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N.º 138, Tamuz-Elul 5707 (Jun-Ago 1947)







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 4              HA-LAPID
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lhares de seres humanos, que foram chaci-
nados pelos alemães, teriam escapado ao
morticínio!

Em virtude da resistência armada desses
grupos e do emprego do que se conhece
pela denominação de "métodos terrorisias"
continua a haver desordens na Palestina.

Entretanto, a opinião pública de toda a
parte, especialmente a dos Estados Unidos,
tem-se manifestado a favor de uma Pales-
tina judaica, o que levou agora a Inglaterra
a dirigir-se à O. N. U.

    As principais partes no processo
       perante a ONU: a Inglaterra
            e o Povo Judeu

Tempos houve em que se atribuiu o
arraial de forças militares na Palestina à
necessidade de manter a paz entre judeus
e árabes; hoje, porém, fala-se claramente.

Churchill explica, na Câmara dos Co-
muns, que, para defender o Canal de Suez,
a Ilha de Chipre é tão vantajosa como a
Palestina, e pede, por conseguinte, que os
100.000 soldados ingleses fixados na Pales-
tina sejam transferidos para a Ilha de Chi-
pre. Mas, em vez da transferência dos
soldados, são os refugiados judeus que
tentam entrar na Palestina os transferidos
para os campos daquela ilha.

Bevin é ainda mais explícito. Numa
conversação que teve com um dos diri-
gentes da Agência Hebraica, Sr. Nahum
Goldmann, o Ministro dos Estrangeiros
britânico declarou:

"O que nos pedis é a entrega da chave
da porta mais importante do Próximo
Oriente, o que muito hesito em fazer."

A Palestina é por conseguinte, como se
vê, considerada um importante ponto estra-
tégico para o império britânico.

Por outro lado, os judeus, para os quais
a Palestina é hoje, mais do que nunca, uma
questão vital, pedem que seja satisfeito o
compromisso que os povos do mundo con-
trairam para com eles. Se o aspecto moral
não bastasse, havia agora o fundamento
legal, inequivoco, em que os judeus se
apoiam.

A O. N. U. terá, portanto, que decidir
entre uma questão de direito e de justiça e
o desejo de posse emanado de um grande
império, por motivos de ordem estraté-
gica.



    O problema árabe é um problema
            artificial

O problema árabe na Palestina foi criado_
artificialmente, e contra os próprios inte-
resses do mesmo povo.

No seu prefácio ao livro "A Palestina,
outro Munique" (1), o Dr. António Sérgio
distingue, lucidamente, "que uma coisa é
o interesse do povo árabe, e outra o dos
magnates dos Estados árabes, senhores
feudais de que o povo é vitima".

São estes senhores, fascistas confessos
e colaboradores activos dos nazis durante
a guerra, que se arvoraram em "dirigen-
tes" que não foram, directa nem indirec-
tamente, eleitos pelo povo, "dirigentes"
que ninguém escolheu, que se impuse-
ram, como verdadeiros déspotas, nos paises
árabes.

No decurso de uma das audiências con-
vocadas pela Comissão de Inquérito Anglo-
-Americano, um dos seus componentes,
Mr. Crossman, perguntou a um desses
"dirígentes" donde lhe provinha o direito
de falar em nome dos árabes, e quem o
escolheu ou elegera para tanto... O inter-
pelado respondeu, com frieza e sem titu-
bear, que não fora escolhido por ninguém,
mas que insistia em falar em nome dos
árabes. Para estes "dirigentes" o despo-
tismo é coisa natural.

São estes mesmos senhores que forma-
ram "Comissões Árabes" e criaram a "Liga
Árabe". "A principal, se não a única força
coersiva da "Liga Árabe e uma xenofobia
entranhada e tradicional, dirigida, conforme
as circunstâncias, contra franceses, ingleses
ou judeus" (2).

Como é que a O. N. U., que se negou
a receber no seu gremio como membros,
paises acusados de terem dirigentes fascistas
teria aceite esses Efêndis e Pachás se eles
não fossem protegidos por paises interes-
sados no petróleo de que tais senhores são
detentores?

Em doloroso contraste com os senhores
feudais árabes, vemos o povo árabe vege-
tar, submetido a uma vida desumana, explo-
rado como em parte nenhuma do mundo,
por esses "dirigentes".

(1) V.° "A Palestina, outro Munique?".
(2) V.° "A Palestina, outro Munique?", pág. 15.


 
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