2 HA-LAPID ================================================= A questão da Palestina perante a ONU QUE SERA DECIDIDO? por SYLVIA "O que nos pedis é a entrega da chave da porta mais importante do próximo Oriente, o que muito hesito fazer" BEVIN A O. N. U convocou para uma reunião especial os 54 países que a constituem. O assunto a tratar é de extraordinária importância. Trata-se de uma luta entre o direito e a Justiça, e, como diz o "New York Herald", "a rede dos interesses das grandes potências no Mediterrâneo". Converteu-se uma questão justa e sim- ples, como é a da Palestina, num problema cheio de complicações. A politica, de mis- tura com a estrategia e o petróleo, fez da Palestina um campo de lutas, de tal ma- neira que a Inglaterra se viu obrigada a recorrer à O. N. U. para solucionar a questão. Como a Palestina foi prometida aos Judeus para a criação do seu lar nacional O actual problema da Palestina data desde Outubro de 1914, quando a Turquia, ao colocar-se ao lado dos alemães, decla- rou guerra aos aliados. Foi nesse momento que surgiu a questão do destino da Pales- tina se os ingleses entrassem vitoriosos em Je- rusalém. A Inglaterra tinha três alternativas: 1.° Conservar, segundo as leis da guerra, o território conquistado, incorporando-o no Império; 2.° Ceder a Palestina aos árabes que constituíam a maioria da população.; 3.° Entregar a Palestina aos Sionistas permitindo-lhes assim a realização dos seus planos. A primeira solução não foi possível, por --------------------------------------------- sobre as judiarias de Barcelos, Braga, etc.. A Rua Nova, onde estava situada a judiaria de Barcelos, veio mais tarde a chamar-se Rua dos Lanterneiros, hoje Rua do Infante D. Henrique. A judiaria era fechada por dois portões de ferro, ao toque do sino da oração, na Igreja Matriz de Santa Maria Maior. A Sinagoga estava si- tuada no local onde hoje se ergue a Esta- ção Telégrafo-Postal. Num dos arrabaldes da povoação estava o cemitério judaico, cujo local se não pode já identificar. O dito manuscrito cita, entre outros, os seguintes judeus naturais de Barcelos ou de aí descendentes. Madame Thomas, cuja filha foi presa e queimada pela lnquisição, com 80 anos de idade, a qual se chamava Leonor Nunes. Uma irmã de nome Guiomar Nunes, casou com Jerónimo Saraiva de Mesão-Frio, ten- deiro em Barcelos. A esta familia estava ligado o avô da mulher de Pedro Saraiva, médico em Braga. Salvador Saraiva, advogado em Barcelos, casado com Catarina Gomes, natural de Vila do Conde e sogra do médico Simão Pereira. Manuel de Barros, abade de Cambezes, junto a Monção, foi preso pelo Santo Ofí- cio por Erros de Fé. Inquirida uma teste- munha, Alfredo da Silva, de 60 anos, depôs que Manuel de Barros, era filho de uma judia de Barcelos. No auto-de-fé que se realizou em Lisboa, no ano de 1596, foi queimado o médico Tomas Nunes, que tinha familia em Bar- celos. Tomé Nunes, médico, queimado em Lisboa, "disputou, diz o citado manuscrito, com os Inquisidores sobre a Biblia erecti- camente, e confeçou matar muitos Abades, Frades e Freiras maliciosamente, por serem bons Christaons". Descreve ainda o mesmo manuscrito o caso da tendeira Leonor Dias conhecida pela alcunha de a "judia de Fam", natural da Vila de Mogadouro, donde fugira, vindo amancebar-se com o abade de Cristelo. Refere-se o curioso manuscrito, a muitos outros judeus, médicos e advogados, origi- nários de Barcelos. E também numerosa a relação de judeus barcelenses perseguidos pela Inquisição.
N.º 138, Tamuz-Elul 5707 (Jun-Ago 1947)
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