Shebnoth) na Sina-
goga Kadoorie Mekor Haím, à Rua Guerra Junqueiro.

O pão âzimo (Matsot) distribuído, era de fabri-
cação americana.


 
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