6 HA-LAPID ========================================= PARA ONDE VAMOS... Amanhã venceremos! O Céu assim o promete, desde tempos Biblicos nós temos visto os nossos opressores desmembra- rem-se e os seus restos serem cobertos pela poeira dos Tempos... Deixo embalar a minha alma angustiada na última ilusão que lhe resta, na ilusão que tu irmão saberás no momento oportuno preencher a vaga do que caiu, de que tu Amigo saberás continuar a luta e proteger a vida do que resta do nosso Povo. Nesta hora solene de grande aflição, vou revivendo os tristes. mas saudosos dias em que tu Sionista Amigo lutavas contra a barbarie nazi, defendendo o teu país de nascimento, e eras então na boca dos demais "UM PATRIOTA"... Mas esse tempo passou... Ainda não é o som cavo das enxadas ou o grito estri- dente das máquinas que anuncia paz e tra- balho... antes pelo contrário... A Paz porque morreram milhões de seres foi vendida, traída e espezinhada... Escuta agora tu. óh Amigo! que tantos campos conheceste, de Belsen até Varsó- via... que representou para ti o dia V?... apenas uma mudança de uniformes... a mentalidade dos carrascos é a mesma... Não morres na câmara de gás... mas morres de inacção... não morres de tor- tura fisica, mas morres de desespero... Ainda por certo de vez em quando te vêm à memória aqueles discursos de certos "leaders", que vertiam lágrimas de cro- codilo pelo nosso Povo... Recordas ainda as promessas formais da nossa indepen- dência, dos nossos direitos... Recordas-te tão bem como eu disso tudo... mas agora sabes igualmente que apenas fomos o cartaz de propaganda que serviu para esconder a forma mais odienta de rapa- cidade e imperalismo existente. Agora que nada podemos ignorar dos verdadeiros fins da potência mandatária, permite-me que te dê uns conselhos ami- gos, ditados pelo amor que dedico a Erez de Israel, que como tu, quero que seja a nossa Pátria... Sabe perceber a tempo, e em tempo desviar as insidias que te esperam; sabe também impávido enfrenta-las com aquela bravura, com aquela astúcia que nunca faltam aos nossos irmãos de Israel, e se for preciso, com os pés firmes no chão e a respiração suspensa, possas tu aguentar firme como um rochedo, a vaga dos vân- dalos senis, que procuram afogar o nosso Ideal de Liberdade. E quando tudo: perícia, bravura astúcia e firmeza de nada servirem e fores obrigado a recuar... Não esqueças de que agora és terrorista só porque defendes o teu Povo, o teu lar, a tua crença... só porque não te deixas vender como um escravo... Então, que a tua alma se feche e não deixes penetrar em ti a dúvida que envenena as almas. Sê forte... Não deixes atraiçoar os teus principios, e lembra-te de que quando surge uma desesperança o judeu espera... As tuas pupilas dilatadas, perscrutarão nas profundas trevas do caos, mas teima e acabarás por descobrir o apagado trilho da estrada que conduz à liberdade... No entanto sê cuidadoso, talvez algum perigo esteja à tua espera. Não deixes inexplorado uem um palmo de terreno... Vela por ti, pelos Teus... pela Pátria que ha-de ser nossa... pela Humanidade inteira... isto é a tua missão Sionista Amigo... Que teus ouvidos estejam sempre alerta, ao mais leve sussurro, qualquer que seja a sua natureza, tua inteligência e condição de explica-lo quando for preciso. Confiança Amigo! A hora final chegou! Chegou aquele instante vital em que cada um de nós tem de seguir o seu destino e, talvez, para nunca mais nos encontrarmos Mas a Terra chama por nós, ansiosa por oferecer o Lar em tempos remotos per- dido... Tu iniciarás brevemente a interrompida marcha para Sion, trilhando estradas vin- das de todos os pontos do globo... vendo ao longe o alvorecer duma nova vida de paz e prosperidade... para ti... ou talvez só para os teus... Recomeçarás as tuas façanhas heróicas, de cabeça erguida e pernas firmes, para simbolizar a posse de dominio. Lutarás novamente pelo ideal sagrado da liberdade humana, levarás o facho sagrado que nos confiaram os nossos maiores, aceso pela terra inteira, indicando a estrada da Con-
N.º 138, Tamuz-Elul 5707 (Jun-Ago 1947)
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