HA-LAPID 3 ========================================= os ingleses haverem aderido à politica de não-anexação, proclamada por Wilson, en- tão Presidente dos Estados Unidos. Esta politica aplicava-se também ao caso da Palestina. A segunda possibilidade foi eliminada pelos próprios ingleses, como se pode ver pela correspondência trocada entre o Xerife Hussein, de Meca, e Mc Mahon, alto co- missário do Egipto. Os ingleses escolheram, por conseguinte, a terceira alternativa, publicando, solene- mente, a 2 de Novembro de 1917, a Decla- ração Balfour, na qual manifestam as suas simpatias pelo Movimento Sionista, com- prometendo-se a fazer todo o possivel para facilitar ao povo judeu o estabelecimento de um "Lar Nacional" na Palestina. Desta maneira foi reconhecida, implicitamente, a unidade do povo judeu como nação, e não como entidade religiosa. A Palestina destinava-se, portanto. a ser unicamente o "Lar Nacional" do povo judeu, e estadistas como Lloyd George, então Pri- meiro Ministro, Churchill e o General Smuts, explicaram que se tratava de esta- belecer um Estado judaico. Mr. Bonar Law, Primeiro Ministro de inglaterra em 1920, definia a Declaração Balfour como "a promessa, feita pelos aliados, de resti- tuir ao povo judeu a Palestina". Este compromisso britânico foi endos- sado pelos 52 paises que constituíam a Sociedade das Nações. A Palestina, como outros territórios conquistados, haviam sido postos em regime de mandato pela S. D. N., até esses territórios se tornarem capazes de se manterem por si mesmos. No tocante à Palestina, a S. D. N., pelo art. 2.°, determinou que a potência mandatária teria de facilitar a imigração. para garantir o estabelecimento do "Lar Nacional" judeu. Os judeus declaram-se de acordo com a decisão, com tanto mais entusiasmo, por quanto o mandato ia ser confiado à Ingla- terra, o primeiro país que reconhecera as suas necessidades e a querer corrigir um mal secular infligido a este povo mártir. O Livro Branco-origem do mal presente A despeito de todas as dificuldades levantadas no seu caminho, os judeus fize- ram progredir a Palestina de maneira extraordinária. Os próprios ingleses foram os primeiros a reconhece-lo. Foram as imposições do Livro Branco, em 1939, que vibraram nos judeus o grande golpe, esti- pulando que devia ser refreada a imigração até parar completamente, e proibindo aos judeus a aquisição das terras para coloni- zar, numa área de 82% do território total da Palestina. Os judeus protestaram contra o que consideram uma violação dos seus direitos, e a S. D. N., para a qual apelaram, rejei- tou, em 1939, o Livro Branco, como incom- pativel com o mandato, e que foi repro- vado também por politicos como Churchill, e especialmente, pelo próprio Partido Tra- balhista britânico. Apesar disso, a politica do Livro Branco foi mantida. Ao declarar-se a segunda guerra mun- dial, os judeus suspenderam, imediatamente, a luta contra esta politica, para se coloca- rem ao lado dos aliados. O número de soldados judeus, em todos os exércitos aliados atingiu mais de 1 milhão de homens; a própria Palestina, apesar de pequena, forneceu aos ingleses 30.000 vo- luntários que combateram em todas as frentes. Terminada a guerra, era de supor que a política de pretenso apaziguamento dos árabes perante a ameaça de conflito desa- pareceria. Os judeus esperavam, visto que já po- diam manter-se e governar-se por si mes- mos, que a S. D. N. reconhecesse a inuti- lidade do mandato, permitindo a criação do Estado Judeu independente. Mas não sucedeu assim! Apesar de reprovado por todos os lados, o Livro Branco foi mantido, e, em manifesta oposi- ção às grandes necessidades das massas de deslocados e refugiados, as portas da Pales- tina continuam fechadas. Será de surpreender, portanto, que te- nha deixado de haver tranquilidade na Terra Santa? Grupos dissidentes, tais como o "Irgun Zvai Leumi" e o "Stern", constituíram-se, entretanto, negando-se a colaborar numa política de conciliação, que - dizem eles - provou ser catastrófica para o seu povo. Se as portas da Palestina estivessem abertas, durante a guerra, centenas de mi-
N.º 138, Tamuz-Elul 5707 (Jun-Ago 1947)
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