HA-LAPID 5 ======================================== Não advirá qualquer "melhoria da con- dição miserável dos árabes, pelo facto de um novo governo ir engrossar o número dos governos árabes já existentes em quan- tidade. Também não lhes trará qualquer beneficio a proclamação de mais um rei, a acrescentar aos outros. A melhoria de vida do povo árabe só pode conseguir-se com o aumento do seu bem estar e da sua consciência cívica e social. Ora, graças à imaginação judaica, esse fenómeno já se produziu. A mortalidade da criança árabe desceu a 30 %. Em 1920, havia na Palestina 244 esco- las árabes; hoje o seu número ascende a 770 e o de alunos quadruplicou. A população árabe, aliás, aumentou sen- sivelmente, de cerca de 500.000 indivíduos, depois da primeira guerra mundial, para mais de 1 milhão, também devido à afluên- cia de árabes dos povos vizinhos, atraídos pelo bem estar que disfrutam na Palestina. Mac Donald então secretário de Estado das Colônias, declarou, em Novembro de 1938, na Câmara dos Comuns: "...se não imigrasse um único judeu para a Palestina, depois de 1918, a população não teria aumentado, como era de regra, sob o domí- nio turco". E acrescentara: "Deve-se ao facto de os judeus levarem para a Pales- tina, serviços de saúde e higiene, bem como outros beneficios, muitos homens e muitas crianças árabes estarem hoje vivas; assim as crianças árabes puderam nascer e crescer". Um agricultor (felá) árabe-65 % dos árabes emprega-se na agricultura-ganha, na Palestina, 4 vezes o que recebe um campónio árabe no Egipto; um operário árabe, na Palestina, ganha 800 % mais do que um trabalhador no Iraque. A imigração judaica levou para a Pales- tina o progresso e a civilização de que disfrutam hoje as massas árabes, as quais, tornando-se conscientes da sua situação, procuram libertar-se do jugo escravizado que os oprime. Ora, é isto que vai contra os interesses dos grandes senhores feudais árabes; é isto que se encontra na origem do ódio que tais personagens votam aos colonos que levaram para a Palestina a civilização e o Progresso. Que decidirá a ONU? Para os povos que se não interessam pela Palestina sob o ponto de vista político e estratégico. etc., a questão não mudou. Reconheceram aqueles, em 1922, os direitos históricos do povo judeu à Palestina e a ne- cessidade deste ter um Estado independente. Mas, hoje, essa necessidade ainda é maior, em virtude de um importante factor: cerca de 700.000 judeus, presentemente fi- xados na Palestina, transformaram o aspecto do pais, desenvolvendo a agricultura e a ins- trução, fomentando o comércio e a indústria. Por sua vez a O. N. U., instituição que se baseia na moral e na justiça e quer man- ter a paz, só pode inspirar-se em princípios e orientar-se por considerações de equidade. A decisão da O. N. U. só pode vir, portanto, confirmar a atitude assumida pelos povos civilizados, em 1920. É, sobretudo, a imprensa americana que insiste numa solução pró-hebraica. Nesta ordem de ideias todos os jornais de Hearst apoiam absolutamente, este ponto de vista. Num artigo de fundo publicado por todos os periódicos da referida asso- ciação de imprensa: "impõe-se que o Presidente Truman dê instruções à nossa delegação na O. N. U., para se tomar a iniciativa. baseada na polftica tradicional dos Estados Unidos de apoiar as aspirações tradicionais hebraicas". Por sua vez. o New York Post escreve: "Se a presente sessão da O. N. U. ter- minar sem que se adopte um programa minimo de justiça para os judeus, em rela- ção à Palestina a Organização das Nações Unidas terá entrado no mesmo caminho da bancarrota moral por que enveredou a S. D. N. a quando do caso da Etiópia". Nesta sessão, porém, não será ainda tomada qualquer decisão. Primeiramente deve sair eleita uma Comissão de Inqué- rito, desta vez internacional, cuja missão será averiguar a verdade do caso e apre- sentar o respectivo relatório na próxima assembleia geral do organismo em referência. É de supor que, tanto os ingleses, como os judeus e os árabes, não façam parte da Comissão de Inquérito, nem tenham voz activa no caso, durante as sessões das assembleias, visto serem interessados direc- tos na questão da Palestina.-SYLVIA. Do Sol - Lisboa, 13-5-1947.
N.º 138, Tamuz-Elul 5707 (Jun-Ago 1947)
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