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N.º 132, Nissan-Yiar 5706 (Mar-Abr 1946)







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N.° 132                        PORTO - Luas de Março e Abril - 5706 (1946 e. v.)                       ANO XX
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Tudo se ilumina                     _______  ___  _______ |=|____  _______                      ...alumia-vos
para aquele que                    |____   ||_  ||  ___  ||____  ||_____  |                   e aponta-vos  o 
busca a luz.                            | |   |_| \_\  | |    / /   _   | |                   caminho.
                                        | |       _____| |   / /   | |  | |
       BEN-ROSH                         |_|      |_______|  /_/    |_|  |_|                          BEN-ROSH

                                                  (HA-LAPID)
                                                   O  FACHO

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DIRECT. E EDITOR: -A. C. DE BARROS BASTO (BEN-ROSH)   ||   COMPOSTO E IMPRESSO NA IMPRENSA MODERNA, L.DA
      Redacção na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim        ||                 Rua da Fábrica, 80
           Rua Guerra Junqueiro, 340 - Porto          || ------------------- P O R T O -------------------
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   D. GHEDALIAH BEN-YAH'IA NEGRO

         (MESTRE GUEDELHA)

      RABI-FÍSICO-ASTRÓLOGO

                POR A. C. DE BARROS BASTO
                         (Ben-Rosh)

                I

D. Ghedaliah Ben-Vah'ia Negro, conhe-
cido nas crónicas portuguesas por Mestre
Guedelha, nasceu em Lisboa entre 1392 a
1400, era tilho de D. Salomão Ben-Yah'ia
Negro, sobrinho de D. Judah Ben-Yah'ia
Negro e neto de D. David Ben-Yah'ia
Negro, que foi tesoureiro de El-Rei D. Fer-
nando I de Portugal e depois Rabi-mor de
Castela, o qual faleceu em Toledo em 1386.

Em 1391 o arcedíago de Ecija, Fernan
Martinez, um padre fanático arrastado mais
pela sua fé do que pela prudência, pregava
contra os judeus e de tal maneira o fazia,
que excitada pelas suas predicas a popula-
ção de Sevilha lançou-se sobre a judaria e
pegou-lhe o fogo (6 de Junho); a metade
da Comunidade pereceu; o resto aceitou o
baptismo. Córdova, Toledo, 70 cidades de
Castela são o teatro de cenas semelhantes.

Em breve o furor dos massacres ganha
o reino de Aragão; a maior parte das Co-
munidades de Valência e da Catalunha são
aniquiladas; os seus membros que o ferro
poupou procuram a salvação na fuga ou
na abjuração. Em Palma, capital de Ma-
iorca 300 judeus foram mortos; os sobre-



viventes conseguiram alcançar as costas
berberescas.

Por causa destes graves tumultos
D. Salomão Ben-Yah'ia Negro e seu irmão
D. Judah Ben-Yah'ia Negro fugiram de
Castela com as suas familias e vieram
para Lisboa.

D. Salomão, o pai de Mestre Guedelha.
foi um dos notáveis da Comunidade de
Lisboa, muito estimado pela sua bondade.
rectidão, respeitabilidade e inteligência,
morreu de velhice e foi enterrado na capi-
tal portuguesa.

D. Judah Negro, irmão mais novo de
D. Salomão e tio de Mestre Guedelha, nas-
ceu em Toledo em meados do século XIV,
foi empregado por muito tempo ao serviço
da rainha D. Filipa de Lencastre, esposa de
D. João I de Portugal e tinha também con-
siderável influência junto do rei. Quando
o fanático dominicano Frei Vicente Ferrer,
que promovia tumultos em Espanha contra
os judeus, pediu a D. João I autorização
para vir a Portugal numa missão de pro-
paganda anti-judaica, El-Rei, a instigações
de D. Judah, mandou-lhe dizer que o seu
requerimento seria deferido com a condi-
ção dele frade pôr na cabeça uma coroa


 
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