N.° 138 PORTO - Luas de Junho, Julho e Agosto - 5707 (1947 e. v.) ANO XXI ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | e aponta-vos o busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | caminho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) O FACHO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECT. E EDITOR: -A. C. DE BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA IMPRENSA MODERNA, L.DA Redacção na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim || Rua da Fábrica, 80 Rua Guerra Junqueiro, 340 - Porto || ------------------- P O R T O ------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Os Judeus na cidade dc Barcelos. POR AMILCAR PAULO (LEVI BEN-HAR) ou o Impedimento para que se não consulte o manuscrito "Titulo dos Judeus que sebatizarão em pé na villa de Barcellos no ano de 1497" Numa casa fidalga do Minho existe uma cópia deste desconhecido manuscrito, que é avaramente guardado. Há alguns anos, diz o Sr. Dr. J. A. Pires de Lima, uma pessoa fez esforços para con- sultar o dito manuscrito, a que a termino- logia local chama Tição. Depois de muitas hesitações, a nobre dama sua possuidora, negou-se a mostra-lo, afirmando categori- camente que ninguém lhe poria a vista em cima. Isto disse-se e escreveu-se. A razão que influi nesta persistente re- cusa, sempre que nova e desditosa tentativa surge, para consultar tão interessante fonte de estudo sobre os judeus de Barcelos, é de muitos sabida, pois corre no público, que a nobre família dos possuidores, re- ceiam, que o manuscrito revele algum en- xerto de cristã-novice, desprezando-os os descendentes, pelo grave defeito de serem pertença do Povo de Israel. É isto bem estranho, nestes tempos em que a legislação portuguesa, reconhece e garante a plena liberdade de consciência a todos os cidadãos; em que existem Israeli- tas em Portugal, ocupando lugares dê des- taque, entre as mais elevadas camadas Sociais e que bem publicamente manifestam as suas origens. Mas se o célebre manuscrito for lançado ao fogo, nem por isso o sangue nobre de Israel, deixará de correr nas veias de alguns barcelenses, o que não é desdouro. E para tirar o pretexto, fazer desaparecer o medo de que se saiba, pelo Tiçãa, que houve judeus em Barcelos que deixaram numerosa e hoje conhecida descendência, ornada até com títulos nobiliárquicos, reproduzo aqui algumas passagens do manuscrito 227 da Biblioteca Municipal do Porto, intitulado: "Traslado de hum Caderno que achei na Caza de João de Sá, e Satomajor o qual papel serrefere a outro escripto e copiado por letra de Gaspar Borges Cujo titulo dizia Livro da Geração dos judeus deentre Douro e Minho dos da Villa de Barcelos donde antigam.te era sua sinagoga aqual: estava na Rua nova em Huũns cazaes que estão por baixo das do Cantinho quando himos por Sima a mão esquerda, e toda aquela Rua era das judeus Como ainda hoje he; e por haver Sinagoga nesta Rua eser da Casa de Aborim tinha um privilegio que lhe concederão as Rels deste Reino..." Este privilégio data do reinado de D. Afonso IV, quando o senhor da casa de Aborim, obrou prodigios na batalha do Sa- lado, ficando aquele fidalgo com o dominio
N.º 138, Tamuz-Elul 5707 (Jun-Ago 1947)
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