2 HA-LAPID ========================================= de ferro em braza, D. Judah, era um dos mais importantes poetas do seu tempo; escreveu em hebraico várias elegias deplo- rando a infeliz sorte dos seus irmãos de fé em Espanha. Das suas poesias são conhe- cidas as seguintes: 1-Elegia começada pelas palavras Yehudah Ve-Israel em versos monorrimos. 2-Elegia que começa pelas palavras El Asher Bará. 3-Elegia sobre as perseguições de 1391 em Sevilha. Andaluzia, Castela, Pro- vença e Aragão. 4 - Poemeto cujo primeiro verso é Yehudah Lo Tinçá, Uberith lo Theh'sheh. 5-Poemeto que começa por Shubi Yehi- dathi Leel H'ai Goali. 6-Poemeto que principia por Omer Be- libi Mar Lenaphshi. 7-Elegia para o dia 9 de Ab (aniversário da destruição do Templo de Jerusalém) que várias Comunidades de Sephardim ainda usam na liturgia desse dia. Este Rabi D. Judah foi autor de um livro de orações penitenciais ao qual deu o nome de NYBY, de Neum Yehudah Ben Yah'ia (Palavras de Judah Ben Yah'ia) e de vários Piutim (canções litúrgicas). D. Judah também poetisava em portu- guês, mas não são conhecidas nenhumas das suas produções; sobre este assunto Gomes Eanes de Azurara na sua Crónica d'El-Rei D. João I, referindo-se à organiza- ção da expedição contra Ceuta, diz ter ouvido muitos boatos, e narra o seguinte: "Outros falavam outras muitas coisas tão desvairadas, que seriam longas de es- crever, porque é determinada na Santa Escritura que onde verdade se esconde, ali se multiplicam muitas más palavras, e como quer que assim estes desvairos e outros muitos havia entre eles, não era porém algum que pudesse certamente nem assim apalpando falar na cidade de Ceuta. sómente quanto achamos que um judeu servidor da rainha D. Filipa, que chama- vam Judá Negro, que era grande trovador segundo as trovas daquele tempo, em uma trova que enviou a um escudeíro do In- fante D. Pedro, que chamavam Martim Afonso d'Atougia, contando-lhes as novas da côrte, disse todas estas coisas que dis- semos e outras muitas, entre as quais no derradeiro pé da quarta trova disse que os mais sizudos entendiam que el-rei ia sobre a cidade de Ceuta, mas isto entendiam que ele não o soubera tanto por nenhum sinal certo que visse, quanto por juizo de astro. lomia de que ele era mui sábio e muito usava." II D. Ghedaliah era inteligente e de bom coração, estudou medicina e astronomia nas quais se notabilízou. Antes dos seus trinta anos El-Rei D. João I nomeou-o fisico da côrte. Como astrólogo, um dos seus primei- ros notáveis trabalhos foi o horoscopo do Infante D. Henrique, onde este Rabi lhe prognosticou um grande e notável futuro. Na sua Crónica da Guiné. Gomes Eanes d'Azurara, refere este horoscopo da forma seguinte: "Porém vos quero aqui escrever como ainda por purgimentode natural influência. este honrado principe se inclinava a estas coisas. E isto é, porque o seu ascendente foi Aries, que é casa de Marte, e é exalta- ção do Sol, e seu senhor está em a XI casa, acompanhado do Sol. E portanto o dito Marte foi em Aquário, que é casa de Saturno, e em casa de Esperança, signi- ficou que este senhor se trabalhasse de conquistas altas e fortes, especialmente de buscar as coisas que eram cobertas aos outros homens, e secretos, segundo a quali- dade de Saturno, em cuja casa ele é. E por ser acompanhado do Sol como disse, e o Sol ser em casa de Júpiter, significou todos seus tratos e conquistas serem lealmente feitas, e a prazer do seu rei e senhor." D. Ghedaliah, por nomeação régia de D. João I, foi o sucessor do Rabi D. Judah Kohen no alto cargo de Rabi-mor de Por- tugal. III A 14 de Agosto de 1433 faleceu D. João I subindo ao trono seu filho D. Duarte sendo o acto de aclamação determinado para o dia seguinte, terça-feira, 19 de Ab de 5193 da Era Hebraica. Quando D. Duarte estava já preparado para a cerimónia D. Gheda- liah chegou-se a ele e pedindo-lhe que
N.º 132, Nissan-Yiar 5706 (Mar-Abr 1946)
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