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N.º 127, Shevat-Adar 5705 (Abr-Jun 1945)







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              MEMÓRIAS

da Literatura Sagrada dos judeus portugueses desde os
primeiros tempos da Monarquia até fins do Século XV

              `MEMÓRIA I

     POR ANTONIO RIBEHIO DOS SANTOS

        (CONTINUAÇÃO DO N.° 126)

Com o mesmo nome os tratou depois
Fr. Afonso de Espina da Ordem dos Me-
nores Observantes; Judeu converso, e um
dos mais sábios homens, que teve a Sina-
goga no Século XV, porque no Livro que
escreveu intitulado Fortaleza da Fé, con-
tando a conversão de muitos dêles no
Século XIII na ocasião. em que se dizia
haver aparecido sinais de cruz nos vestidos
dos Judeus, os denomina Sadduceos, e
Hereges (Falando no Século XIII, diz
assim: Circa id tempus, in quo appa-
ruerunt in vestimentis judaerum signacula
Crucis in regno Castellae, ficut infrá dice-
tur, secundum quod scripsit Rabi Abraham
ben Esra in libro suo, quo Legem glossavit,
ones Judaei praedicti Regni (Castellae) er
pro mejori parte ia tota Hispania signanter
in civitate Burgensi eraut Sadducei, e
haeretici. Sicut etiam Scripsit R. Nose Le-
gionensis in libro, quem fecit pro reprehen-
sione Sadducaerum; quia in Villa Ca-
rionensi praedicti regni erant Pharisaei, et
Sadducei; sed Saducei habebant majorem
potestatem.

Nestes tempos é que conta a aparição
dos sinais de cruz nos vestidos dos Judeus
no Reino de Castela e a sua conversão.
Wolfio na Bibl. Hebr. tom. III, pág. 769
falando da conversão dos judeus, por oca-
sião dêste facto. entende justamente por
Sadduceos os Karaitas Apparitie enim cru-
cis in vertimentis Judaeorum, et quoe cum
illa conjuncta fuisse fertur Karaerum con-
verfio incidit in ann. C. 1295. E cita o
mesmo autor da Fortaleza da Fé liv. III.



Consid. X art. 9). Assim continuaram na
Espanha os Karaitas no Século XIII e tal~
vez ainda nos dois seguintes.

A caso concorreu muito para se propa-
gar esta Seita o freqüente uso, em que
estavam geralmente de escrever em Arábigo
(Wolfío Biblioth. Hebr. tômo I, pág. 44).
Esta língua sendo então mais vulgar na
Espanha do que a Hebraica, de que muito
usavam os Rabbanitas, facilitava ainda
mais os progressos desta Seita entre os
Judeus espanhóis. Porventura que tam-
bém se engrossaria o seu partido com
muitos, que sucessivamente fossem vindo
às nossas terras de outras diversas partes
da Europa, onde os havia naqueles tempos
em grande quantidade (Os Karaitas habita-
ram em tôda a parte, como nota Trigland
pág. 110. Urt nulla fars sit mundi vete-
rieus cogniti, quo non haet Secta aeque ac
judaei Rabbanitae penetruverit. Ainda que
o assento principal dos Karaitas foi antiga-
mente em Babilónia, no Cairo, em Da-
masco, em Bagdad, na Terra Santa, em
Alexandria e em Constantinopla, ainda
antes que a tornassem os Turcos, todavia
eram muitos na Moscóvia, no Grão Ducado
de Lituânia, na Polónia, na Itália e noutras
partes da Europa, para onde haviam vindo
de Constantinopla e de tôda a Turquia
(Trigland Diatribe de Secta Karaeorum
pág. 114) e donde fàcilmente se podiam
passar às Províncias de Espanha.

No Século passado conta R. David
Neto na segunda parte do Caseri, que
escreveu contra êles, que ainda os havia


 
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