6 HA-LAPID ======================================== MEMÓRIAS da Literatura Sagrada dos judeus portugueses desde os primeiros tempos da Monarquia até fins do Século XV `MEMÓRIA I POR ANTONIO RIBEHIO DOS SANTOS (CONTINUAÇÃO DO N.° 126) Com o mesmo nome os tratou depois Fr. Afonso de Espina da Ordem dos Me- nores Observantes; Judeu converso, e um dos mais sábios homens, que teve a Sina- goga no Século XV, porque no Livro que escreveu intitulado Fortaleza da Fé, con- tando a conversão de muitos dêles no Século XIII na ocasião. em que se dizia haver aparecido sinais de cruz nos vestidos dos Judeus, os denomina Sadduceos, e Hereges (Falando no Século XIII, diz assim: Circa id tempus, in quo appa- ruerunt in vestimentis judaerum signacula Crucis in regno Castellae, ficut infrá dice- tur, secundum quod scripsit Rabi Abraham ben Esra in libro suo, quo Legem glossavit, ones Judaei praedicti Regni (Castellae) er pro mejori parte ia tota Hispania signanter in civitate Burgensi eraut Sadducei, e haeretici. Sicut etiam Scripsit R. Nose Le- gionensis in libro, quem fecit pro reprehen- sione Sadducaerum; quia in Villa Ca- rionensi praedicti regni erant Pharisaei, et Sadducei; sed Saducei habebant majorem potestatem. Nestes tempos é que conta a aparição dos sinais de cruz nos vestidos dos Judeus no Reino de Castela e a sua conversão. Wolfio na Bibl. Hebr. tom. III, pág. 769 falando da conversão dos judeus, por oca- sião dêste facto. entende justamente por Sadduceos os Karaitas Apparitie enim cru- cis in vertimentis Judaeorum, et quoe cum illa conjuncta fuisse fertur Karaerum con- verfio incidit in ann. C. 1295. E cita o mesmo autor da Fortaleza da Fé liv. III. Consid. X art. 9). Assim continuaram na Espanha os Karaitas no Século XIII e tal~ vez ainda nos dois seguintes. A caso concorreu muito para se propa- gar esta Seita o freqüente uso, em que estavam geralmente de escrever em Arábigo (Wolfío Biblioth. Hebr. tômo I, pág. 44). Esta língua sendo então mais vulgar na Espanha do que a Hebraica, de que muito usavam os Rabbanitas, facilitava ainda mais os progressos desta Seita entre os Judeus espanhóis. Porventura que tam- bém se engrossaria o seu partido com muitos, que sucessivamente fossem vindo às nossas terras de outras diversas partes da Europa, onde os havia naqueles tempos em grande quantidade (Os Karaitas habita- ram em tôda a parte, como nota Trigland pág. 110. Urt nulla fars sit mundi vete- rieus cogniti, quo non haet Secta aeque ac judaei Rabbanitae penetruverit. Ainda que o assento principal dos Karaitas foi antiga- mente em Babilónia, no Cairo, em Da- masco, em Bagdad, na Terra Santa, em Alexandria e em Constantinopla, ainda antes que a tornassem os Turcos, todavia eram muitos na Moscóvia, no Grão Ducado de Lituânia, na Polónia, na Itália e noutras partes da Europa, para onde haviam vindo de Constantinopla e de tôda a Turquia (Trigland Diatribe de Secta Karaeorum pág. 114) e donde fàcilmente se podiam passar às Províncias de Espanha. No Século passado conta R. David Neto na segunda parte do Caseri, que escreveu contra êles, que ainda os havia
N.º 127, Shevat-Adar 5705 (Abr-Jun 1945)
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