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N.º 132, Nissan-Yiar 5706 (Mar-Abr 1946)







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 2           HA-LAPID
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de ferro em braza, D. Judah, era um dos
mais importantes poetas do seu tempo;
escreveu em hebraico várias elegias deplo-
rando a infeliz sorte dos seus irmãos de fé
em Espanha. Das suas poesias são conhe-
cidas as seguintes:

1-Elegia começada pelas palavras Yehudah
Ve-Israel em versos monorrimos.

2-Elegia que começa pelas palavras El
Asher Bará.

3-Elegia sobre as perseguições de 1391
em Sevilha. Andaluzia, Castela, Pro-
vença e Aragão.

4 - Poemeto cujo primeiro verso é Yehudah
Lo Tinçá, Uberith lo Theh'sheh.

5-Poemeto que começa por Shubi Yehi-
dathi Leel H'ai Goali.

6-Poemeto que principia por Omer Be-
libi Mar Lenaphshi.

7-Elegia para o dia 9 de Ab (aniversário
da destruição do Templo de Jerusalém)
que várias Comunidades de Sephardim
ainda usam na liturgia desse dia.

Este Rabi D. Judah foi autor de um
livro de orações penitenciais ao qual deu o
nome de NYBY, de Neum Yehudah Ben
Yah'ia (Palavras de Judah Ben Yah'ia) e
de vários Piutim (canções litúrgicas).

D. Judah também poetisava em portu-
guês, mas não são conhecidas nenhumas
das suas produções; sobre este assunto
Gomes Eanes de Azurara na sua Crónica
d'El-Rei D. João I, referindo-se à organiza-
ção da expedição contra Ceuta, diz ter
ouvido muitos boatos, e narra o seguinte:

"Outros falavam outras muitas coisas
tão desvairadas, que seriam longas de es-
crever, porque é determinada na Santa
Escritura que onde verdade se esconde, ali
se multiplicam muitas más palavras, e
como quer que assim estes desvairos e
outros muitos havia entre eles, não era
porém algum que pudesse certamente nem
assim apalpando falar na cidade de Ceuta.
sómente quanto achamos que um judeu
servidor da rainha D. Filipa, que chama-
vam Judá Negro, que era grande trovador
segundo as trovas daquele tempo, em uma
trova que enviou a um escudeíro do In-
fante D. Pedro, que chamavam Martim
Afonso d'Atougia, contando-lhes as novas
da côrte, disse todas estas coisas que dis-
semos e outras muitas, entre as quais no



derradeiro pé da quarta trova disse que os
mais sizudos entendiam que el-rei ia sobre
a cidade de Ceuta, mas isto entendiam que
ele não o soubera tanto por nenhum sinal
certo que visse, quanto por juizo de astro.
lomia de que ele era mui sábio e muito
usava."

                  II

D. Ghedaliah era inteligente e de bom
coração, estudou medicina e astronomia
nas quais se notabilízou. Antes dos seus
trinta anos El-Rei D. João I nomeou-o
fisico da côrte.

Como astrólogo, um dos seus primei-
ros notáveis trabalhos foi o horoscopo do
Infante D. Henrique, onde este Rabi lhe
prognosticou um grande e notável futuro.
Na sua Crónica da Guiné. Gomes Eanes
d'Azurara, refere este horoscopo da forma
seguinte:

"Porém vos quero aqui escrever como
ainda por purgimentode natural influência.
este honrado principe se inclinava a estas
coisas. E isto é, porque o seu ascendente
foi Aries, que é casa de Marte, e é exalta-
ção do Sol, e seu senhor está em a XI casa,
acompanhado do Sol. E portanto o dito
Marte foi em Aquário, que é casa de
Saturno, e em casa de Esperança, signi-
ficou que este senhor se trabalhasse de
conquistas altas e fortes, especialmente de
buscar as coisas que eram cobertas aos
outros homens, e secretos, segundo a quali-
dade de Saturno, em cuja casa ele é. E por
ser acompanhado do Sol como disse, e o
Sol ser em casa de Júpiter, significou todos
seus tratos e conquistas serem lealmente
feitas, e a prazer do seu rei e senhor."

D. Ghedaliah, por nomeação régia de
D. João I, foi o sucessor do Rabi D. Judah
Kohen no alto cargo de Rabi-mor de Por-
tugal.

                 III

A 14 de Agosto de 1433 faleceu D. João I 
subindo ao trono seu filho D. Duarte sendo
o acto de aclamação determinado para o
dia seguinte, terça-feira, 19 de Ab de 5193
da Era Hebraica. Quando D. Duarte estava
já preparado para a cerimónia D. Gheda-
liah chegou-se a ele e pedindo-lhe que


 
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